Sobre a Embraer.

Dois anos atrás escrevi sobre a proposta de acordo entre a Boeing e a Embraer.

O cenário então resumia-se no seguinte:

i) a Airbus tinha acabado de comprar a Bombardier. Pela primeira vez em sua história, a Airbus teria condições de vender aeronaves em todas as faixas de mercado;

ii) a Boeing estava terminando os testes de uma nova aeronave, com a qual pretendia obter maior parcela de mercado. Posteriormente, esse projeto fracassou no mercado, apresentando falhas no seu desenvolvimento;

iii) a Embraer já era líder no seu mercado, embora não demonstrasse condições de produzir aeronaves de maior porte. Nestas, não são suficientes apenas as condições de obtenção da tecnologia, no que a Boeing fracassou no novo modelo, mas também torna-se necessário estabelecer equipes técnicas nos locais aonde conseguir vender seus modelos e ter capacidade financeira para investir em pesquisa.

iv) a situação, então, resumia-se no seguinte dilema para Embraer: ou desenvolvia modelo para entrar na faixa superior de mercado, o que poderia levar a um esforço grande na área financeira, sem garantia de sucesso ou prezava por sua continuidade sendo incorporada pela Boeing.

v) para a Boeing, então em plena saúde financeira, era juntar-se a líder de mercado no segmento de pequenas aeronaves, ou juntar-se a empresa chinesa, que então tinha uma linha de produtos e tecnologia piores que a Embraer.

Atualmente, a Boeing em crise financeira, devido ao fracasso de seu novo modelo, que exigiu gastos de pesquisa de bilhões de dólares, desistiu de comprar a Embraer. Não é uma má notícia. A empresa não fica dependente de outra, em crise.

Mas a questão fundamental é utilizar essa janela de oportunidades para crescer, preencher a contento todas faixas de mercado, obtendo financiamento para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, podendo atacar os dois fabricantes mundiais de produtos destinados a faixa superior de mercado.

Neste sentido, faz toda pertinência iniciar conversações com os chineses para uma possível união. Eles possuem capital, mas não possuem produtos da qualidade dos nossos, e que atendam sua viação regional.

A viação regional na China estável pleno desenvolvimento, o que garante mercado para nossos produtos.

Os dois fabricantes poderiam ter uma estratégia comum de desenvolver novos produtos para as faixas superiores de mercado.

Cabe ressaltar que não é “apenas” no mercado internacional da aviação que temos uma economia complementar à chinesa. Produzimos alimentos, petróleo, que eles importam, e temos condições de, em outros segmentos, termos uma atuação conjunta. Não se faz desenvolvimento com restrições ideológicas.

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