Gestão de pessoas, retenção e comunicação

A gestão de Recursos Humanos vem se tornando uma tarefa cada vez mais desafiadora nas organizações. Apesar do ferramental que as novas tecnologias proporcionam, o fator humano, por toda sua complexidade, se transforma ano após ano e faz cair por terra modelos tradicionalmente bem-sucedidos. Uma das principais consequências deste processo para as organizações é dificuldade de retenção dos talentos.

Como em qualquer relacionamento, as relações de trabalho estão sujeitas ao cruzamento de expectativas e necessidades.

De um lado, a empresa tem necessidades objetivas, remunera o indivíduo para que ele entregue o que lhe é solicitado e para que esteja pronto para assumir qualquer tarefa que lhe apareça. Salário em dia sempre foi sua moeda de troca.

No entanto, o empregado, cada vez mais, faz emergir suas necessidades subjetivas que vão muito além de dinheiro. Quer ser reconhecido, precisa sentir que faz parte, deseja ter orgulho do que faz, quer ser recompensado pelo conhecimento que conquistou ao longo dos seus anos de carreira. O desalinhamento dessas necessidades causa, em primeira instância, frustração e leva, naturalmente, a uma busca incessante de sentido, que culmina na troca de emprego.

Há um elemento capaz de fazer interagir essas necessidades com vistas ao entendimento mútuo: a comunicação.

A premissa fundamental da comunicação como disciplina organizacional é a coerência. E não me refiro exclusivamente ao que se convencionou deixar a cargo das áreas de Comunicação Interna, mas, sim, à constituição, de fato, das inter-relações que se estabelecem nas empresas. A comunicação acontece naquilo que é dito ou escrito, mas também no que é calado, omitido.

O relacionamento empresa-empregado começa no processo seletivo e se estabelece ao longo de toda jornada desse então “candidato” com a organização. Não é raro ouvir de empregados relatos de que lhe foram prometidas coisas durante o processo seletivo que não se realizaram em sua vivência. Entretanto, não reside apenas nesse alinhamento a incoerência que leva ao desengajamento. Discursos vazios, omissão de informações, falta de ritos formais contribuem significativamente para a alta rotatividade de empregados.

Assim, a gestão da Comunicação nas empresas tem que ser premissa da gestão de Recursos Humanos, para que esteja pautada na coerência e construída com base no diálogo e na transparência, características essenciais da comunicação bem-feita.