Tudo bem não saber o caminho

Como mencionei no texto anterior, retomei o processo de oferecer mentorias individuais. Nesta semana, iniciei ou recomecei o trabalho com algumas pessoas, e o tema do título acabou resumindo muitas das sessões que tive. Por isso, resolvi trazer algumas reflexões e aprendizados que talvez ressoem com muitos leitores aqui.

Muitas executivas me procuram descrevendo um cenário semelhante: "Jéssica, tenho muitos anos de carreira, estou estável nesta empresa há vários anos, mas não me sinto mais feliz nesta posição. Não me vejo mais encaixada no mundo corporativo, sinto que preciso me redescobrir, mas não sei nem por onde começar."

Se você também se identificou com essa situação, seguem algumas lições importantes.

Faz parte da vida passar por momentos de transição

É muito comum sentirmos culpa por estarmos vivendo momentos de incerteza. Isso acontece especialmente quando olhamos para o LinkedIn e parece que todo mundo está "bombando" profissionalmente, trabalhando com o que ama, vivendo seu propósito e ganhando rios de dinheiro com isso. Porém, a realidade é bem diferente.

Um levantamento do LinkedIn revelou que 60% dos profissionais cogitam mudar de carreira, buscando maior alinhamento com seus valores ou novos desafios.

Essas mudanças têm várias razões. Vivemos em um tempo de transformações rápidas. A internet revolucionou as perspectivas profissionais, criando carreiras que sequer existiam há alguns anos. Além disso, a forma como enxergamos o trabalho mudou: o que antes era visto principalmente como uma fonte de renda, hoje carrega uma pressão social para que também seja uma forma de expressão pessoal e realização.

Outro fator é o avanço das tecnologias, como a inteligência artificial, que promete tornar muitas profissões obsoletas. Isso exigirá que profissionais busquem constantemente formas de se reinventar. Afinal, a expectativa de vida aumentou significativamente, prolongando as trajetórias profissionais em até 10 ou 20 anos.

Nesse contexto, o conceito de "portfólio de carreiras", popularizado pelo autor Charles Handy, ganha força. Ele prevê que, ao longo da vida, é normal termos diversas ocupações em áreas diferentes, muitas vezes exercendo mais de uma simultaneamente.

Então, respire fundo. Se você está passando por esse momento, saiba que não está sozinho. A transição é parte do processo de crescimento e, mais importante, de redescoberta.

O caminho se descobre caminhando

Hoje, temos aplicativos para tudo, inclusive para nos guiar a qualquer lugar que desejamos chegar. As respostas chegam em milésimos de segundo. Por isso, não saber para onde estamos caminhando pode gerar uma ansiedade avassaladora. Falo isso a partir de um lugar muito pessoal: como alguém que também está vivendo esse processo de mudança.

Desde que engravidei, meu mundo virou de cabeça para baixo. Estou redescobrindo tantas coisas sobre mim que, às vezes, me sinto frustrada por não ter a mesma clareza de antes sobre a minha vida e o que desejo.

Sempre fui uma pessoa muito decidida. Desde pequena, quando eu determinava que faria algo e aquilo realmente importava para mim, eu movia céus e terras para realizar. Era implacável. Tanto que, hoje, se eu disser à minha família que vou fazer algo, ninguém duvida, ninguém tenta me convencer do contrário. Eles sabem que sempre fui atrás do que era melhor para mim e que, geralmente, eu estava certa sobre o meu caminho.

Agora, imagina chegar a um momento da vida em que você perde todas essas certezas? Em que você olha para si e não sabe mais, com a mesma convicção, quem você é ou o que realmente deseja?

Estou aprendendo, aos poucos, a viver com isso. A deixar a vida seguir o seu curso, vivendo um dia de cada vez, com um olhar mais atento e curioso ao meu redor. Sem tanta pressa para chegar a algum lugar. É como voltar a enxergar o mundo com os olhos de uma criança, permitindo-se explorar, errar, sentir e redescobrir.

Claro, tem dias em que a ansiedade bate forte e a frustração de não saber o caminho parece me consumir. Mas, ao mesmo tempo, tem sido profundamente recompensador simplesmente caminhar. Sem a necessidade de saber exatamente onde vou chegar, mas confiando no processo e me abrindo para tudo o que posso encontrar no percurso.

Autoconhecimento é o Pilar da Jornada

Uma das minhas mentoradas, no início do nosso processo, me disse que esperava que eu a orientasse sobre o que fazer com a vida dela. Fui muito honesta: "Se você espera que eu te traga as respostas, está falando com a pessoa errada." A mentoria é como uma lanterna — ela ilumina novos caminhos e revela o que já existe dentro de você. Posso até compartilhar o que acredito ser um bom caminho ou dividir minhas experiências e aprendizados, mas jamais vou ditar o que você deve fazer.

Olhar para si mesma é, sem dúvida, o caminho mais difícil que podemos trilhar. É desconfortável, exigente e, muitas vezes, nos confronta com verdades que preferíamos evitar. No entanto, ter alguém ao seu lado para ajudar nessa jornada de autodescoberta pode ser crucial.

Ainda assim, é importante lembrar que todas as respostas precisam vir de dentro de você. Apenas assim elas serão realmente sustentáveis. É muito fácil terceirizar a culpa por escolhas que não foram nossas, mas assumir e sustentar as próprias decisões é um passo fundamental no processo de amadurecimento.

Se você também está nesse momento de redescoberta e quer dar as mãos para caminhar juntas, estou aqui. Essa jornada de autoconhecimento não precisa ser solitária — podemos aprender, crescer e explorar esses caminhos lado a lado. Afinal, é na troca e no apoio mútuo que encontramos forças para seguir em frente.

Que tal? Vamos juntas? Se inscreve no Link abaixo e vamos bater um papo.

https://bit.ly/mentoriajessicaparaguassu