Sem reformas, sinais de melhoria não persistirão. Porque empresários e o povo brasileiro são tão passivos e complacentes com a má política??(O Globo)
Sem reformas, sinais de melhoria não persistirão
Não se deve confiar na imagem inspirada no senso comum de que a economia chega ao fundo do poço e volta. Nem sempre, como tem demonstrado a Venezuela. Há alguns dias publiquei um artigo do Benjamin Steinbruch onde ele dizia: “Índices de mais de 300% ao ano para crédito ao consumo e de 70% ao ano para empresas, em média, são anomalias insuportáveis". Todos sabemos que esta é a principal causa da derrocada do governo petista, que foi combater recessão com alta de juros, os maiores do mundo, impostos e insumos. No caso dos estados, além de gastarem mal, não suportam pagar a Taxa básica ( uma das maiores do mundo) e o mesmo vale para as cidades, o que ocasiona uma avalanche de adiamentos e não pagamento de contas, atingindo em cheio o setor produtivo já combalido. Resumindo, só banqueiros e/ou agiotas estão ganhando dinheiro neste país da fantasia. A cada dia que passa, milhares de pessoas perdem seu emprego e realimentam o ciclo e tudo isto em função da falta de reformas, única maneira viável de se reduzir a taxa básica e lógico, temos que fiscalizar e obrigar os bancos a mostrarem o porquê dos seus inexplicáveis Spreads e aumentos de tarifas sem nenhum controle por parte do governo. Digo e repito: Se os Spreads fossem resultado da inadimplência, impostos e compulsório os bancos não teriam ganho quase RS$600B de lucro na era Petista e não é por competência, pois no mundo bancos estão sobrevivendo com juros negativos. Ou fazemos reformas na constituição e reformas estruturais ou como dito neste editorial, o resultado vai ser catastrófico.
por EDITORIAL
É sempre perigoso aplicar a assuntos complexos receitas simples do senso comum. Uma delas é que “tudo o que cai sobe”. Nem sempre, quando se trata do ambiente econômico.
O economista e ministro Mário Henrique Simonsen costumava dizer que em economia não existe fundo do poço, porque, em algumas circunstâncias, ele desce junto. A depender da crise, o poço também afunda.
O exemplo do momento é a Venezuela, onde o delirante projeto bolivariano do “Socialismo do Século XXI” desorganizou de tal maneira o país que, mesmo tendo uma das maiores reservas mundiais de petróleo, ele naufraga numa crise humanitária de dimensões haitianas.
Não se pode garantir, portanto, que, depois de dois anos de recessões históricas, acima de 3% anuais de queda de PIB, o Brasil está condenado a se recuperar de maneira firme a partir do final deste ano/início de 2017.
Sinais positivos existem — aqueles que sinalizariam a chegada ao “fundo poço”. Como já ocorreu várias vezes, a economia brasileira reage de forma rápida pelo setor externo, depois de grandes desvalorizações cambiais. Este ajuste impressiona, também auxiliado por um fato negativo: a recessão e seu efeito no corte de importações. O saldo positivo na balança comercial, no primeiro semestre, de US$ 23,6 bilhões, é recorde, por exemplo. Confirma-se, então, que, no front externo, não há mesmo o que temer.
Mas esta não é uma crise no figurino brasileiro clássico. Não eclodiu porque a economia esgotou a capacidade de pagar compromissos externos. Ao contrário, tanto que há nas reservas mais de US$ 300 bilhões. O Brasil de Lula e Dilma quebrou foi em moeda nacional, com a irresponsável administração fiscal da presidente, motivo do pedido de seu impeachment.
Se no passado o governo precisava se tornar solvente em dólar, hoje ele necessita fazer o mesmo com relação ao real, à sua dívida interna, em marcha batida para atingir 80% do PIB. Para a economia brasileira, um dos últimos estágios em direção à insolvência na dívida interna.
Não se sai desta turbulência viajando a Washington, Nova York ou Londres. Desta vez, a solução está com os próprios brasileiros: Executivo e Legislativo. Hoje, mais com este.
Estimativas feitas por departamentos de análises de instituições financeiras já apontam para novos ares. O Relatório Focus, do Banco Central, atualizado semanalmente com base nessas projeções, tem projetado algum crescimento do PIB em 2017.
Mas expectativa positiva, por si só, não resolve. Ou seja, o governo interino de Michel Temer tem de encaminhar ao Congresso as reformas sem as quais o Brasil continuará no atoleiro: previdenciária, orçamentária a e na legislação trabalhista. Para começar.
Entende-se que o Planalto de Michel Temer transita sobre uma camada fina de gelo, porque ainda necessita que o impeachment de Dilma seja finalmente aprovado, o que se prevê para o final de agosto.
Mas comprometer mais ainda o equilíbrio fiscal — como no trem da alegria dos reajustes do funcionalismo — é como queimar a ponte à frente da travessia. O problema se expressa nos números da meta fiscal. Os R$ 139 bilhões para 2017 ainda são muito elevados. Há vários aspectos da atual conjuntura econômica que apontam para a recuperação. Porém, sem as reformas, volta-se ao tempo dos “voos de galinha”.