Por que desperdiçamos tantos talentos?
John Fitzgerald Kennedy, Estadista norte-americano, 1917-1963. Fonte: www.citador.pt

Por que desperdiçamos tantos talentos?

O maior desafio da gestão de pessoas é ter a pessoa certa no lugar certo.  

Qual é o lugar certo de cada pessoa numa organização? Como aperfeiçoar nossos processos de recrutamento, de seleção, de acompanhamento e avaliação para nos certificarmos que as escolhas foram corretas, que cada colaborador está integrado no ambiente, realizado com o que faz e desenvolvendo seus talentos?

Em todas as organizações, sejam elas públicas ou privadas, há pessoas cujos talentos não estão sendo aproveitados em todo o seu potencial. Mesmo naquelas organizações onde o processo de avaliação de desempenho tem um viés mais subjetivo, que busca identificar não apenas o realizado, mas também o realizável, há sempre talentos sendo desperdiçados, pessoas mal aproveitadas e consequentemente insatisfeitas. 

Toda organização deveria procurar alocar cada indivíduo de sua força de trabalho naquelas atividades onde ele fosse capaz de apresentar um desempenho acima da média. 

Para isso, é preciso identificar o talento de cada um. É preciso oferecer mobilidade na organização. É preciso ser capaz de ver além do resultado alcançado e procurar o melhor resultado alcançável por cada indivíduo. 

Quantas vezes nos deparamos com pessoas mal aproveitadas nas organizações em que trabalhamos? Profissionais com boa formação, bem preparados, motivados, mas que estão alocados em atividades que não lhes permitem explorar todo o seu potencial. 

No setor público, essa má alocação das pessoas acontece com frequência, causando inestimável prejuízo à sociedade e ao País. É comum vermos profissionais muito qualificados sendo subutilizados por questões políticas ou por absoluta falta de gestão. Isso é menos usual na iniciativa privada, mas também acontece. 

Falta mapeamento de competências nas organizações. Faltam processos estruturados para identificação de talentos e criação de oportunidades. Muitas vezes, são os próprios gestores que não permitem a oferta de oportunidades, seja por insegurança de serem superados, seja por incapacidade de identificar talentos, seja por falta de uma política de gestão de pessoas que encoraje e premie a descoberta de talentos. 

Há uma tendência dos sistemas permanecerem na condição em que se encontram, caso não seja aplicada uma força externa capaz de fazê-los se deslocarem. Isso se chama inércia. Reconhecer e revelar talentos pode provocar o surgimento de novas forças, ameaçando o equilíbrio existente. Isso incomoda aqueles que estão acomodados em suas posições, pois pode ameaçá-los. 

Mas existe absurdo maior que dispor de um profissional que poderia estar se ocupando, por exemplo, da formulação do planejamento estratégico da organização, mas está apenas executando tarefas operacionais? A força de trabalho é dinâmica, há sempre pessoas buscando se aperfeiçoar, se qualificar. Muitas vezes, essas pessoas ingressaram na empresa numa determinada função porque foi o que lhes ofereceram na ocasião, mas seu potencial vai muito além. É preciso identificá-las!

Os executivos das organizações devem cobrar da área de gestão de pessoas e de cada gerência intermediária uma busca incessante por talentos na organização, exigindo a criação de oportunidades para que esses talentos sejam revelados, elaborando e aplicando planos de sucessão que permitam a valorização e o reconhecimento de profissionais que se destacam dos demais, de forma justa e transparente.

Ailton Dias (Executivo de Gente e Gestão Empresarial, Docteur en Sciences)

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