Smart Cities pra quem?
No final de outubro eu estive no evento da Connected Smart Cities, onde todo o ano é divulgado o ranking das cidades mais inteligentes do Brasil. O evento contou com 11 salas de palestras simultâneas dentro dos 11 eixos temáticos propostos e medidos em uma cidade inteligente.
O público que frequentou o evento dividia-se em 3 categorias:
E uma inquietação nasceu dentro de mim:
Estamos sonhando ou construindo cidades inteligentes para quem? Onde está o povo?
Estou certo que o evento tinha um público alvo e acredito que ele tenha cumprido com o seu objetivo estratégico de conectar tomadores de decisão, mas quando escuto os debates e propostas apresentadas pelas prefeituras e principalmente pelas empresas ali presentes, eu sinto que estamos nas mesmas pautas que estávamos propondo e discutindo há 15 anos atrás: iluminação pública de led, transportes alternativos, wifi público e apps de serviços.
É fato que mobilidade urbana, conectividade e sustentabilidade são pautas importantes e trazem consigo desafios de gestão pública que são antigos e recorrentes. Porém esses temas encontram consonância no dia a dia do cidadão?
Se fizermos um exercício rápido e irmos paras as ruas perguntar o que as pessoas acham desses eixos temáticos, aposto que todas irão concordar que são temas importantes para o desenvolvimento de uma cidade, mas se eu perguntar sobre segurança, saúde, empregos entre outros tantos temas, eles também estarão nesse bolo.
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Então o que está impedindo que esses temas ganhem força, saiam do debate e sejam de fato implementados em escala nos municípios brasileiros? Não existe resposta fácil. Aqui, no meu entendimento, esbarramos em limitações financeiras, agenda governamental, limitações técnico-administrativas e momento de cada município.
Então, na minha visão, nós precisamos, antes de implementar qualquer nova tecnologia na promoção de um bem público, consultar e validar com a população qual é a prioridade e entender seus impactos na vida do cidadão.
Exemplifico: se eu, gestor público, decidir por melhorar as vias públicas de um determinado bairro, buscando promover modais alternativos de transporte, como isso irá impactar no IPTU do seu José que é aposentado e mora há 20 anos naquela localidade? Ele conseguirá arcar com os custos dessa inovação?
Para essa pergunta não teremos a resposta exata, mas podemos minimizar o impacto, ou melhor, aumentar a capacidade de visão e previsibilidade do setor público se utilizados o data analytics.
Com o cruzamento de dados de moradores, bases públicas e de arrecadação do município, por exemplo, é possível se trabalhar com cenários preditivos que nos darão a visão projetada do impacto e assim, se necessário, atuar com políticas públicas complementares que possam mitigar os efeitos colaterais negativos e dar tempo para que a população se adapte à nova realidade.
É isso que chamamos de uma visão Data Driven.
Portanto, concluo que, para além da discussão de iluminação pública de led, transporte público e conectividade, os municípios devem se preparar estruturalmente e se capacitar para construir uma cultura organizacional orientada a dados que possa auxiliá-los na tomada de decisão e na predição de cenários de implementação de políticas públicas “smarts”. E assim, possibilitar um debate amplo com a sociedade compartilhando esses dados e conclusões para a tomada de decisão mais assertiva.
E você, o que acha das propostas de smart cities e dos desafios das administrações públicas?
Marketing & Communication Director | Growth | Enablement | Big Data Analytics
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