Embraer SEM Boeing. E Agora? | EMBR3
Boeing desiste de comprar Embraer – Nesse final de semana, a Boeing anunciou que desistiu de comprar a divisão de aviões comerciais da Embraer, alegando que a Embraer não satisfez as condições necessárias para a joint-venture (união de duas empresas).
O fim dessa fusão não foi visto como uma surpresa para quem acompanha o setor.
A Embraer disse que a Boeing "fabricou falsas acusações" para evitar a conclusão da transação, mostrando as dificuldades financeiras que a Boeing enfrenta, além da suspensão das operações do avião Boeing 737 MAX após protagonizar dois acidentes fatais, impactando na reputação da companhia.
A Embraer gastou cerca de R$ 485 milhões para separar os negócios de aviação comercial e de defesa (aviões militares), necessários para a transação, e disse que irá à justiça para reparação dos danos.
Independente da real motivação da desistência, a crise de saúde pública global encolheu as encomendas por novos aviões, dificultando a vida tanto da Embraer como da Boeing.
Enquanto a Boeing parece passar por dificuldades financeiras, a Embraer alega ter caixa para manter as operações por dois anos, mesmo se não houver nenhuma encomenda de aeronaves até lá, além de amplo acesso à crédito.
Mesmo assim, já se fala da possibilidade de a Embraer precisar de ajuda do governo, bem como a Boeing está solicitando ao governo dos EUA, com a crise que a empresa vive após acidentes com dois de seus aviões e a paralisação do fluxo aéreo global.
Especialistas comentam que se a Embraer entrar com ações na justiça americana, os resultados tendem a ser desvantajosos para a companhia brasileira.
De acordo com o Bradesco BBI, um acordo de venda poderia acontecer na China, que quer crescer na aviação com a estatal China Commercial Aircraft (Comac).
No curto prazo, especialistas afirmam que, apesar de a Embraer estar preparada para enfrentar a queda de demanda, as ações devem sofrer, pois ficará mais fraca para enfrentar a competição da Airbus sem a parceria com a Boeing.
Entre as dificuldades que todas as companhias do setor aéreo enfrentarão, vale listar que a queda do preço do petróleo reduz a necessidade de encomendas de novas aeronaves mais econômicas, e a incerteza sobre novas normas de readequação de maior distância entre os assentos das companhias aéreas por conta da pandemia devem impactar o segmento.
Além disso, uma questão pendente é que era previsto o pagamento de um dividendo especial de US$ 1,6 bilhão aos acionistas da Embraer se acordo fosse concretizado, o que não irá mais ocorrer.
As ações EMBR3 caíram 7,5% hoje, a maior queda do dia.