Sim, é possível empreender na crise
As estatísticas do trabalho formal tem caído significativamente nos últimos três anos. O crescimento do número de trabalhadores com carteira assinada mais recente foi em 2014, quando 36,6 milhões de pessoas estava inseridas no mercado formal. Ao final de 2017, esse número despencou para 33,2 milhões, em uma curva descendente que registrou uma queda milionária a cada ano desde 2014. São dados Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE.
Ainda em 2017, foi a primeira vez que o número de trabalhadores do mercado informal superou o formal. A informalidade reúne 34,3 milhões da pessoas, enquanto o emprego de carteira assinada conta com 33,2 milhões de trabalhadores.
A taxa de desemprego atingiu 12,7% ano passado, a mais alta desde 2012. Se considerarmos os profissionais que se declararam subutilizados (trabalham menos do que poderiam), 26,3 milhões de pessoas não tem emprego ou estão nessa situação. Dentro desse cenário, pouco mais de 4 milhões estão em desalento, o que significa que deixaram de procurar emprego por não acreditar na possibilidade de reinserção.
Mas o texto não era sobre possibilidade de empreender? Sim, mas é necessária a contextualização do mercado de trabalho para entendermos um pouco melhor a crise pela qual passamos e que existe uma possibilidade de enfrentar essa situação alarmante.
Emprego Formal X Emprego Informal
O mercado mudou. É um fato irreversível. A implantação do home office, as possibilidades e ferramentas tecnológicas, contratos por produção, flexibilização nas leis trabalhistas, terceirização, empresas específicas de banco de freelas...
É uma série de fatores que indicam que a tendência é que o mercado informal continuará a crescer, e, consequentemente, irá se consolidar como realidade frente ao emprego com carteira assinada. E precisamos nos adaptar a isso.
Dos 34,3 milhões de brasileiros que estão na informalidade, 22,7 milhões são profissionais autônomos, e existem registrados cerca de 8 milhões de Microempreendedores Individuais (MEIs) no país. Trabalhadores que, por vocação ou necessidade, se tornaram seus próprios chefes. O que não quer dizer que esses 34,3 milhões de brasileiros são empreendedores.
Aprender para empreender
Não precisamos ter uma ideia mirabolante que vá gerar um milhão de reais em um mês para empreendermos. Grandes empresas nascem de pequenos empreendimentos e pequenos empreendimentos movimentam a economia. MEIs e pequenos negócios representam 27% do PIB e 98,5% dos empreendimentos no país (Dados do Sebrae).
O que é um empreendedor? Você tem o que é preciso para empreender? Segue uma lista de cinco características/comportamentos que considero importante para ser um bom empreendedor:
1 – Capacidade analítica:
Analisar o ambiente de mercado e vislumbrar uma boa oportunidade é uma característica essencial para quem quer empreender. Entender as incongruências da sociedade, influências do macro e microambiente, vislumbrar as mudanças socioeconômicas e tendências do segmento no qual deseja competir.
2 – Buscar novos conhecimentos:
Não é apenas passando por uma graduação, uma especialização e cursos caros que conseguimos nos capacitar. Estudar conceitos de economia, administração e comunicação, por exemplo, é uma forma de se preparar para iniciar um empreendimento.
Consultores do Sebrae prestam um serviço excelente de orientação sem custo. Existem também programas voltados para empreendedores e que são gratuitos, como o Bom Negócio.
Na internet você encontra uma série de oportunidades de diferentes temas de estudo em plataformas online gratuitas, como os cursos do Saberes. O poder público nas diferentes esferas oferece opções de cursos de curta, média e longa duração, presencial e ead. O Pronatec não anda tão aquecido como quando foi lançado, mas ainda viabiliza bons cursos.
Fique atento: acompanhe sites especializados em oportunidades de trabalho e cursos, grupos e páginas em redes sociais e troque informações com colegas.
3 – Adotar o método que mais se identifica e aplicá-lo
Ter um objetivo é importante, mas de nada adianta se não souber como chegar até ele. Um planejamento a longo prazo, com um plano tático de ações, um cronograma de execução, determinar os responsáveis por cada atividade, e métricas estabelecidas desde o início para poder mensurar e avaliar o resultado ao final do projeto não são diferenciais, são requisitos básicos. Se quiser se aprofundar mais em método, sugiro a leitura desse outro artigo, também no Linkedin.
4 – Saber se comunicar
Não deixe de se comunicar. É importante informar aos interessados sobre suas atividades, seja uma pessoa diretamente relacionada ao seu negócio ou potenciais consumidores. Porém, é preciso ser claro e objetivo no trato com parceiros, colaboradores e clientes. Ideias boas se perdem na forma como são comunicadas. Seja conciso, prático e foque em atender as necessidades e solucionar o problema em questão.
5 – Ser confiante, persistente, comprometido e correr riscos calculados
A primeira pessoa que tem que estar persuadida de que seu empreendimento é um bom negócio é você. Só acreditando realmente na sua iniciativa você vai ser capaz de fazer os outros também acreditarem.
Não desista no primeiro obstáculo e realmente honre seus compromissos, sejam eles financeiros, de prazo, de qualidade. A credibilidade se constrói com muito trabalho, mas se perde rapidamente.
Por fim, corra riscos. É preciso arriscar para crescer. Mas corra riscos calculados. Analise bem cada situação antes da tomada de decisão para minimizar as chances de insucesso. Não é preciso colocar todo o seu negócio em risco dando um passo maior que a perna.
Reúne essas cinco caraterísticas? Não todas, mas uma boa parte? Já é um bom motivo para pensar em empreender e buscar oportunidades em meio à crise. Eu estou analisando as minhas possibilidades.