Sinceridade ou evitar conflitos? Qual seu caminho?

Sinceridade ou evitar conflitos? Qual seu caminho?

Eu me lembro até hoje do primeiro feedback que recebi na minha carreira. Bem lá no início, há 18 anos. Eu não tinha experiência alguma - apesar de muita vontade de aprender e de fazer acontecer - quando assumi a liderança de uma equipe. Lembro que saí chorando da sala do presidente. Faltava experiência e mais ainda maturidade profissional. Mas foi um dos marcos mais importantes da minha carreira. Sabe aquele choque necessário?!! Ele mesmo. Como sou grata àquele líder que escolheu investir em mim e no meu desenvolvimento. Desde então, valorizo cada percepção, cada sinceridade, cada conflito que me permitiu não ficar estagnada. Que me ajudou a olhar para dentro, a buscar o meu melhor. E coleciono com carinho e muita gratidão uma lista de líderes que exerceram o papel do desenvolvimento com tanto cuidado. Confesso que já chorei em outros feedbacks ao longo da minha trajetória. Nem sempre é fácil enxergar você mesmo pela lente dos outros. Ainda hoje me emociono em alguns, mas, agora, as lágrimas são conscientes, de alegria por cada evolução e por cada passo que dou no meu autoconhecimento. 

Eu estava relendo o livro “Paixão por Vencer” e resolvi trazer essa reflexão. Em um dos seus capítulos, Jack Welch (GE) fala sobre como tantas pessoas não se expressam com sinceridade no mundo nos negócios. Não comunicam com objetividade nem manifestam suas ideias para fugir do debate. (Aqui, abro parênteses para ressaltar que debate e conflito são diferentes de combate ou confronto, como bem diz Karnal).

Engolem seus comentários e suas críticas. Ficam de boca fechada para evitar conflitos, além de adoçarem as más notícias para manter as aparências. “A falta de franqueza bloqueia as ideias inteligentes, retarda as ações rápidas e impede que as pessoas capazes contribuam com todo seu potencial. É algo devastador”. E isso acontece também nas avaliações de desempenho, lamentavelmente. Certamente você conhece alguém que foi desligado de uma empresa e ficou surpreso com a notícia, não é mesmo? Possivelmente, nesse caso, os feedbacks cumpriam protocolos formais, sem verdades. A pessoa devia acumular uma perda de desempenho há anos, mas era prestativa, simpática. Fingia que era feliz, fingia que entregava, a liderança fingia que aceitava, que avaliava e... de repente, a pessoa é surpreendida com a mais sincera mensagem de "muito obrigada".

Volto lá trás, para meu primeiro feedback, no início da carreira… Antes, eu executava minhas atividades e meu sucesso se limitava ao meu crescimento. De repente, fiquei líder. E o sucesso dependia do crescimento dos outros. Não tem regra. Cada um exerce sua liderança do seu jeito. Mas todos devem ser incansáveis em melhorar a equipe. Para mim, isso passa pela sinceridade, pela transparência. Pela relação de confiança. Todos devem praticar a escuta. Devem reconhecer o mérito real. Verdadeiro. Não é o elogio pelo elogio. É por diferenciação. Devem ter atitude positiva. Líder pessimista crônico não existe. Ou, ao menos, não deveria. Todos os líderes devem ter coragem. Para assumir os conflitos. Para tomar decisões impopulares. Para enfrentar a solidão. Para combater o negativismo. Para questionar. Instigar. E não se conformarem. Coragem para assumir riscos. Para serem autênticos. Para aprender com os erros. E para ouvir! 

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Sou grata aos feedbacks honestos, direto nos olhos, que me permitiam sair sabendo exatamente o que eu precisava fazer para melhorar e qual era a situação na empresa naquele momento. Então, sempre busquei o mesmo caminho. Foi minha escola. A franqueza traz mais pessoas para a conversa. A franqueza aumenta a velocidade e facilita a vida. A falta dela é alienação. Obviamente, a franqueza tem consequências. A autenticidade tem um preço. É um risco. 

Qual deles você prefere correr?

Kleber Meira

CEO | Diretor Executivo | Diretor Geral | Conselheiro de Administração | Turnaround - Infraestrutura, Logística & Transporte, Energia e Telecom

3 a

Marina Castro Figueiredo , estou 100% de acordo com a sua reflexão 👏👏👏. O feedback é um presente, mas ele precisa ser honesto, verdadeiro, com fatos e exemplos e , principalmente, com empatia. O líder precisa criar um ambiente de confiança , onde o liderado possa se abrir de forma verdadeira e transparente , para que juntos encontrem o caminho do crescimento.

Ana Paula Nunes Amaro

Gestão de Pessoas | Experiência do Cliente | Atendimento | Hotelaria Hospitalar

3 a

Excelente artigo, parabéns! 👏

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