Terceira lei de Newton e as mudanças climáticas
Eu (e acho que boa parte das pessoas que acompanham minimamente as notícias) fiquei tocada com o que tem se passado na região do Rio Grande do Sul. Um misto de indignação e impotência tem tomado meus pensamentos vendo a magnitude do impacto dos efeitos da natureza nessa região. Mas, com um olhar mais amplo, é notável como todos nós já estamos sendo impactados de alguma forma pelas mudanças climáticas. Seja por 10 dias com céu azul e calor fora de época em São Paulo, seja pelas chuvas na região Sul e Nordeste ou pela seca extrema que acompanhamos na região da Floresta Amazônica ou na região central do Brasil (citando apenas impactos locais).
A terceira lei de Newton é implacável. Toda ação realmente gera uma reação! O termo "Aquecimento Global" vem sendo estudado e ensinado nas aulas de geografia desde 1895, quando o químico suíço Svante Arrhenius descobriu que a atividade humana poderia aumentar o efeito estufa devido à produção excessiva de dióxido de carbono (Aquecimento Global: o que é, causas, efeitos, consequências; Revista Exame (2024)) (eu mesma venho escutando desde criança). Em minhas reflexões, entendo que a magnitude do impacto tem nos pegado de surpresa, mas não podemos dizer que isso é necessariamente uma novidade. Talvez por sermos um pouco São Tomé, estamos somente acreditando por estarmos vendo e vivenciando a situação, mas não podemos dizer que é algo inesperado.
E é nesse ponto que eu queria chegar. Ainda nessas reflexões, fico feliz em ver a solidariedade da maioria da sociedade por se unir em tempos extremos (há controvérsias, mas deixamos para uma segunda reflexão), mas sigo pensando que não deveríamos ter deixado chegar a esse ponto. Ainda assim, qual é a nossa parcela de culpa nesse impacto, aliás, em todo o impacto já vivido e no que está por vir? Como nós, como sociedade civil e jurídica, podemos mitigar ou evitar essas mudanças? Para onde estamos caminhando com essa evolução frenética, imediatista e egoísta, em que vemos sempre um cenário de curto prazo e não pensamos no que vamos deixar às gerações futuras?
Com um pensamento coletivo e de longo prazo, me pego pensando em como tornar a sustentabilidade parte do meu dia a dia, ou, em maior escala, do nosso dia a dia. Como torná-la cotidiana e trivial, a ponto de coletivamente convergirmos para evitar que novas tragédias climáticas aconteçam?
É um tema complexo, mas definitivamente também é um problema seu (e meu). Mas isso não quer dizer que, por ser um problema coletivo, a consciência atual também seja. Longe disso, acho que o tema é tratado atualmente de forma elitista e excludente. Poucas pessoas dominam os termos técnicos e difíceis, e as ações nos parecem intangíveis, pouco escaláveis e com ganhos pequenos quando comparadas às perdas totais. Precisamos mudar isso, e precisamos no plural porque as consequências serão para todos, apesar de o impacto certamente ter recortes de classe, gênero e raça.
Para que fique mais compreensível, deixo aqui os possíveis impactos no curto, médio e longo prazo para que entendamos o quão coletiva é essa questão:
Curto Prazo (Próximos 5 a 10 anos)
Médio Prazo (Próximos 10 a 30 anos)
Longo Prazo (Próximos 30 a 50 anos e além)
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Ou seja, caso nosso modo de agir, pensar e ser não mude em grande escala, todas as pessoas serão de alguma forma impactadas por essas mudanças. Alguns certamente vão lucrar, mas a maioria de nós vai sofrer consequências que mal conseguimos imaginar. E se pensarmos que o "longo prazo" pode ser em 30 anos, quer dizer que nós mesmos pagaremos caro por atos do nosso passado e presente.
Se toda ação tem uma reação. Qual reação queremos para nosso futuro?
Esse é um primeiro texto, com poucas referências, mas muitas reflexões (quase um desabafo) para me forçar a pensar no caso e pedir ajuda de como podemos construir o tema de forma acessível, inclusiva, real, escalável e cotidiana.
Como podemos criar um plano proativo em vez de reativo?
Conto com sua reflexão e ajuda.
Obrigada,
Thays dos Santos.