SOLIDÃO X SOLITUDE

SOLIDÃO X SOLITUDE

Tudo aconteceu no mês de março, pelo menos aqui no Brasil.

Chegavam notícias de mortes e ameaças de mortes, vindas da China, Itália, Espanha e de repente de quase o mundo inteiro. Era o Covid 19 o tão falado Corona Vírus.

Uns falam que nunca viram nada igual, outros que a Gripe Espanhola foi pior. Eu particularmente nunca tinha presenciado tamanha catástrofe!

Seja como for esse Vírus transformou nossas vidas!

Quantos nesse momento estão experimentando o caos dessa situação, quer, economicamente, politicamente, socialmente, espiritualmente e principalmente psicologicamente.

O caos, o medo, a insegurança tomou conta dos seres humanos e como não poderia deixar de ser, também a Solidão.

Solidão, o que significa essa palavra?

O teólogo Paul Tillich expressou a palavra solidão como: ‘A dor de estar sozinho” e a palavra solitude para expressar ‘A glória de estar só”.

Vamos aqui analisar o que o Corona Vírus nos trouxe nesses dois quesitos.

Creio que num primeiro momento trouxe a Solitude, afinal quem não gostaria depois de uma vida frenética, deparar-se consigo mesmo, fazendo o que quer, na hora que quer. Isso gerou uma satisfação e sentimento de liberdade, euforia momentânea. Sim, momentânea, porque com o passar dos dias o que era uma opção passageira para solucionar o problema, tornou-se algo, imposto, obrigatório.

Liberdade de estar só! ...não; imposição. Vai-se embora a Solitude e vêm-se a Solidão com um peso esmagador, principalmente para os idosos solteiros, separados ou viúvos que moram sozinhos.

O direito de ir e vir foi vedado; ver os filhos e os netos era visto como um ato de desamor para consigo ou vice-versa.

Solidão, lá estava ela com seu peso enorme.

O tempo passava devagar, quase arrastando. A saudade dos entes queridos, a necessidade de ir à farmácia ao mercado ou ao banco , infração grave, sujeito em alguns países a pagar altas multas ou até a prisão!

Fazer o que? A não ser obedecer aquela frase conhecida de todos “fique em casa”!

Sim, fique em casa; acompanhado de sua amiga mais íntima: a Solidão!

Dá para ouvir o tilintar do relógio, os pássaros a cantar lá fora, o vento a bater nas folhas, da para olhar diversas vezes na janela, prestar atenção em como o vizinho é de fato.

Olhar para o céu, através da janela, perceber o brilho do sol, o dourado da lua e das estrelas, verificar se suas plantas estão molhadas, por água para o passarinho, para o cachorro, brincar com os animis; fechar os olhos lembrar dos filhos pequenos, rever fotos antigas, ler bons livros, escrever algo para alguém que ama, ouvir uma boa música, assistir um filme qualquer, falar com Deus, ouvir louvores, orar pelos outros em situações terríveis, olhar para si mesmo e perceber que tudo isso não é mais Solidão, virou Solitude. A glória de estar só!

A Solidão e a Solitude, depende da maneira pela qual a olhamos, e aí sentiremos: “ a dor imensa de estar só, ou o imenso prazer de sua própria companhia. O mergulhar em si, o fazer uma retrospectiva, o reavaliar valores, o planejar a volta do cotidiano. Cotidiano...ele vai demorar para ser o mesmo, se é que um dia voltará!

Você que lê esse texto, o que vive: Solidão ou Solitude?

Por: Ivanilde dos Reis Dias

Nesses momentos de confinamento, onde muitos de nós estão separados de seus entes queridos, muito se diz sobre os sentimentos vividos, eu estou separada da minha mãe, que é do grupo de risco, ela tem 69 anos é viúva e mora sozinha. Este texto foi escrito por ela.Uma visão ¨Sênior¨ do que sentimentos nesse momento tão delicado em que estamos passando.


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