"SOB NOVA DIREÇÃO"​

"SOB NOVA DIREÇÃO"

É comum vermos faixas em portas de estabelecimentos comerciais que passam de mão e mão nas ruas e avenidas por onde passamos. Mas não é comum vermos isso quando empresas, indústrias e conglomerados são negociados ou adquiridos em negociações milionárias ou bilionárias. No máximo vemos uma nota à imprensa normalmente é enviada com detalhes básicos e depois a imprensa se encarrega de esmiuçar os detalhes das negociações corporativas.

Hoje, o Brasil repetiu após 24 anos o simbólico ato de impedimento de seu chefe da nação que há muito já não mantinha condições minimamente saudáveis de conduzir uma maquina deste porte, após os vários escândalos que revelaram ao longo dos últimos anos.

Se de um lado, há uma perda significativa da estabilidade do sistema democrático brasileiro, do outro, desenha-se uma esperança de uma retomada de rumo e de um novo recomeço.

Entendo que esse recomeço, não é algo que seja conseqüência de um fracasso e mesmo que seja considerado por algumas linhas de palpiteiros, não há negócio que nasça vencedor. Talvez muitas devam ser os fracassos para um dia se tornar sucesso.

Mas, independente do viés político e das acaloradas discussões que envolvem o momento político vivido pelo país, uma coisa é incontestável, nunca na história deste país a população esteve tão atenta e informada sobre os desdobramentos da crise política, econômica e do julgamento do seu chefe da nação, e, arrisco-me a dizer que nem no impeachment de Collor em 1992 (certamente não) se viu tamanho interesse e envolvimento das diferentes classes sociais e sua polarização como se viu desta vez.

Saindo desse campo político e rumando para o lado prático que essa mudança representa para o povo e para a sociedade brasileira, o que representa estar “SOB NOVA DIREÇÃO” nessa altura do campeonato?

Será que ela é boa ou ruim?

Podemos esperar algo ou é melhor colocar as barbas de molho?

Responder se é bom ou ruim, o que esperar, se vou ter meu emprego de volta, são respostas difíceis de prever e afirmar.

Entretanto, apesar do histórico negativo que se formou ao longo de um desgastante processo nos últimos anos, há uma tendência apontada por especialistas econômicos de que a partir da definição do quadro político, o Brasil pode ressurgir das cinzas muito mais rápido do que o tempo que levou queimando sua lenha na fogueira. Ou seja, confirmando-se a saída de Dilma e um novo governo assumindo ainda que por um breve período de menos de dois anos, o cenário estaria mais apto a receber investimentos marcando o reinicio de um possível ciclo virtuoso novamente. Essas são expectativas econômicas que se confirmarão ou não de acordo com a movimentação das variáveis de mercado e que podem ser imediatas ou não nesse processo de retomada.

Diante dessa enxurrada de acontecimentos, questionamentos e incertezas que surgiram nos últimos dias, comecei a pensar como fazer uma analogia à realidade empresarial que sofre muito com trocas e mudanças que muitas vezes resultam em excelentes alavancadas e em outras, péssimas e inesquecíveis experiências.

O Brasil saiu do nada, assim como, tantas pequenas empresas que abrem e fecham todos os anos, e, foi ao longo do tempo vencendo as etapas, as dificuldades, desenvolvendo mecanismos para tornar-se competitivo, melhorando sua imagem, internacionalizando-se e a empresa foi cada dia mais alçando vôos maiores ganhando mercados e crescendo mundo afora deixando de ser a terra do samba e do futebol.

Ocorre que, em dado momento, numa troca natural de comando, seus novos administradores que até então não haviam participado no processo executivo de construção da empresa, tendo recebido a mesma com muito dinheiro em caixa, fizeram toda sorte de abusos sem se importar com os compromissos da empresa e a imagem dela perante o mercado e que ao final, em pouquíssimo tempo, levaram a mesma a uma condição pré-falimentar.

Diante da indignação de acionistas, investidores e colaboradores, seus administradores foram retirados da empresa, e o novo comando fora colocado de forma automática por já estar presente no conselho de administração. Muito embora, o novo postulante, Temer, seja partícipe da mesma diretoria e não tenha a aprovação de todos, este novo administrador, assume o comando já ciente das suas obrigações e da responsabilidade de não cometer os mesmos erros que seu antecessor e pior, ter que colocar de volta o trem nos trilhos.

O que muda, num primeiro momento é basicamente nada, mas ao mesmo tempo, pode ser tudo, porque quem está dentro pode até não perceber mudanças, mas quem está de fora, como é o caso dos investidores pode ser muito e isso pode certamente justificar essa crença dos especialistas sobre uma repentina mudança dos ventos.

O período de luto que antecedeu essa mudança já havia terminado, porque quem tinha que quebrar quebrou, quem tinha que ir embora foi, quem tinha que parar parou e nessa dinâmica, a vida continuou e continua. Então daqui pra frente, de uma forma ou de outra, o que tiver que acontecer, certamente vai acontecer e não será pior do que a morte de 12 milhões de vagas de trabalho que se deu nos últimos 24 meses.

Parafraseando alguns especialistas do setor:

“Investimentos geram produção, que geram empregos, que geram consumo, que geram vendas de produtos e serviços e conseqüentemente, arrecadação ao estado.”

Se essa lógica realmente se estabelecer a partir das mudanças promovidas hoje, 31 de agosto de 2016, quiçá, o Brasil tenha dado um importantíssimo passo para retomar as rédeas do país, vislumbrando a frente um desenvolvimento mais maduro e consistente do ponto de vista político e econômico. Mas também depende muito do esforço político do novo presidente que tem que adotar medidas sérias e com pulso firme, caso contrário, nada mudará, pois seu período de carencia, já terminou.

E finalizando, é importante lembrar o que se deu recentemente na nossa vizinha Argentina que numa situação de fragilidade econômica infinitamente PIOR que a do Brasil, assim que Macri assumiu a presidência, em questão de dias (isso mesmo, dias!) o cenário altamente negativo basicamente se desfez, inclusive, a questão da retomada de créditos internacionais, medidas foram rapidamente alinhadas, permitindo ao novo governo dar os primeiros movimentos internacionais do país sob seu novo comando. 

Claro que nada se conserta da noite para o dia, mas os caminhos foram abertos e as direções a seguir apontadas.

Um abraço.


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