Trabalho x Qualidade de vida: É possível?
Conversando sobre qualidade de vida, ouvi de alguém próximo a mim que a relação funcionário-empresa tem mudado nos últimos tempos. Na verdade, o que parece é uma mudança cultural que rege esta relação. O homem volta para si e cada vez mais observa aspectos pessoais na construção de sua rotina.
A teoria é de que a antiga geração, pessoas hoje acima dos 30 anos, ainda enxergam o fato de trabalhar em uma grande empresa como algo de extremo valor. Se orgulham de falar isso a todos, valorizam bastante o fato de ter uma carreira sólida construída em um só lugar e por isso tendem a se permitir uma rotina de trabalho maior, na faixa de 10, 12, 15 horas ou mais e ficam desta forma mais suscetíveis a perder qualidade de vida pela simples falta de tempo ou disposição física para outros temas da vida pessoal.
Já os mais jovens incluindo aqueles que ainda estão se inserindo no mercado tiveram em sua formação intelectual outros pontos inseridos que os leva a ter uma visão diferente acerca do que é benéfico para si. O primeiro ponto talvez é o apelo geral por uma vida mais saudável e o imediatismo oriundo das mudanças culturais na última década com o advento da internet. Embora estejamos em uma reflexão sem compromisso com a impessoalidade, acredito ter esses dois pontos muito latentes para todos, arrisco dizer unânimes. E o que isso resulta afinal?
Vejo que o anseio de estar em uma grande empresa ainda permanece mas com algumas ressalvas, exemplo disto é a maior claridade na correlação entre doenças de todos os tipos e a vida laboral. Doenças cardíacas e hipertensão estão conectados diretamente à má alimentação, stress e ausência de atividades físicas. Outras tais como depressão podem estar ligadas a perda do sentido na rotina diária, falta de reconhecimento e o não alcance de metas pessoais no decorrer do tempo. Isso não faz sentido para nós? Não conhecemos alguém com tais sintomas? Da mesma forma as pessoas entendem que estamos trabalhando cada vez mais e por mais tempo e que não adianta se doar para construir uma carreira se ao aposentar não teremos saúde para gozar do esforço de uma vida inteira. Outra premissa que arrisco ser unânime.
Quanto ao falado sobre velocidade, de fato nós hoje ansiamos, já naturalmente, por um feedback imediato acerca de tudo o que fazemos. Seja ao entrar numa academia ou ao fazer um investimento financeiro. Isso muda um pouco a ideia de ser benéfica a criação de uma carreira nos moldes anteriores, onde benefícios estão no longo prazo. Quais seriam os reais benefícios disso?
Os jovens são de fato menos apegados às instituições e mais suscetíveis a mudanças se estas lhes propuserem ganhos de curto prazo, o que os deixam mais aptos a arriscar novos começos. Não fazem isso apenas por retornos financeiros, hoje é mais palpável também a importância dada ao desenvolvimento de habilidades e aprendizado de novas ferramentas. E esse é um sintoma evidente da geração que nasceu conectada e que está a todo tempo recebendo informações e disposta a aprender (ainda que inconscientemente), o YouTube pode ensinar desde direito constitucional a reformas de veículos e as crianças já conseguem manuseia-lo com 2 anos de idade. Uma empresa que não propõe desafios e ganhos para seus funcionários tende a perder seus novos talentos (esses tais que estão aprendendo sem parar desde seus 2 anos) mas deixemos para falar da abordagem do prisma das empresas em outra postagem.
Gostei desta abordagem e tendo a concordar com esse movimento ou pelo menos consigo percebe-lo de forma mais clara em algumas situações. Que sigamos na busca pelo equilíbrio em todas áreas.