Tópicos em EaD 101 - Quais as perspectivas para o EaD no Brasil e no mundo?
O fator resistência do setor acadêmico ao EaD parece ter deixado de lado, seja devido a questões sociais, que envolvem a democratização do processo de ensino e aprendizagem ou devido a fatores de sobrevivência, considerando que o público-alvo, começa a dar preferência a essa modalidade.
1.1 Para onde vai o EaD?
A evolução do EaD parece ter atingido um estágio de maturidade, com eliminação de toda uma série de resistências que colocavam dicotomias que se mostravam insuperáveis pelo radicalismo das posições assumidas. Os tratos atuais se referem não mais às possibilidades de utilização, mas sim dizem respeito à possível melhoria de qualidade na atividade de ensino (formação dos professores) e aprendizagem (conscientização e nivelamento dos alunos).
A última década foi profícua em inovações no campo do EaD, mas a próxima década ainda apresenta um panorama de incerteza em um horizonte nublado. A evolução tecnológica pressiona no sentido que novas metodologias sejam adotadas, mas é possível observar, que apesar de todo o envolvimento de um grande número de alunos e formação de um bom número de professores capacitados, ainda não há um preparo, para tal nível de evolução tecnológica.
O tecnicismo que se mostra necessário não é bem aceito e parece não combinar com as propostas educacionais que estão sendo desenvolvidas na atualidade, onde se procura cada vez mais tornar o uso das tecnologias transparente para os envolvidos em cursos ofertados em ambientes altamente tecnologizados.
A aprendizagem online efetivada em salas de aula eletrônica ganha seu lugar definitivo no panorama das diversas possibilidades sob as quais os processos de ensino e aprendizagem podem ser desenvolvidos.
Algumas das mudanças propostas podem alterar de forma radical a face desses processos, como hoje eles são efetivados. Há outros canais de entrega, principalmente relacionados com a educação aberta e com os MOOC (Massive Open Online Course – cursos massivos ofertados em ambientes online).
As questões de regulação, mudança do currículo seriado, efetivação da aprendizagem por tópicos, evolução no uso compartilhado de recursos (REA – Recursos Educacionais Abertos), dominam as discussões na atualidade. A transformação de todas as inovações educacionais em commodities, junto com a evolução tecnológica, sugere que estudos sobre novas formas de ensinar e aprender, envolvendo o ambiente online, devem surgir como uma avalanche.
Boa parte desses estudos envolve questões de adaptabilidade, orientação para oferta de conteúdo em uma proposta aproveitamento da mobilidade total, uso de agentes inteligentes, apoio da IoT – Internet of Things em processos de ensinar e aprender, novas formas de aconselhamento que sugerem a proposta da independência total ou auto estudo.
As questões de uso de produtos voltados para mineração de textos (Text Miner) também estão na ordem do dia, sendo aventada a possibilidade da efetivação de sistemas que trabalham na perspectiva da web semântica, com um melhor relacionamento usuário – máquina. Assim se torna facilitada a busca de recursos pelos alunos em fase de captação de recursos para solução dos problemas propostos.
As questões de regulação devem tomar boa parte do tempo e dos investimentos. Há certa resistência dos órgãos reguladores da educação em nosso país em aceitar as exigências do mercado de trabalho. Frente a elas não há mais sentido na manutenção dos currículos seriados, e da resistência às propostas de desenvolvimento da aprendizagem por tópicos.
Outras questões, referentes ao professor digital, ou professor independente, que não precisa estar necessariamente ligado a alguma instituição ou pode estar ligado a diversas delas, também devem ser trabalhadas de forma intensiva. Professores tidos como intelectuais transformadores e nas mãos dos quais está sendo cada vez mais, entregue o controle e responsabilidade, ambas compartilhadas com o aluno, como participante ativo na forma como irá desenvolver seu processo de aprendizagem e sobre quais conteúdos, não podem mais ficar sujeitos a regras estabelecidas apenas pelas IES. A independência desses profissionais, pelo menos no nível da educação superior, aos poucos se torna uma exigência do mercado. Somente assim eles terão liberdade de atuação, para propor contratos de coaching educacional diretamente com os alunos envolvidos em processos de educação formal, não formal e informal, agora via educação aberta.
