Será que existe rua errada? Nunca vi placas informando: “RUA ERRADA”
Sabe aquelas lembranças que o Facebook te traz? Pois é! Lembrou-me outro dia sobre um comentário ácido que fiz sobre uma reportagem compartilhada por um contato, já um pouco antiga, porém de assunto atualíssimo que poderia ter acontecido hoje, onde dizia: “(…) motorista seguiu o GPS e pegou um retorno errado (…) suspeitos dispararam inúmeros tiros, um deles alvejou sua cabeça e o matou. Esposa e sua filha, que também estavam no veículo, presenciaram o incidente (…)”. É o tipo de notícia que infelizmente não tem se tornado assunto do passado e continua nos sendo entregue a cada vez com mais naturalidade, relativizada, e a cada vez mais de forma a responsabilizar a vítima.
Meu Deus! Vamos parar com isso! Não existe “rua errada”, “caminho errado”, “retorno errado”, “motorista que pega caminho errado”, ou outras situações que deveriam ser o direito do cidadão, “erradas”! E quem atirou não foi o suspeito, até porque a vitima não está suspeita de baleada nem suspeita de morta! E crime é crime, não um mero “incidente”!
O que, de fato, já existe e persiste é um país em que de tanto dar errado e fazerem apologia ao errado, o certo já está sendo tachado de errado e o errado prevalecendo sobre o certo.
E daí que ele tenha se equivocado? E daí que o GPS sugeriu ir por essa ou aquela rua? E daí que ele não conheça o lugar por onde trafega? Não é o lugar que está errado! Não é a rua que está errada! Não é o GPS que está errado! Errado é acontecer a barbárie que foi relatada no fragmento acima!
É uma pena que eu tenha que ler ou ouvir novamente esse tipo de declaração onde é transferida para a vítima parte da culpa que não seria dela, como se ela, de certa forma, estivesse sendo punida. A vítima estava exercendo o seu direito de ir e vir, como todo cidadão de um país que declara que seus cidadãos são livres para isso.
O que está errado é termos que abdicar desse direito ou sermos punidos por exercê-lo.
Infelizmente estamos vivendo um momento caótico em que esses incidentes frequentemente acontecem, motivados por uma estrutura corrompida e errada onde vemos a impunidade imperar. Coisa que vem de longe e que sempre fechamos nossos olhos, desde que não aconteça conosco.
Precisamos nos policiar para não nos referenciarmos erroneamente e cada vez mais afundarmos nesse abismo escuro e obscurante.
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” ― Rui Barbosa
José Moraes é graduado Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Unicesumar e trabalha com tecnologia desde a década de 80. No momento atua como prestador de serviços de manutenção em computadores, implantação de sistemas e outros serviços afins.
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6 aInfelizmente a visão sob esta ótica ainda é obscura para muitos, o exposto esta entre as formas mais banais e perigosas de inversão de valores.