Um convite para uma ação antirracista
Quem me segue por aqui sabe do meu movimento em busca de encontrar oportunidades recorrentes para promover ações antirracistas. Isso passa, indiscutivelmente, por reconhecer o racismo estrutural, meus privilégios e - da forma mais complexa - como se materializam as ações antirracistas para além do ativismo de sofá.
Não querer, não gostar ou incomodar-se com o contexto racista em que vivemos não é suficiente! Claro, é um importante primeiro passo, produto de um despertar, mas termina em si mesmo.
E aí? O que posso fazer? O que mais? E o que mais?
Se você se pergunta isso também, te convido a ler este post até o final.
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Começo com um dado da Pnad Contínua do IBGE compilado pelo Nexo Jornal, refletindo sobre o fato de que as mulheres negras são o grupo com menores salários médios no nosso país e as que mais sofrem com o desemprego - independentemente da sua qualificação (1). São também as que mais sofrem os desgastes mentais relacionados ao trabalho (2) e estão, em geral, em um ciclo difícil de se desvencilhar: de acordo com Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), apenas 4,7% dos filhos de pais sem instrução terminam o ensino superior no Brasil (3).
Mas, como Braulio Bessa diz em seu cordel, “se números frios não tocam a gente, espero que nomes consigam tocar”
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Apresento, então, a Beatriz. Nadando contra essa correnteza que insiste em levá-la para outro lugar, Beatriz tem 21 anos, é uma mulher negra, periférica, moradora de Mauá, com formação técnica em enfermagem. Terminou o técnico em 2019 e, como é comum nessa carreira, acumulou, desde então, uma série de empregos em clínicas, hospitais e Home Care.
Beatriz se formou num momento social em que teve a chance de pôr à prova sua vocação profissional: em 2021 entrou para trabalhar em um hospital na linha de frente do Covid-19 e foi efetivada nesta instituição. E teve certeza que este espaço é seu lugar de realização profissional. Tanto que resolveu seguir em frente.
Na função de técnica de enfermagem, Beatriz chegou a fazer 24h de trabalho, buscando juntar dinheiro para alcançar um novo objetivo: a faculdade! Um curso superior é algo bem diferente da realidade de sua mãe, que mal terminou o ensino médio, ou de seus avós, que sequer foram alfabetizados.
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Beatriz não só conseguiu juntar um pouco de dinheiro para poder minimamente se organizar para entrar na faculdade de Enfermagem, como conseguiu uma bolsa de estudos parcial. Para fazer tudo caber em 24h, precisou deixar um dos empregos. Nos próximos anos, passará a estudar das 8h às 11h e trabalhar apenas em um hospital, como técnica de enfermagem, das 18h às 06h.
Nó sabemos que fazer faculdade não é só pagar a mensalidade e nem só cumprir o horário das aulas. E, aqui, refiro-me, amplamente a todo o composto da vivência acadêmica - tanto o custeio dos materiais de estudo, as cópias de textos, a presença em congressos, quanto a participação nas festas da Atlética, o barzinho com os colegas…
Durante os meus anos de universitário, nunca precisei pensar se a grana do mês ia dar para pagar a faculdade, ajudar em casa, comprar o texto no Xerox, pagar a condução e ainda jantar. Nunca me passou pela cabeça não terminar a faculdade caso um revés financeiro atingisse minha família (ainda que isso até fosse uma possibilidade, definitivamente, não era uma preocupação com a qual eu lidava).
E é assim que eu entro nessa história - e que você também pode entrar! :)
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Ainda que a Beatriz já tenha se organizado para ingressar na faculdade - que já começou, inclusive - ofereci-me para subsidiar a mensalidade. Não por uma ação meramente filantrópica, até porque ela não me pediu nada. Mas como parte do reconhecimento do privilégio da minha branquitude.
Sou filho da quarta geração de graduados em uma das partes da minha família. E quero contribuir não apenas para que Beatriz se forme, mas para que seus filhos, netos e bisnetos beneficiem-se deste marco também.
