Sim, existe a opinião pública digital. Sim, é possível antecipar movimentos mapeando a Internet.
Manoel Fernandes
Diretor BITES
Na sexta-feira, 24, às 20h30, quando os clientes da BITES receberam a análise sobre as manifestações de domingo, os sinais eram fracos, mas suficientes para a nossa equipe afirmar que os atos em favor do presidente Jair Bolsonaro iriam surpreender.
Após 12 anos de validação constante da nossa metodologia de trabalho, aprendemos a observar os sinais emitidos pela opinião pública digital. Assim acertamos no resultado do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, nas duas votações sobre aceitação ou não das denúncias contra o ex-presidente Michel Temer e na eleição de Jair Bolsonaro.
Nesse último caso, quando muitos analistas analógicos apostavam em outras direções e criavam narrativas contrárias ao efetivo poder do universo digital, BITES afirmou em abril de 2018 que o então deputado estava conseguindo captar quatro tipos de eleitores: antipetistas, liberais favoráveis à reforma da Previdência, aqueles que votaram em função da pauta de combate à violência e os defensores de causas de costumes.
Nosso êxito sempre esteve relacionado ao árduo trabalho de mapeamento do nosso time. Fugimos de verdades absolutas e nunca negamos a realidade.
Não somos adivinhos. Somos uma equipe focada na interpretação de um amplo espectro de fontes de dados. Durante os últimos sete dias, trabalhamos por várias horas em busca de elementos capazes de deixar nossa análise mais assertiva para os clientes da BITES.
Não olhamos apenas hashtags no Twitter, algo primário e bem longe da nossa capacidade de interpretação.
Mergulhamos na Internet. Entendemos a dinâmica de consultas ao tema no Google Brasil, acompanhamos de perto grupos de ativistas no Whatapps, verificamos a propagação dos artigos publicados na mídia clássica sobre o tema, a produção digital de deputados e senadores e o silêncio inicial do presidente e de seus aliados que, publicamente, ficaram longe da organização dos atos.
Nosso desafio era entender como esse tipo de apoio ao governo seria organizado sem um centro emissor de comando, como aconteceu no impeachment e mesmo na eleição do presidente.
Descobrimos novos personagens, fluxos paralelos ao modelo tradicional de comunicação e uma onda que foi ganhando volume à medida que o domingo se aproximava.
Por isso, na sexta-feira, às 20h30, quando o nosso relatório saiu para a caixa postal dos nossos clientes, o conteúdo afirmava que os atos iriam surpreender e iniciar um novo ciclo no bolsonarismo. O método se mostrou mais uma vez eficaz.