Um convite para a sua festa de 80 anos.

Segunda-feira, toca aquele alarme que soa como um martelo, o banho é recheado com as lembranças do fim de semana. Vestir-se, tomar café e seguir para o trabalho acontecem de forma automática. Os “bom dias” pelos corredores também saem quase sem perceber com uma leve balançada na cabeça e aquele sorriso que carrega a esperança para um dia tranquilo. O seu cérebro de forma confortável, do jeito que ele gosta, quase sem novos desafios, realiza as tarefas do dia. De forma lógica e racional você interage apenas com aquilo que está na sua frente, seja um e-mail, planilha, um cliente ou uma apresentação. Vai e vão as reuniões, conversas, almoço, mais reuniões, bate papo no cafezinho sobre o fim de semana ou sobre o trabalho para entregar e chegou a hora de voltar para casa.

Cinco anos se passaram, na sua rotina, agora bem mais pesada, você nem vê os dias passando. Foram adicionados casamento, filhos, mais responsabilidades no trabalho e excluídas as oportunidades de crescimento. Você nem vê mais tanto sentido na sua rotina profissional, pois apesar de trabalhar duro e entregar as demandas no prazo com a qualidade solicitada, mesmo assim você não é reconhecido para ascensão. Você busca subir na hierarquia mais pelo incremento salarial, para aliviar nas contas, e nem tanto pelo novo cargo que tem muito mais responsabilidades. E acredita fortemente que na empresa ninguém nem desconfia desse seu sentimento. Bom, não é bem assim. Vejamos o que pode estar acontecendo?

Claro que não há uma receita de bolo que explicará todas as situações, mas há uma tendência para um mal que está impactando a vida de milhões de pessoas. A falta de um propósito. Algo que te motive a pular da cama todos os dias e é muito mais forte e significativo que o salário do mês.

Eu defino Propósito como a força que transforma todas as intenções em ações e dá significado a toda a jornada da vida. Ter orgulho em saber que a sua passagem aqui não foi em vão. E para que esse propósito seja descoberto, é preciso realizar um processo profundo de autoconhecimento, consolidar quais são os seus principais valores, crenças, seus pontos fortes e fracos.

Neste momento imagine-se na sua festa de aniversário de 80 anos. Ao olhar para trás, o que você gostaria ter feito para si e para os outros? O que você quer ter construído? Do que as pessoas lembram quando pensam em você? Quais sentimentos você e os demais convidados terão por você? Será uma festa grande ou pequena? Será na sua casa ou em um grande salão? Sinta cada resposta como se estivesse vivendo o momento. Vale a pena colocar tudo isso no papel. É o seu mapa da mina.

Definido isso, que já é uma etapa de muito trabalho e que leva a uma grande evolução e clareza para a sua vida, está na hora de saber como chegar nesse cenário. Construir um planejamento sério, algo de que você tenha muito orgulho. Afinal, é da sua vida que estamos falando. Metas relevantes, bem definidas, aderentes aos seus objetivos e com prazos adequados. Feito isso, vem a etapa que várias pessoas, seja por falta de experiência ou conhecimento, seja por abundância de otimismo ou maldade, classificam como “fácil”. Um engano sem medidas. Essa é a parte onde você é testado diariamente para validar as suas metas, os seus sonhos. É como se a vida perguntasse insistentemente, você tem certeza que é isso que você quer? E essas “perguntas” aparecem de todas as formas. Na família, amigos, relacionamentos, no mercado de bens de consumo, lazer etc. As armadilhas são tantas, de tantos tamanhos e muitas vezes com tanto sentimento envolvido que você acredita cegamente que a mudança de rota é certa, até mesmo porque “só se vive uma vez” ou “no mês que vem eu recupero.”

A grande questão é, o nosso cérebro é dotado de uma engenharia magnífica, mas se você não colocar uma tranca na sala de controle, qualquer um entra e faz o que bem entender, pouco se importando com o mapa que está ali na mesa de navegação. Se a circulação de pessoas for muito grande, esse mapa já virou papel de recados e não há mais registro de quem você é, nem onde você quer chegar.

A primeira coisa a fazer é manter a calma. Entender que tudo fez parte de um processo de amadurecimento e que você tomou as melhores decisões dentro das condições que você tinha no momento. Parece besteira, mas esse tipo de reconhecimento ou auto perdão é fundamental para deixar o passado no seu lugar e canalizar todas as energias para o lugar certo. A partir daí, coloque o seu senso de direção na cabine de controle e feche a porta por dentro. Blindar a mente das armadilhas do dia a dia garante que o que você definiu como importante nunca deixe de ser importante. Ligue os refletores do foco permanentemente. Eu defendo que o tamanho do foco é diretamente proporcional à vontade de alcançar o objetivo. Se você realmente se encontrou na ideia dos resultados que você busca, o seu foco será indelével. Vale também absorver o conceito que a trajetória para as metas não é uma estrada e, sim uma escada. Todos os dias você precisa estar mentalmente em um degrau diferente. Isso porque você, estudou, malhou, trabalhou, poupou, ou seja, você desempenhou qualquer atividade planejada que te deixou mais perto do seu objetivo. Durante o sono, deixe que as informações e sentimentos irrelevantes ao seu objetivo sejam descartadas, enquanto a mesa do planejamento fica cada vez mais limpa e fácil de atuar.

Pronto, agora multiplique todos esses procedimentos pelo número de dias que faltam para o prazo do seu objetivo e você terá uma boa noção do seu desafio. Deve ser constante e incansável a prática do autoconhecimento alinhado ao estudo das ciências do comportamento, ou seja, como a sua mente funciona e como trabalhá-la de forma a trazer o melhor desempenho? Quais são os gatilhos que disparam hábitos ruins e fazem você perder a vez no jogo? Enfim, entenda o seu cérebro como uma Ferrari. Você tanto pode usá-lo para ganhar corridas, como para transportar material de construção. Tudo dependerá da sua capacidade de extrair o melhor da máquina.

Como dito anteriormente, não é nada fácil e, sinceramente, não é pra ser mesmo, mas eu falo com uma gratificante experiência que um sentimento extremamente estimulante surge quando você realiza milhões de tarefas com o objetivo de criar uma história que você entende que é a sua missão nesse mundo, pois nada mais faria tanto sentido para você.

E eu te convido a fazer o mesmo.