Tartaruga no Poste: 6 Dicas de Como Identificar Chefes Tóxicos
A abordagem do tema já é praxe em grandes revistas e periódicos de negócios, e com frequência cada vez maior, estudos apontam que a vasta maioria dos talentos, quando pedem demissão, deixam seus chefes, e não a empresa. Nada tem tirado tanto o sono de executivos de RH quanto esse tema, e mensurar os prejuízos que chefes tóxicos causam nas organizações é extremamente difícil. Como identificar, suprimir (e, se necessário, ELIMINAR) chefes tóxicos?
Por Daniel Borges, Gerente de Marketing América do Sul na Delphi Technologies
Na hora de justificar um chefe que, por incompetência, inaptidão ou nepotismo não merece a posição que ocupa, é comumente usada nas organizações a parábola da tartaruga em cima do poste: "Tartaruga escala poste? Claro que não! Logo, alguém muito alto a colocou ali, então é melhor não tentar tirá-la de lá". Já ouviu essa?
Nos saudosos tempos de universidade, lembro-me bem da frase do estimado professor Adilson Somensari: "Nem sempre seu melhor operador será seu melhor líder de produção". Isso nunca fez tanto sentido quanto hoje. As organizações (e seus RHs) cometem o frequente erro de pesar somente a relevância operacional de um colaborador quando o consideram para uma promoção a uma posição de chefia. O que eles se esquecem, na maioria das vezes, é de medir quão capacitado o candidato à promoção está para guiar, administrar, motivar e inspirar pessoas. "Isso pode ser a diferença entre o paraíso e o inferno", afirma um gestor da área automobilística que preferiu não se identificar. "De repente, a equipe se vê nas mãos não somente de um tirano, mas de um tirano incompetente".
Ele afirma ainda que a destruição dos resultados só aparece depois que a moral, motivação e harmonia da equipe já se esvaíram por completo. "Quando esse tipo de resultado negativo começa a aparecer, é porque a equipe, por dentro, já está podre, destruída. Reparar esse dano leva muito tempo e dinheiro, fora o risco de se perder profissionais relevantes para o negócio", afirmou. "Esta aí a importância de um acompanhamento próximo do RH e dos executivos, especialmente quando o chefe foi recém-promovido", acrescenta ele.
O caso mais extremo (e tenebroso) é quando o colaborador é alçado a uma posição de chefia não por sua competência ou potencial, mas por fazer parte das famosas "panelas", por ter algum tipo de relação extra-laboral com um superior, ou por puro e simples nepotismo. "E esse tipo de caso não é exclusivo de empresas pequenas ou familiares: grandes corporações enfrentam esse tipo de caso na mesma proporção que as pequenas", comenta. E é possível que o pior ainda esteja por vir: "Por se sentirem intocáveis, é comum que essas pessoas sintam-se confortáveis para agir de maneira autoritária, desonesta e dissimulada. Vi casos onde profissionais brilhantes foram cortados de oportunidades incríveis de crescimento por puro e simples receio do(a) chefe de que se destacassem mais que ele(a)."
" Por se sentirem intocáveis, é comum que essas pessoas sintam-se confortáveis para agir de maneira autoritária, desonesta e dissimulada. Vi casos onde profissionais brilhantes foram cortados de oportunidades incríveis de crescimento por puro e simples receio do(a) chede de que se destacassem mais do que ele(a)"
O resultado? Equipe destruída e resultados longamente afetados, acompanhados de sentimentos de injustiça, impunidade, e raiva, inclusive contra a empresa. Aqueles que se esforçaram para trazer resultados sentem-se como trampolins usados por alguém que não merecia estar ali, nem por potencial, nem por mérito. Elaborei uma lista de sugestões, que servem tanto para os profissionais de RH quanto para executivos que possuem gestores de equipes abaixo de si. Se você é um diretor/profissional de RH ou executivo com gestores recém-promovidos, as dicas a seguir virão a calhar:
1. Participe ativamente da rotina da equipe
Esteja conectado com todos os membros da equipe, e entenda as relações entre seus membros. Muitas vezes, a própria equipe já elegeu informalmente um líder que gostam ou que preferem seguir, mesmo que este não exerça uma posição de chefia. Estar conectado com os membros também ajuda a entender se as decisões dos gestores são feitas com base em competências individuais, ou em preferências pessoais. Saia pra almoçar, convide-os para um happy hour sem a presença do gestor, ou, caso o gestor esteja presente, esteja atento às interações no ambiente de informalidade.
2. Implemente uma avaliação de 360 graus que funcione
Esteja disposto a agir quando perceber que o coro é uníssono quando o assunto é uma crítica específica à liderança de um departamento. Estamos acostumados a ver motins em presídios, mas não em empresas. Logo, o protesto da equipe será bem mais sutil, e você deve estar atento. Sobretudo, aja imediatamente quando a equipe apontar um desvio. Geralmente, quando a equipe perdeu o medo de denunciar o chefe, é porque a vaca está perto do brejo.
3. Observe o comportamento não-verbal
Trocas de olhares em reuniões, meios-sorrisos durante apresentações, o balançar das cabeças em sinal de reprovação, os suspiros. A comunicação não-verbal na presença do chefe tóxico diz muito mais do que você imagina. Estejam atentos a ela.
4. Monitore e compare resultados
Mas tome cuidado para que não seja tarde. Lembre-se: Quando os resultados ruins são muito evidentes, é sinal de que a equipe já está destruída por dentro. Aja o mais rápido possível. Importante lembrar que, diferente dos chefes que foram promovidos sem mérito, os bons gestores operacionais que são péssimos em lidar com pessoas às vezes trazem bons resultados, mas a um custo alto: "moendo" gente.
5. Estabeleça um canal de comunicação que não dependa do crivo do gestor da equipe
Sabendo que pode ser delatado, o chefe tóxico pode sentir-se acuado. Garanta que sua relação com os membros da equipe seja próxima o suficiente para que eles se abram quando necessário. E, quando se abrirem, assegure-os de que, além de investigar e dar-lhes feedback, você manterá o relato em segredo.
6. É melhor que um pereça, do que toda uma equipe
Após minuciosa investigação e tendo coletado informações e provas necessárias, tenha a coragem de agir. Eliminar um gestor tóxico pode garantir a sobrevivência de toda uma equipe (e do negócio!).
Elimine de vez a parábola da "Tartaruga em Cima do Poste" da realidade da sua empresa. Tartaruga não sobe em poste - e não importa quem a tenha colocado lá - então esforce-se para retirá-las do lugar que não tiveram capacidade para estar, pelo bem da organização. Esteja atento!
Daniel Borges
Gerente de Marketing América do Sul, Delphi Technologies
Sales Manager Emob & Compact Equipment
9 aExcelente texto Dani! Um assunto que debatemos várias vezes e que influencia diretamente nossas decisões de carreira! Grande Abraço!
Product Manager | Driving Aftermarket Customer Service & Go-To-Market Strategies for Mid & Large Tractors | Enhancing User Experience & Product Performance
9 aTexto muito pertinente e atual Dani, obrigada por dividi-lo conosco. Forte abraço e sucesso, você merece!
Product Engineer | Data Scientist | Data Analyst
9 aOtimo texto! Parabens meu amigo.
Gerente Tributário | Tax | Incentivos Fiscais | Planejamento Tributário
9 aTexto elucidador e muito bem escrito. Sensacional.
Fundadora
9 aÓtimo texto. Pena que esse tipo de chefe não é facilmente diagnosticado e quando é, geramente já causou grandes danos.