Trabalho é coisa séria. Será?
A percepção do trabalho existente em nós advém da nossa família, cultura e sociedade. Trabalho é muito mais que remuneração, é identidade pessoal. Através dele nos posicionamos no mundo como sujeitos produtivos, dotados de relevância social.
Outro dia, me ouvi dizendo a seguinte frase para o meu Arthur: “Pare de brincar! Trabalho é coisa séria”. Ele imaginava o aspirador de pó como carrinho de corrida que devorava a sujeira do chão. Quando me ouvi expressando esta austeridade sobre o trabalho, automaticamente lembrei que é justamente este pensamento que propicia a desmotivação e adoecimento acerca da atividade laboral.
Parar e se ouvir é uma oportunidade de escutar o que verdadeiramente pensamos ou sentimentos sobre uma determinada situação. Este é um princípio básico da terapia.
Quando impedimos a criatividade, somos impelidos à pressão. Excluímos do trabalho a leveza, o prazer e, sobretudo, a identificação. Responsabilidade não é sinônimo de dureza e nem muito menos frieza. Ao contrário. Quando somos responsáveis, somos livres e não pesados.
Responsabilidade não é peso, responsabilidade é responder por suas ações e não há nada mais libertador que esta possibilidade. Cabe somente a nós decidir qual será a nossa relação com o nosso ofício.
Criatividade é um poder gratuito que possuímos para amenizarmos as dores de algumas atividades. Foi exatamente isso que o meu Arthur, naturalmente, utilizou para lidar com uma tarefa. E assim compreendi que inconscientemente replicamos nos nossos colaboradores e até mesmo nos nossos filhos a máxima de que trabalho é um castigo.
Product Owner | Data Specialist
4 aA criatividade deixa tudo mais interessante. :)