SERÁ QUE O VAREJO VAI MORRER?

SERÁ QUE O VAREJO VAI MORRER?

Sim, ele vai! Mas calma, ele vai morrer sim, mas somente da maneira como o conhecemos nos dias de hoje. Já sabemos que desde o surgimento dos primeiros armazéns e ao longo de mais de três séculos, esse segmento passa por uma verdadeira revolução. 

Tudo começou com o declínio das vendas ‘em balcão’. Você se lembra disso? Os consumidores passaram a escolher seus produtos sozinhos e diretamente nas gôndolas. Então surgiu o ‘autosserviço’ - modelo que chegou aos Estados Unidos nos anos 20 e o sistema se popularizou durante a depressão econômica de 1929. Já no Brasil, o processo iniciou por volta de 1950, quando os supermercadistas passaram a adotar esse método. Mas os demais segmentos do varejo despertaram para a mudança somente perto de 1980 e era comum vermos a resistência dos consumidores diante daquela novidade.

Agora é a vez da ‘tecnologia’ transformar a famosa relação entre vendedores e consumidores. No Brasil, desde o ano 2000, quando os brasileiros passaram a ter acesso à internet rápida, a fronteira entre as lojas físicas e virtuais se tornou cada vez mais tênue e essa evolução do varejo aconteceu bem mais rápido do que um dia imaginamos.

Temos como prelúdio dessa fase os mercados desenvolvidos, onde tem sido comum o fechamento de lojas físicas e o declínio do varejo tradicional. Gigantes como as americanas Walmart e Macy’s e a Marks and Spencer no Reino Unido foram forçadas a fechar suas lojas em meio à queda nas vendas provocadas pelas lojas e-commerce. Também nos Estados Unidos, temos acompanhado a Toys ‘R’ Us fechando suas operações. Se você pensa ser uma consequência da recessão, está totalmente equivocado, pois índices demonstram exatamente o contrário. O varejo americano cresce em média 4% no ano de 2018, com perspectivas de ampliar ainda mais este índice até o final do período.

As vendas e-commerce também seguirão essa linha de inovação e logo veremos o tradicional modelo de vendas serem substituídos pelo “Novo Varejo” que integrará vendas on-line, off-line, logística e gestão de dados em uma única cadeia de valor. 

Aonde quero chegar com tudo isso? Concluo que o segmento vai se transformar ainda mais e será bem mais rápido do que vocês todos imaginam. Aqui no Brasil já temos ‘cases’ de marcas que utilizam a integração da plataforma de vendas on-line com a off-line. Marcas como “Reserva” já trazem este novo conceito para os nossos dias, onde é possível visitarmos uma loja física, escolhermos e provarmos uma peça de roupa e comprá-la. A diferença ficará por conta de que não levaremos o produto conosco na sacola, mas ele será entregue com toda comodidade no endereço da nossa escolha. Essa inovação, além de conforto e praticidade para o cliente, traz benefícios para a loja também, que não precisará, por exemplo, manter grandes quantidades de produtos em seu estoque para ter um bom desempenho nas vendas, reduzirá o volume de produtos descontinuados e diminuirá custos como o gerenciamento de estoque e a gestão de uma equipe maior de colaboradores para os atendimentos. 

Temos ainda o “case” Amaro, marca de moda feminina e-commerce que foi concebida como loja on-line e que caminhou para o mundo físico, mas não como uma loja tradicional, e sim como um “Guide Shops”(Guia de Compras). A loja possui um ambiente altamente moderno e se mostra imponente no quesito tecnologia, ostenta computadores Apple de última geração e grandes telões por toda a loja. Mas qual será o propósito de tudo isso?

A ideia principal está em gerar “conhecimento de marca” e “experiência de compra”, uma vez que no ambiente físico os clientes podem ter a possibilidade de tocar fisicamente as roupas, sentir a textura dos tecidos, observar a qualidade da costura e fazer a escolha das cores e seguir a um provador se assim desejar. E quem quiser adquirir alguma peça deverá se dirigir a um dos computadores ou tablets instalados na própria loja para finalizar a sua compra, ao invés de se dirigir ao caixa. Sem dúvida alguma podemos dizer que a Amaro representa a ‘verdadeira personificação da atuação Omni Channel’ mais uma novidade e uma forte tendência do varejo, que se baseia na convergência de todos os tipos de canais em uma única plataforma.  O objetivo é que através deste formato, o consumidor não verá diferenças entre o mundo on-line e o off-line, pois é completamente focada na experiência do consumidor nos canais existentes de uma determinada marca.

Temos vários outros exemplos extraordinários, mas não poderia deixar de mencionar neste artigo a Amazon que  inaugurou o seu ‘supermercado do futuro’ a Amazon Go, onde não há atendentes e nem a necessidade de passar as compras por um caixa da loja. Parece estranho? Mas é isso mesmo! Basta ter o aplicativo da Amazon Goinstalado e retirar a mercadoria da prateleira. Através de um sistema de (muitas) câmeras e QR Codes,APPidentifica quando o produto é retirado da gôndola pelo cliente e automaticamente ele é adicionado em sua lista de compras. O valor é automaticamente cobrado no cartão de crédito do cliente, no momento em que ele passa pelos sensores de saída da loja.

 “Não serão nem os mais fortes nem os mais inteligentes que sobreviverão, mas sim aqueles mais adaptáveis às mudanças” Charles Darwin

De fato as mudanças serão muitas, mas não se assuste porque o varejo não vai morrer. Ele se transformará de forma significativa e se você que lê este artigo agora for um varejista ou atuar de alguma forma no segmento, sugiro que comece a se movimentar, pois as mudanças serão inevitáveis e irreversíveis. 

Alexandre Hashiguchi

Wedja Mascena

Gerente de Planejamento e S&OP | GrandVision by Fototica

6 a

Excelente texto Alexandre! Essa transformação é latente e a adaptação é urgente! Posso compartilhar?

Sérgio Carreira

Representante de vendas na ROVITEX

6 a

O Darwinismo está atingindo em cheio o varejo despreparado

Fabio Herrera Pacheco

Gerente Geral Empresas | Business Itaú 🏙️ Ituber 🧡💙 Profissional mercado financeiro com gestão de equipes | Bancos | Cooperativas de Crédito

6 a

Já está nessa transição

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