A aprendizagem por sistemas inteligentes, complementa o uso de tutores inteligentes, formando uma corrente que pretende efetivar o uso da IA mole nos processos de ensino e aprendizagem. Se espera que uma nova geração de ambientes virtuais de aprendizagem trabalhe de forma confortável com um maior suporte da IA e desenvolva um atendimento diferenciado ao aluno.
Mas o vencedor em gênero, número e grau é o aumento da preocupação e interesse com o comportamento dos agentes educacionais, principalmente com destaque para os professores. Questões referentes e relativas às práticas pedagógicas. Neste sentido as principais preocupações são trabalhos no sentido de incentivar:
· O ensino e aprendizagem com a utilização da narração de histórias;
· As novas formas de adaptação das práticas didáticas e pedagógicas aos meios, com destaque para as novas tecnologias, principalmente aquelas que envolvem tópicos referentes ao uso da IA em educação;
· Desenvolver formas de incentivar o uso de objetos de aprendizagem, dividindo ideias complexas em conteúdo de fácil aprendizagem;
· Adequação da utilização de processos de gamificação no ensino superior;
· Mudança de legislação educacional, que ofereça aos professores a possibilidade de uma atuação independente, retirando a pressão e influência das instituições de ensino em sua ação e prática profissional;
· Apropriação e efetivação dos conceitos da metacognição, uma área de estudos relativamente nova e que trata de analisar os conhecimentos sobre o próprio conhecimento, de forma reflexiva, que pode permitir melhoria nas tentativas de adaptação dos processos de ensino e aprendizagem às características individuais de aprendizagem.
Questões de barateamento de custo dos processos de ensino e aprendizagem, ainda que seja a custo de um retorno a um processo de industrialização, como proposto pela teoria subjacente aos objetos de aprendizagem também estarão na ordem do dia.
Em outra instância, como atividade de elevado grau de importância, está na apropriação das novidades criadas com os estudos desenvolvidos pela neurociência, principalmente aqueles relativos ao uso da memória.
Em resumo, está na apropriação de novas tecnologias a visão mais acertada sobre o futuro do EaD no Brasil e no mundo, com uma visão final da necessidade da efetivação de procedimentos de educação permanente e continuada, em um processo ininterrupto de formação para toda a vida.
A maior parte desses processos está localizada na área de conhecimento referente às telecomunicações e no tratamento dos efeitos sociais, que provocam novos comportamentos e atitudes por parte dos agentes educacionais.
A internet (a grande rede) se estabelece como o fulcro capaz de alavancar esses novos desafios colocados para docentes, discentes e instituições de ensino em todos os níveis.
Nesse contexto a leitura tecnológica, considerada como um segundo processo de alfabetização ganha destaque. Os recursos eletrônicos passam a fazer parte integrante da vida de todas as pessoas, por mais que as pessoas que assim pensam sejam criticadas pela adoção de um viés tecnicista em educação.
Na força do desejo dos jovens é que reside a inevitabilidade de que essas inovações não mais podem ser contidas. A tranquilidade dos jovens e sua familiaridade com as tecnologias da informação e da comunicação, criaram necessidades inadiáveis e que retiram todos de sua zona de conforto ao colocar novas exigências de comportamento e desenvolvimento de novos papéis em praticamente todas as instâncias de efetivação de processos de ensino e aprendizagem.
A educação a distância, agora distante dos idos dos anos 1960, onde chegou a ser considerada como ensino por correspondência e uma modalidade menor de formação das pessoas, atinge um ponto de destaque, mas ainda está longe do auge que pode ser esperado.
As coisas chegam a um ponto de igualdade, na qualidade que pode ser atingida em todas as formas de ensinar e aprender que a tendência é que deixe de existir a separação entre educação presencial e educação a distância. Tudo passa a ser tratado como a mesma coisa. Dessa forma, nos processos de ensino e aprendizagem na atualidade, poderão existir somente momentos presenciais, uma combinação de momentos presenciais e não presenciais, identificados como sistemas híbridos ou a ausência de momentos presenciais. Neste contexto deixa de existir a separação nas formas de oferta do ensino e aprendizagem.
Por mais difícil que seja visualizar essa situação, aceitar a sua possibilidade e desenvolver trabalhos no sentido de se preparar para esse futuro, que não está muito distante, é a melhor recomendação.