Tecnologias Disruptivas e Segurança no Trabalho

Tecnologias Disruptivas e Segurança no Trabalho

Incondicionalmente sou um adepto de novas tecnologias, principalmente as que facilitem a mobilidade urbana e que ajudam pessoas em transição de trabalho ou dificuldades de recolocação.

As relações trabalhistas mudaram e no Brasil avança com velocidade. Nós brasileiros gostamos de inovação, tecnologia, redes sociais. Isso faz parte da nossa cultura de nosso famoso “jogo de cintura”. Rapidamente aderimos e nos adaptamos.

No entanto, precisamos constantemente questionar se o que consumimos virtualmente através dos APPs chega a nós da maneira correta e segura. Atualmente passamos pela regulação do uso de patinetes (dos quais me considero um early adopter) que pode até parecer desnecessária, mas que no fundo precisa sim ser questionada.

Hoje ao voltar do almoço num dia chuvoso em São Paulo, vou atravessar a rua em frente ao escritório e quase sofro um acidente. Como a rua é mão única olhei somente para o lado de onde os carros vem e comecei a atravessar a mesma. Logo ouço um grito de um bikeboy (pela falta de um termo uso este) da #UberEats que vem na direção oposta (ou seja, dirigindo na contramão) e quase me atropelou. Por sorte, não colidimos. Ele se desculpou, pois sabia que estava errado. Alertei sobre o perigo que estava correndo pois o mesmo além de estar na contramão, estava sem capacete e num dia chuvoso. Disse a ele “Rapaz mais importante que entregar esse delivery é a sua segurança. A sua vida tem valor. Pense nisto!”. E voltei ao escritório.

Ao chegar na minha mesa me lembrei que já vi por diversas vezes vários bikeboys descendo na contramão de ruas e avenidas movimentadas. E fiquei me questionando...

O valor da vida da pessoa que pediu o delivery é maior do que a do bikeboy? Qual o treinamento que o ele recebeu para ter o mínimo de segurança no que faz? Será que a pessoa que fez o pedido pensou nisto, ou só no custo-benefício de não ter que sair num dia chuvoso?

E me fiz a pergunta: “Eu penso nisto quando uso um APP de delivery”? Será que esse alimento teria o mesmo saber se Eu soubesse que alguém quase foi atropelado ou teve um acidente sério no trajeto”?

O que falta para as empresas como @UBerEats, @IFood, @Glovo, @Rappi que usam bicicletas colocarem na caixa de trás dos que as carregam o seguinte:

1)     O nome do entregador

2)     Um telefone para contato caso haja um problema

3)     Capacetes para os bikeboys com suas repectivas marcas e não somente fornecer as caixas de transporte

4)     Colocar um QR code na caixa. Dessa forma fica fácil para tirar uma foto e reportar se o bike-boy está infringindo alguma regra que coloca ele ou pedestres em risco.

5)     Deixar claro em seus aplicativos para não recebermos entregas de bikeboys sem capacetes. (Por que não?)!

Acredito que se evoluirmos nesse sentido iremos ajudar não só na melhoria para a segurança nas ruas e calçadas, mas também para tornar o trabalho mais seguro para aqueles que diante da crise como a que enfrentamos necessitam tanto desse trabalho. 

Dessa forma o custo-benefício de pedir um ‘delivery’ realmente será melhor e sustentável. E para alguns que se preocupam com essas questões talvez o alimento entregue por um bikeboy tenha até um sabor diferente, dado que hoje ainda é entregue a mercê do risco do outro.

Vamos nos mobilizar, a auto regulação é o melhor caminho para que não sufoquemos as tecnologias disruptivas, mas não nos rendamos a prática do ‘vale-tudo’ pelo menor valor. 

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