TALENTOS SOB UMA PERSPECTIVA DIFERENTE
Ao longo dos anos, trabalhar como executivo e consultor destacou a importância de identificar e desenvolver talentos. Estes são geralmente reconhecidos como indivíduos que resolvem problemas de forma melhor e mais eficaz nas empresas; no entanto, a definição de "melhor" é sempre relativa e varia conforme o contexto de cada empresa e seus desafios específicos.
Por isso, é crucial definir claramente as características que sinalizam um talento em potencial, o que ele tem de resolver agora e no futuro. Identificar talentos cedo, tanto dentro da organização como fora dela, pode trazer vantagens consideráveis em termos de velocidade, eficácia e resultados.
A experiência tem me mostrado que não há uma fórmula universal para prever quem serão os melhores talentos, pois cada descoberta é moldada pelas necessidades específicas que eles precisam atender dentro da empresa. Assumir premissas gerais sobre talentos pode ser enganoso, especialmente em um mundo que enfrenta mudanças constantes, algumas disruptivas.
A complexidade e a velocidade no ambiente de negócios exigem que algumas competências sejam rapidamente adquiridas, e outras desconsideradas, tornando os talentos "genéricos" insuficientes para acompanhar as mudanças de forma dinâmica.
Nesse contexto, alguns veem os verdadeiros talentos como líderes que potencialmente irão mudar o rumo da empresa, através de inovações, soluções inusitadas e modelos imbatíveis de negócios. A esses “campeões da mudança” podemos chamar de “desbravadores”.
No entanto, há também uma necessidade crítica de talentos que promovem mudanças incrementais e que garantem estabilidade quando tudo em volta ameaça ruir. Podemos caracterizar esse grupo como o dos “colonizadores”.
Gerenciar essa dicotomia, portanto, é um processo contínuo que envolve avaliar as estruturas existentes e a sua resposta aos desafios de competitividade, buscar e selecionar talentos, dentro e fora da organização, para garantir a continuidade dos negócios.
Por aí, dá para perceber que essa é uma das funções mais críticas e que exige um entendimento preciso do estágio de vida da organização para resolver o dilema da escolha entre "desbravadores" e "colonizadores".
O grande desafio é equilibrar necessidades, adequando-as a diferentes demandas e não dispersando esforços e recursos à espera de “talentos universais”.
Para dar consistência à essa função, é essencial construir critérios sólidos que envolva a definição de um conjunto de habilidades fundamentais necessárias dos “talentos” para atrair e desenvolver tanto desbravadores quanto colonizadores.
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Essas habilidades incluem:
· entender o que seja valor criado pela empresa,
· a capacidade de resolver problemas,
· o exercício da liderança,
· o domínio de uma visão sistêmica do negócio,
· a aplicação efetiva de metodologias e tecnologias essenciais em gestão,
· a capacidade de inovar e, finalmente,
· a disposição de aprender continuamente.
A capacidade das lideranças de reconhecer o perfil do talento necessário e ajustar essas habilidades requeridas para cada um dos perfis é um grande diferencial competitivo das organizações que atraem e desenvolvem talentos de verdade.
Por isso eliminar a noção de um "perfil universal" na busca de talentos, fonte de tantas frustrações e desperdícios, é o primeiro e grande passo para construir o futuro de qualquer organização, porque simplesmente não existem talentos que sejam "pau pra toda a obra".