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Em termos práticos:
Com a bolsa que a Beatriz já conseguiu, a mensalidade da faculdade é de R$ 560,00 neste semestre. Minha ideia é tentar subsidiar integralmente este valor, assim, a Beatriz fica com um “conforto financeiro” para fazer as outras coisas da faculdade e da vida: para comprar materiais, para pegar um Uber num dia muito cansativo, para ir numa balada num fim de semana de folga…
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Para fazer isso possível, vou coordenar um esquema simples, que você pode participar de várias maneiras. Se você tiver interesse em contribuir com a formação universitária de uma mulher preta, veja como :
1. Apadrinhamento financeiro (preferencial)
Período: 5 anos
Neste caso, você se compromete com uma (ou mais) “cota(s)” de investimento de R$ 51,00 mensais. Isto é, por um valor mensal menor do que um almoço, você se torna um investidor na educação de uma mulher preta.
São 11 cotas de padrinhos/madrinhas-investidores/as, com um compromisso mensal beeem tranquilo - provavelmente ajustado anualmente, nos padrões da própria faculdade.
1.1. Na prática, você pode me fazer um PIX todo mês, ou pode optar por fazer um pagamento único por ano (R$ 640), em cartão de crédito, parcelado em até 10x (já tem aí uma mínima taxa da administradora de cartão que tenho).
1.2. Eu, Bruno Carramenha, pessoalmente, coordenarei o recebimento dos valores, repasse à Beatriz e prestação de contas.
2. Contribuições esporádicas
Período: sempre que você quiser
Neste caso, se achar complicado fazer um compromisso de 5 anos, mas tiver interesse em ajudar, é só fazer um PIX no valor que você quiser! E quando quiser! Qualquer valor mesmo!
Todo dinheiro recebido será guardado na minha conta e transferido para a Beatriz, mensalmente, em cotas que cubram a mensalidade da faculdade.
Ainda que a gente consiga arrecadar um dinheiro maior nesse momento, eu me comprometerei em deixá-lo guardado para assegurar que, mesmo que haja qualquer baixa de contribuição ao longo dos cinco anos que virão, pelo menos a mensalidade da faculdade estará assegurada. Assim, a Beatriz não precisará se preocupar com essa questão e poderá focar na sua formação.
3. Tem alguma outra ideia? Me conta!! :)
Eu tentei um contato institucional com a empresa em que a Beatriz trabalha, um grande hospital, vinculado a um grande grupo de saúde, para ver a viabilidade de um investimento institucional, mas tive um retorno pouco engajado com a questão. É, de fato, um assunto mais urgente para uns do que para outros, então não me furtei de buscar essa articulação por aqui.
Mas qualquer outro caminho possível de contribuição que você tiver, será muito bem-vindo! Fale comigo!
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Vou organizar os esquemas com as pessoas interessadas, então, por favor, para qualquer uma das alternativas, se você chegou até aqui e se interessou em contribuir, fale comigo diretamente! Pode ser mandando uma Mensagem Direta aqui no LinkedIn, me mandando um e-mail (bruno.carramenha@gmail.com) ou um WhatsApp (11 975478006).
Se você não conseguir contribuir neste momento, me ajude a deixar este post em alta. Comenta, curte, compartilha, para que ele possa chegar em outras pessoas que topem a empreitada comigo!
Obrigado
Bruno Carramenha
CEO & Founder | Mentora Estratégica de RH e Negócios | Expert em Diversidade e Inclusão | Headhunter | LinkedIn Creator| Analista Comportamental DISC| Forbes BLK
2 aParabéns Bruno, Fantástico sua iniciativa 👏👏
Consultor, Professor e Palestrante
2 aObrigado a todas as pessoas que ajudaram no engajamento do post e que responderam! Tive um retorno para uma doação pontual e 9 compromissos para a doação regular! Ou seja, já somos em 10 padrinhos/madrinhas financeiros, que toparam doar R$ 55 por mês para subsidiar a faculdade de enfermagem de Beatriz! Agora só nos falta mais um/a voluntário/a para o esquema fixo (que pode ser pago em 1x ao ano ou em PIXes mensais) e cumpriremos esta ação! :) Agradeço se puderem comentar com outros colegas, marcar pessoas aqui no post... e tenho certeza que rapidamente encontraremos este/a investidor/a faltante! :)
Talent Development| HR Digital Transformation| Startups Enthusiast| Organisational Culture| Employer Branding| L&D
2 aObrigada por tanto esforço para causar mudança! <3 Certamente tô dentro! :)
Jornalista | Produção de conteúdo | PR | Advocacy ✍️🍀
2 aBoa, Bruno Carramenha
Diversidade, Equidade e Inclusão | ESG | Sustentabilidade
2 aDemais! Que essa ação seja também inspiração para outras..