Será que o Brasil e os brasileiros estão preparados para a Indústria 4.0?

Será que o Brasil e os brasileiros estão preparados para a Indústria 4.0?

A quarta revolução industrial já é uma realidade e empresas de todo o planeta correm contra o tempo para entrar na era da chamada Indústria 4.0., nome dado à nova lógica de produção que nasceu na Alemanha, em 2011, e deu início ao processo de digitalização da operação industrial.

Em que estágio o Brasil encontra-se nesse movimento? 

Segundo pesquisa realizada pela FIESP, em parceria com o Senai/SP, para análise de 227 empresas, 32% dos entrevistados não conheciam ou tinham ouvido falar em quarta revolução industrial, Indústria 4.0 ou manufatura avançada, nomes diferentes para a mesma mudança na forma de produzir.

Somente 41% das indústrias responderam dizendo que utilizam a filosofia lean... essa foi uma das primeiras perguntas da pesquisa sobre a utilização do lean manufacturing - sistema de produção enxuta e um pré-requisito importante para a Indústria 4.0.

Uma outra pesquisa, ainda mais abrangente, encomendada pela CNI, feita com 753 empresas de dez setores (aeroespacial, agroindustrial, automotivo, bens de consumo, farmacêutico, insumos básicos, petróleo e gás, química e tecnologias da informação e comunicação) identificou que, hoje, apenas 1,6% das indústrias brasileiras produz utilizando a nova tecnologia 4.0. Porém a expectativa é positiva. Espera-se um crescimento para 23,9% até 2027.

A pesquisa da CNI apontou, também, quais são os setores que já operam na modelo 4.0 e o automotivo está na liderança com 2,9%, seguido por bens de consumo (2,0%) e agroindústria (1,8%).

Segundo pesquisa CNI os setores da indústria brasileira que mais apostam na dominância da tecnologia até 2027 são: Bens de Capital, Agroindústria e Automotivo.

A indústria nacional precisa, mais do que depressa, recuperar o tempo perdido e tomar as ações necessárias em termos de investimento, infraestrutura, tecnologia e inovação, entre outros, para inserir definitivamente o setor dentro desta nova realidade mundial.

Está claro que o Brasil entrou tardiamente na discussão da Indústria 4.0, que chegou há tempos nos países desenvolvidos. Fomos prejudicados pelo momento de crise econômica dos últimos anos, que desviou nossa atenção para questões de curto prazo e conjunturais.

Implementar uma agenda orientada ao desenvolvimento de novas competências com mudanças estruturais, executadas no âmbito do governo e das empresas, é fundamental para a construção de uma indústria brasileira inovadora, globalmente competitiva e sustentável.

Ainda há tempo das empresas brasileiras se inserirem na 4ª revolução industrial!

Apesar de todos os problemas, o Brasil continua sendo um país repleto de oportunidades e desperta o interesse de investidores ávidos pela sua recuperação e, consequentemente, pelos seus mais de 200 milhões de potenciais consumidores.

Voltando à pergunta que deu origem a este artigo, qual sua opinião? O Brasil e os brasileiros estão preparados para essa transformação?  

SOBRE O AUTOR

Rodrigo Portes – Sou graduado em engenharia elétrica pela FEI, MBA Executivo em Marketing pela ESPM, com especialização em gerência executiva de vendas e gestão estratégica de negócios pela FGV. Tenho mais de 23 anos de experiência em vendas, desenvolvimento de negócios e gestão de P&L, atuando em posições de liderança em empresas multinacionais dos segmentos de automação industrial, energia, máquinas e equipamentos. Contato: 11 98111-8912.

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Henrique Croisfelts

Gestão humanizada focada em resultados.

6 a

Rodrigo, você é um otimista! Que bom! Me dá dor de estômago ver a triste de realidade: não estamos preparados! Pior do que isto, há um forte discurso "liberal" de abertura, ainda mais, do mercado, sem dar a devida atenção para o fato de que "despreparado" não dá pra querer competir. As medidas brasileiras tomadas desde os anos 1980 vêm nos deixando cada vez mais reféns de nossa incompetência.  Nosso histórico foi o de simplesmente abrir o mercado sem ter nenhuma exigência e a participação de nossa indústria no PIB caiu de 25% nos anos 1980 para menos de 11% em 2017.  Abrir o mercado sem ter como concorrer significa comprar do outro com valor agregado e vender a matéria-prima a preço de banana, mantendo o ciclo de atraso. Entendo que abrir o mercado como a Coréia do Sul fez nos anos 1970 (em que eram piores do que o Brasil), junto com um elevado investimento em educação e infra-estrutura (não dá pra ter um Estado Mínimo para ter isso, concorda?) possa significar um caminho para a valorização de todo o desenvolvimento que já vem ocorrendo nas Universidades. Temos acesso a informação e excelentes profissionais. Nossa academia está bem desenvolvida, só faltam parceiros para a aplicação, até porque nossa indústria é pequena e atrasada. Penso que em vez de simplesmente abrir o mercado, o governo, com um papel estratégico, deveria investir pesado no desenvolvimento das pequenas empresas, onde o processo de tomada de decisão é muito mais rápido! Parabéns por novamente trazer temas relevantes para o debate! Grande abraço!

Evandro Rosa

Gestão da área de PCPM | Inventário | Supply Chain | S&OP | Planejamento de Demanda | Logística | Materiais.

6 a

Excelente artigo. Na minha visão o Brasil não está preparado para essa transformação, como podemos ver no artigo temos apenas 2% de industria utilizando este modelo de Gestão ou Manufatura e a previsão é que em 2027 iremos chegar em 24%.Com certeza existem milhões de oportunidades no Brasil mas, infelizmente estamos muito atrasados nesses processo.Os Brasileiros na sua grande maioria não estão preparados mas por outro lado vejo muitas pessoas e empresas se interessando pelo assunto.

Joseffer Wellington

Engenheiro de Produção | Pós-Graduação em Engenharia de Operações Industriais | Técnico de manutenção

6 a

Excelente artigo.

Elisa Fagundes

Gerencia Industrial/Gerencia/ Coordenação de Produção e Qualidade

6 a

As mudanças são inevitáveis. excelente artigo. ( compartilho)

Engenheiro/Professor Carlos Henrique Silva

Mestrando Profissional em Ensino de Física pela UFSC; Engenheiro de Produção Mecânica pela UERJ; Especialista em Engenharia de Produção e Gerenciamento de Projetos, Administração e Análise de Dados.

6 a

Tem empresa que mal aplica um 5S básico ou monta indicador pra inglês ver ou melhor, pessoas que mal sabe arrumar sua cama ou banheiro de casa fazem um Green Belt teórico sem se quer conhecer o chão de fábrica...ai fica a reflexão? Estamos preparados mesmo com a casa mal arrumada?

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