Sobre partir e se desafiar

Em menos de 48h eu parto para outro país e há poucas horas, arrumando a mesa do jantar na casa dos meus pais, tive um pequeno (cerca de 2min) momento de medo.

Trabalhei 8 ano para a mesma empresa. Para a qual sou grata, pois foi nela que descobri que posso ter uma carreira e e que, contrariando os famosos conhecimentos populares, me desenvolvi também como pessoa.

As experiências que tive lá, profissionalmente, me ajudaram a moldar minha pessoa e personalidade de hoje. Como profissional tentei sempre dar o meu melhor, ajudando os outros, incentivando as equipes por onde passei, fazendo mais do que me era pedido ou fazendo bem o que era pedido. (Obs. Óbvio que não fui perfeita e que tive muitos deslizes).

Como pessoa, me descobri uma mulher capaz, inteligente, engraçada, agressiva, objetiva e de mente estratégica. Durante um tempo, confesso, pesei demais minha mão, me perdi no nível das exigências, com os outros e comigo. Cheguei a um nível de "corporativismo" que não recomendo para ninguém hoje em dia. (Obs. Gente, nada na vida está escrito em pedra e amanhã eu tenho sim o direito de mudar de ideia sobre tudo isso que estou escrevendo).

Uma vez que trabalho com gerenciamento de projetos, acho que é natural ter levado esse ritmo também para minha vida pessoal. (Curiosidade: você, gerente de projetos, também faz isso? Vive sua vida como gerente de projeto?). E, devido a isso, ouvi de próximos, que eu tinha "perdido meu brilho". 

Explico: acredito que sou uma pessoa com uma energia muito astral e acho que as pessoas esperam sempre de mim um sonoro "BOM DIA", daqueles bem irritantes e alguma piada que alivie o clima. Parei com isso. Nem percebi. E minha vida profissional e pessoal viraram uma só. Não que isso seja um problema, pois trabalho pra mim é uma das maiores fontes de orgulho e motivação. Mas, nesse período, eu não queria mais brilhar. Nem em um, nem em outro.

Veja bem, eu não cheguei a uma depressão ou colapso. Mas, estive perto do segundo. Algumas vezes parei olhando para o computador e pensando "não levante, pois você não volta". Tá, mas o que isso tem de relação com o pessoal? O fato é que uma coisa levou a outra e afetou meu desempenho na academia, nos estudos, nas amizades. Me afastei, me irritei, me desanimei por coisas bobas. Ouvi essa semana "você parecia constantemente tensa". Eu era.

Eu quero esclarecer, antes de continuar, que, ainda com tudo isso, eu fui e sou grata a tudo que vivi nesses 8 anos. Tudo.

Mas, voltando ao ponto inicial desse texto, eu tive um momento de medo. Um país novo, uma nova cultura, uma língua nova, uma nova empresa (estou indo empregada), novos amigos, novos colegas, nova rotina, novos aprendizados, novos, novos, novos, novos. 

A expectativa e a sensação e até mesmo esse medo, apenas me servem de combustível nesse momento. Aqui ficou pequeno. (Obs. E olha que eu sou grande - 1,83cm). Está na hora de dar um reset, um restart. Limpar a cabeça, pesar os valores, colocar a vida em 56kg de bagagem permitido pela companhia aérea e se jogar.

Tenho na cabeça e no coração a vontade de viver assim. No mundo. Corrijo: no meu mundo. Quero me reinventar e me equilibrar. Não quero pesar a mão em mais ninguém e em mais nada. Nem em mim mesma. 

As cobranças devem ter limites e a leveza nos leva pra frente. Meu ritmo cardíaco está voltando ao normal. Minha mente está focada. Meu sorriso mais aberto. Mesmo como toda caraminhola possível aqui dentro. Minha saúde agradece. (Obs. Principalmente minha bexiga que sofre da tal Síndrome da bexiga dolorosa...dá um google ai.)

Eu quero meu brilho, quero meu bom dia, quero minhas piadas e quero fazer o que eu acredito certo e justo, custe a reputação que custar.

Eu me governo, oras bolas. Que venha medo, que venha insegurança e que venham todos dançando, pois dessa vez, eu vou absorver melhor e aproveitar cada segundinho.

(Obs. Isso é o que eu imagino né, vai que chego lá e viro "a louca"?)

#partiumontenegro