Tchau querida, vou trabalhar!
Em tempos de forte turbulência na política brasileira, a expressão “Tchau querida!” tornou-se popular. Mas a reflexão que eu trago neste artigo, não tem nenhum cunho político. Minha pretensão aqui é provocar aqueles que dedicam parte do seu tempo para reclamar das empresas onde trabalham, dos projetos/produtos/serviços, dos colegas de profissão, dos superiores, sempre buscando uma justificativa para a falta de oportunidades e sucesso na sua carreira.
"Excelentes oportunidades são desperdiçadas pelas pessoas, porque elas se apresentam de forma simples e se parecem com trabalho". - Thomas A. Edison.
Amigo, seja sincero, quando você sai de casa pela manhã, dizendo “Tchau querida, vou trabalhar!”, você não vai ‘trabalhar’ de fato. Você está indo para aquele lugar que não é sua casa, onde você tem que se vestir um pouco melhor do que você veste quando está em casa. Você está indo para o lugar que está cheio de outras pessoas que também mentiram para si mesmas quando disseram que iriam ‘trabalhar’. Você diz que são colegas ‘de trabalho’, quando na verdade, vocês apenas ‘frequentam’ a mesma empresa.
A maioria dos estudos diz que as pessoas realmente trabalham apenas metade do tempo em que estão no trabalho. E não espere que eu vá citar esses estudos – na verdade, não tive tempo para encontrar as referências. Eu estava muito ocupado ‘enrolando’. Você entende quando eu falo sobre ‘enrolar’, não é? Você faz isso na metade do tempo em que está "no trabalho".
Tive oportunidade de ler alguns desses estudos, em ocasiões e épocas diferentes, e quase todos, independentemente da época em que foram realizados, apontam que as pessoas trabalham apenas metade do tempo. O resto do tempo é gasto socializando, comendo, reclamando, escrevendo e-mails, navegando na internet, bebendo café, sonhando acordado, indo ao banheiro mais do que você precisa, e prolongando cada intervalo de quinze minutos para vinte e cinco minutos, fazendo um intervalo de almoço de duas horas. Esse comportamento resulta em um esforço de 50% de 100% dos funcionários. Isso não é algo novo. É um comportamento perpetuado por alguns profissionais, em diferentes setores e níveis hierárquicos.
Quando todo mundo trabalha metade do tempo, precisamos do dobro do tempo para fazer o trabalho. Isso se traduz em custos mais altos para seu projeto, produto ou serviço, resultando em cronogramas atrasados, clientes insatisfeitos e equipes estressadas. E a razão pela qual ninguém reclama, é porque a maioria das pessoas na empresa, está fazendo o mesmo – do estagiário ao gerente.
Encare a realidade: chama-se trabalho por uma razão!
Não é chamado diversão. Não é chamado tempo de socialização. Chama-se trabalho. Infelizmente, a maioria dos funcionários não parece entender esse conceito. As faculdades não ensinam. As crianças não aprendem em casa. Não é claro para os novos funcionários. Não é aplicado no dia-a-dia. Não é nem mesmo esperado. Não é gerenciado. Só nos preocupamos quando somos penalizados de alguma forma, pelo trabalho não realizado.
Você foi contratado para trabalhar, ser produtivo e obter resultados. É por isso que a empresa te contratou. Você está lá para gerar mais receita do que custo para sua empresa. Sua contribuição deve superar seu custo. E não é se divertindo que você conseguirá fazer isso, é trabalhando! Realizando suas tarefas de maneira rápida, eficiente e econômica. Você faz isso sendo proficiente e fazendo as coisas certas. Você saberá que está trabalhando quando você suar – fisicamente ou mentalmente.
Você não está trabalhando tanto quanto pensa. Como a maioria das pessoas, você trabalha com determinação suficiente para não te demitirem.
Falar sobre produtividade e resultados é tocar no calcanhar de Aquiles dos profissionais. Quer que eu prove isso? O que você realizou hoje? Sério. O que você fez hoje, que realmente contribuiu para o resultado final da empresa? Não minta. Não se engane. Apenas diga a si mesmo a verdade. Você é o único que vai saber agora, então vá em frente e pergunte: "O que eu fiz hoje?". O que é que você fez? Agora, corte em 50% e você estará mais perto da verdade real sobre o que você realmente fez.
Por que isso acontece?
Nós nos concentramos no processo em vez de realização. Nós nos tornamos espectadores em vez de realizadores. Nós recompensamos as coisas erradas. Toleramos um desempenho ruim. Não ensinamos as pessoas a serem bons trabalhadores. Nós não criamos um ambiente que promova o trabalho. As expectativas são baixas. Razões suficientes? Não realmente, mas é um bom começo.
Então, qual é a solução?
- Pare de mentir para si mesmo e para todos os demais sobre o quanto você trabalha duro.
- Trabalhe mais rápido, de forma inteligente e mais duro.
- Mantenha-se ocupado. Encontre coisas para fazer.
- Pare periodicamente durante o dia e pergunte-se: isso importa? Contribui para o bem-estar geral da empresa? Estou realmente fazendo algo útil ou apenas matando o tempo?
- Nunca tolere um desempenho ruim em você ou nos outros.
- Crie um ambiente limpo e organizado que incentive o trabalho.
- Espere o melhor de todos.
- Ensine seus colegas a serem bons trabalhadores.
- Gerencie prioridades, não o tempo.
- Descubra o que é preciso fazer e faça primeiro.
- Há muito tempo para fazer a coisa certa.
As empresas não deveriam se importar com seus sentimentos. As empresas não deveriam dedicar tempo e dinheiro para garantir que você está se sentindo bem. Se você está feliz no trabalho, isso é um bônus. Se você não está feliz, a culpa é sua e não da empresa.
Contudo, todas as empresas de sucesso, em especial as grandes corporações, preocupam-se constantemente com seus times, empreendendo granes esforços e investimentos para proporcionar boas oportunidades para seus profissionais. Então, faça o seu melhor e não perca tempo reclamando.
Lembre-se da frase de Thomas A. Edison: “…excelentes oportunidades se parecem com trabalho…”. Pense nisso e transforme sua atitude!
Coordenador de engenharia de software
6 aParabéns pelo artigo, muito bacana. Alguns pontos fazem bastante sentido e refletem uma triste realidade. Referente ao penúltimo paragrafo, discordo totalmente e percebo isto como uma visão retrograda, talvez aplique-se a um modelo de trabalho mais fabril, minha percepção é que as empresas de criação e inovação mais bem sucedidas tem rompido com estas ideias e tem fortalecido em seus funcionários um grande sentimento de pertencimento e orgulho, consequentemente com isso indo na contra mão dos problemas que você muito bem descreve no inicio do seu artigo. Mais uma vez, parabéns pela reflexão, precisamos mesmo refletir mais sobre nossas atitudes e comportamento.