Silêncio, por favor!
Um minuto de silêncio parece ter sido reduzido a uma mera expressão na contemporaneidade, repleta de ruídos - frequentes e quase incessantes.
Necessário para a saúde mental, essencial ao repouso do convalescente, precioso para os momentos, íntimos, de fé e transcendência da consciência humana (ao estabelecer contato com o sagrado); e, se rompido (por breves sons leves e harmoniosos), justifica-se pelos efeitos benévolos.
É possível que as pessoas já não consigam escutar a voz interior porque se situam no repertório da algazarra, e nela permanecem, como se nunca tivessem outra opção. Esse é o eixo da reflexão proposta.
Quando, em Salvador, começaram a aparecer os DJs do buzú (pessoas com pequenas caixas de som combinadas com rádio ou reprodutor de MP3) ocorreu manifestação, dos usuários do transporte coletivo, desfavorável ao comportamento antissocial. A situação levou ao estabelecimento de lei que proíbe esse tipo de prática. Naquela época não se imaginaria que a sandice, dos atos isolados, alcançaria patamares ainda mais inconvenientes.
Após a disseminação dos telefones celulares que viraram caixas de música (como as antigas jukebox) a cultura de tornar o áudio público revelou a falta de princípios e de preparo (de muitos) para lidar com a multiplicidade de adventos "inteligentes". Seduzidas pela facilidade, e funcionalidade, das telas de toque (touthcscreen), várias pessoas seguem escutando áudios em alto volume e baixo discernimento. Mensagens particulares se tornam públicas, sem qualquer constrangimento por parte do usuário, desprovido de noção. O bizarro e o estapafúrdio se misturam nas diversas reproduções de material, em sua maioria, cômico (pra não dizer trágico).
Onde foi parar o bom senso (que supúnhamos existir) das pessoas? Reflexos de uma contemporaneidade que fragmenta, cada vez mais, o elemento humano?
As pessoas que protagonizam esse espetáculo daninho são conhecidas pelo princípio que os demais de se f***m!
Ainda que estejamos cercados de ruídos e de gente inconveniente busquemos nossas ilhas de calmaria de quietude. Para que isso ocorra, favoravelmente, silêncio, por favor!