Somos todos antifascistas!
Identificar um marco histórico no mesmo momento em que o vivenciamos não é uma tarefa simples. Quando tentamos cravar que “isso ou aquilo vai ser um marco”, a chance de errar não é pequena. As vezes uma baita bomba vira biribinha histórica e uma pequena fagulha desencadeia um incêndio que marca uma geração.
Não é segredo para ninguém que vivemos um momento de ruptura, talvez desde que um deputado federal declarou ser favorável a tortura e sugeriu que 30 mil pessoas deveriam ser assassinadas, lá pelo fim dos anos 90, ou quando não saiu algemado ao homenagear publicamente um torturador em 2016. Escolha o marco que quiser, de um jeito ou de outro, seguimos há muito tempo falhando em colocar um limite no inaceitável.
Coletivamente o fascismo e o racismo, irmãos em muita coisa, como a irracionalidade e a crença de existem pessoas que são melhores do que as outras — tem muita gente que você conhece que acha que um ser humano é um “merda por ganhar mil reais por mês” enquanto o outro é mais importante por ter uma renda de 300 mil — talvez sejam os dois grandes males que a gente ainda não conseguiu superar. Os dois são inaceitáveis, mesmo assim, temos tolerado tudo isso cotidianamente.
Nas últimas semanas temos visto o inaceitável se materializar dia após dia nas ruas brasileiras. Felizmente, a onda contrária parece vir forte. Mais do que nunca, é hora fortalecê-la.
Se posicionar contra o fascismo, autoritário, racista, sádico é uma obrigação de todas as pessoas, em qualquer momento. Agora, que muitos perderam a vergonha de levantar essas bandeiras nojentas, mais ainda. Ficar em cima do muro é escolher o lado da barbárie.
Eu, Arthur Sales, criador do Indústria de Base e jornalista, invoco novamente Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros para me posicionar aqui e sempre, pessoal e profissionalmente contra esse pensamento cretino. Por um mundo onde todas e todos possam viver em paz, sem se preocupar com violência, abusos, discriminação, o frio e a fome.
Somos todos antifascistas!
Obs.: Lendo um pouco sobre o movimento antifascista e suas vertentes aprendi um pouco sobre a disputa entre grupos que defendem uma ideia mais demarcada do antifascismo e de seu antagonismo ao capitalismo e a acumulação desenfreada de riqueza, que escala de maneira assustadora nos últimos anos.
Apesar de ser simpático a essa visão e acreditar que precisamos sim refletir muito sobre o modo como organizamos nossa comunidade, penso agora ser um momento de aglutinação e uma oportunidade para a sensibilização constante sobre essas pautas, não para tanto rigor na escolha dos aliados. Quem não fecha com fascista, que chegue junto.