Ser mulher, estar no mercado de trabalho e manter os cuidados domésticos é um desafio.
Ser mulher, estar no mercado de trabalho e manter os cuidados domésticos é um desafio. Ainda mais em momentos de crise, como o atual. As mulheres, mesmo sendo a maioria em idade para trabalhar (52%), são a minoria no mercado de trabalho (43%). E essa minoria fica ainda mais evidente quando se trata do valor que elas recebem por seu trabalho: 47% a menos que homens com o mesmo nível de formação.
Muito disso também se deve ao fato de ainda atribuírem à mulher a principal responsabilidade sobre os serviços domésticos ou cuidados de pessoas, sem remuneração por isso. 19% das mulheres que estão empregadas são responsáveis pelos serviços domésticos. Uma rotina cansativa, que impacta diretamente no rendimento e também no olhar que os líderes têm por elas. Nesta matéria da Exame, que recomendo a leitura, a entrevistada Regina Madalozzo, coordenadora do núcleo de estudos de gênero do Insper, afirma que os executivos têm dificuldades em promover mulheres por vê-las como responsáveis por cuidar da casa ou dos filhos. E claro, com a retomada gradual das atividades econômicas pós-pandemia, isso pode ficar ainda pior. Afinal, as mulheres voltarão aos seus postos, mas seus filhos ainda não voltarão à escola.
Se houvesse equilíbrio e distribuição das atividades domésticas entre homens e mulheres, haveria crescimento do PIB Global em pelo menos 4%. E se não tivéssemos tanta desigualdade de gênero no mercado de trabalho, principalmente em termos de remuneração, há uma estimativa de crescimento do PIB em até 35%.
Então, por que ainda estamos caminhando a passos tão pequenos rumo a essa igualdade?
Dados: IGBE, FMI, Isper, Pnad, Quero Bolsa/Caged.