Terceiro Setor e Iniciativa Privada no Brasil: uma relação desigual
O Terceiro Setor tem sido cada vez mais maltratado pelo Estado Brasileiro. Por razões políticas ou de recursos, os orçamentos destinados a grandes ações de responsabilidade social desenvolvidos por organizações não governamentais no País foram perdendo pouco a pouco a contribuição preciosa do governo.
Sem apoio do Estado em ações que servem a população, resta-nos o investidor privado. Embora o Brasil tenha tido uma evolução significativa em projetos de filantropia desenvolvidos por grandes empresários, estes procuram dirigir os seus investimentos para organizações não governamentais criadas pelas suas próprias empresas, fundações, institutos ou associações.
As centenas de pequenas ONGs que fazem um trabalho precioso no apoio à sociedade estão privadas destes investimentos. A quem recorrer?
Por razões políticas ou de recursos, os orçamentos destinados a grandes ações de responsabilidade social desenvolvidos por organizações não governamentais no País foram perdendo pouco a pouco a contribuição preciosa do governo.
Não existe qualquer equilíbrio nesta relação desigual. Só resta a recuperação da imagem do Terceiro Setor no Brasil, organizando paralelamente um profundo trabalho junto dos investidores, com o objetivo de trazer de volta essa confiança perdida, mas também alertá-los para as necessidades que existem em seu redor.
Para que esse equilíbrio aconteça, é preciso urgentemente ganhar a confiança do investidor privado. Assegurar a bondade dos projetos desenvolvidos pelas ONGs e trazer para a discussão pública a importância da sobrevivência destas pequenas organizações nas comunidades.
A Comunicação Social poderia ter um papel muito importante neste tema, trazendo para a ribalta e divulgando os projetos de apoio à comunidade que se destacam e que são muitas vezes imprescindíveis nas regiões onde estão implementados.
Em situação de crise como se encontra o Brasil neste momento, com uma economia tão enferma e inoperante, apenas o investidor privado pode recuperar o equilíbrio nas ações do Terceiro Setor.
Infelizmente, a efetividade do governo brasileiro em projetos sociais ainda é muito frágil. Por experiência própria, os processos estão absolutamente viciados e dificilmente projetos que queiram o apoio das estruturas do Estado podem sobreviver. É inacreditável o que a burocracia pode construir para “assassinar” as tentativas de se fazerem boas ações no Brasil.
Não apenas se torna impossível competir com os sistemas instalados nas organizações que regulam a distribuição de verbas, como também alguns dos projetos divulgados pelo governo como estando em ação simplesmente não existem.
Infelizmente, a efetividade do governo brasileiro em projetos sociais ainda é muito frágil. Por experiência própria, os processos estão absolutamente viciados e dificilmente projetos que queiram o apoio das estruturas do Estado podem sobreviver.
Temos ainda os casos mais absurdos que são o plágio que organizações brasileiras mais poderosas fazem dos projetos de pequenas organizações sem qualquer contemplação. Infelizmente, essa situação é extremamente comum e sem qualquer problema de consciência ética.
São casos de justiça, que deveriam ser tratados como tal, em relação à ética e à regulação da propriedade intelectual dos projetos. É um mercado semi-selvagem, onde o mais poderoso é dono de tudo.
*Leonor Sá Machado é presidente da TheBridge Global: www.thebridgeglobal.org.