Um conto sobre como lidar com a mudança
Começo por partilhar um conto.
Há muitos anos, em uma pequena aldeia na China, vivia um camponês. Ele era considerado um homem sábio, pois sempre mantinha uma perspectiva equilibrada sobre a vida. Sua sabedoria vinha do taoismo, uma filosofia chinesa que enfatiza o fluxo natural da vida, a simplicidade e a aceitação das mudanças.
Um dia, o cavalo do camponês fugiu. Os vizinhos vieram consolá-lo e disseram: “Que azar você teve! Perder seu único cavalo é uma terrível desgraça!” O camponês simplesmente respondeu: “Quem sabe o que é uma desgraça ou uma bênção? Apenas vejo que meu cavalo se foi.”
Algumas semanas depois, o cavalo retornou à aldeia trazendo consigo uma manada de cavalos selvagens. Os vizinhos ficaram maravilhados e vieram felicitá-lo: “Que sorte você teve! Agora você tem tantos cavalos!” O camponês, mantendo sua calma, respondeu: “Quem sabe o que é sorte ou azar? Vejo apenas que agora tenho mais cavalos.”
O filho do camponês, ao tentar domar um dos cavalos selvagens, caiu e quebrou a perna. Novamente, os vizinhos vieram lamentar: “Que azar você teve, seu filho está ferido!” O camponês respondeu com a mesma serenidade: “Quem sabe o que é azar ou sorte? Vejo apenas que meu filho quebrou a perna.”
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Algumas semanas depois, o exército do imperador chegou à aldeia, recrutando jovens para a guerra. O filho do camponês não pode ser recrutado devido à sua perna quebrada. Os vizinhos vieram com lágrimas nos olhos e disseram: “Que sorte você teve, seu filho foi poupado da guerra!” O camponês, mais uma vez, respondeu: “Quem sabe o que é sorte ou azar? Vejo apenas que meu filho não foi enviado para a guerra.”
Esta história ilustra a filosofia do taoismo, que nos ensina a não julgar as situações como boas ou ruins, mas a aceitá-las como partes naturais da vida. O camponês compreendeu que o mundo é imprevisível, e é sábio não se apegar a conceitos rígidos de sorte e azar. Em vez disso, ele manteve uma mente aberta e tranquila diante das mudanças da vida, encontrando a paz no fluxo natural das coisas.
Na prática de mindfulness treinamos isto mesmo para que deixe de ser um conceito intelectual e se vá integrando experiencialmente na nossa mente, cultivando o aceitar a impermanência, o largar o “bom” e “mau”. É uma bonita forma de não-julgamento que é uma das qualidades mentais que treinamos na prática de mindfulness.
Uma qualidade que pode mesmo transformar o modo como está no meio da vida agitada dos dias de hoje, da vida que não corre como queremos.
E pela minha experiência e de muitos praticantes, isto é mesmo, mesmo desafiante. Por isso é que é essencial praticar. 🙃