UM HOMEM CATITA
Cabelos brancos que entrecruzam realidades da vida entre os afetos

UM HOMEM CATITA

Não me deve nada, não o conheço pessoalmente.

Uma vez, no início de uma tarde de Verão, passou por perto, acompanhado da mulher, na sua habitual pose descontraída, sorriso e farpela a condizer com a época, num Leroy Merlin dos arredores.

Já passaram bastantes anos desde que foi presidente do município lisboeta e resolveu instalar o seu gabinete, temporariamente, na zona da Almirante Reis.

Talvez por isso, em dia de semana e em viagem noturna no metro de Lisboa, aconteceu abrirem-se as portas da carruagem na estação dos Anjos e ei-lo a entrar seguido da mulher e dos filhos, ainda adolescentes, instalando-se no respetivo hall.

(Por uma qualquer razão singular, num país onde todos os políticos se afirmam fervorosos defensores dos transportes públicos, fora dos incómodos das campanhas eleitorais, é muito raro deparar com algum deles a viajar desse modo, e quando se avista parece perpassar-lhe uma sensação de incómodo e de inadaptação ao espaço e lugar...porém, pode tratar-se apenas de deficiente interpretação de posturas e poses.

Recuando bastante no tempo, ainda há memória de um ou de outro futuro e notório político frequentador de transportes públicos citadinos, mas logo deixaram de ser avistados nesses meios mal se apanharam no elevador social da política...)

Enquanto a viagem decorria, o então presidente da edilidade lisboeta, ao contrário dos demais e ocasionais políticos frequentadores do Metro (quase sempre desfasados no espaço, sozinhos e distantes dos demais), formou com uma naturalidade desconcertante  um losango chegado e envolvido por ele, com os restantes membros da família.

Durante uma fração de minutos, os sorrisos ternos entre eles, as trocas de palavras inaudíveis e o encadeamento dos corpos, pareceram expressar a naturalidade esperada entre familiares comuns e bem resolvidos, cumplicidades e afetos mútuos, imagem que sobressaiu até porque mais nenhum dos passageiros naquela carruagem pareceu estar atento àquela cenarização improvável.

Talvez pelo inesperado ou pela improbabilidade de replicação, eis uma imagem impressiva e duradoura que ficou gravada na memória até hoje , e um ponto de partida que se ajusta a um encadeamento mais aprofundado.

UMA LONGA VIAGEM - O POLÍTICO PARA ALÉM DO HOMEM

Sobre a personagem central deste episódio, o qual viria depois a exercer (até recentemente), um longo consulado como primeiro-ministro, recordam-se em sequências temporais fugazes,  o episódio que recriou ou a que deu aval, de uma hipotética corrida entre um burro e um Ferrari para tentar alavancar a sua candidatura (frustrada) à liderança do município de Loures, e a entrada como ministro no governo de António Guterres, a par da confidência ocasional e inesperada de alguém bem inserido nos mentideros da política nacional e situado no outro lado do espectro político, que lhe reconhecia brilhantismo e adivinhava uma futura liderança do Partido Socialista.

Focalizada a atenção sobre o personagem já então por muitos reconhecido como hábil e envolvente, evocam-se, sucessivamente, uma intervenção sua junto das instâncias judiciais (nunca bem esclarecida), a propósito do processo Casa Pia, a entrada e saída precoce do primeiro governo de Sócrates para se candidatar à Câmara Municipal de Lisboa e, anos depois, o sinuoso processo que conduziu à substituição de A.J. Seguro como Secretário-Geral do seu partido.

Provavelmente nunca se saberá em concreto o que se passou, mas no exercício da política, para além do instinto, há “o agora ou nunca”,  que é diferente “dos tempos da política”, e que poderá ter sido determinante para que esse passo arriscado tenha sido por ele dado, por motivação própria ou estimulado em conclave.

Ei-lo então, pouco tempo depois em campanha eleitoral e em debates televisivos com Passos Coelho, onde para surpresa dos mais atentos, face às qualidades políticas que lhe eram reconhecidas, fraquejou – constatou-se que nesse contexto não era um bom orador – pouco fluente e pouco sagaz no uso da retórica, e também não se revelou um bom comicieiro, daqueles que fazem “chorar as pedras da calçada”.

A forma como geriu o caso Sócrates também deixou pontas soltas por sarar, mas tudo foi ficando para trás quando ascendeu a primeiro-ministro de forma original, liderando a geringonça.

Apesar de toda a experiência até então acumulada, não deve ter levado muito tempo até se recordar, uma primeira vez,  da frase “um povo que não se governa nem se deixa governar”.

Mas se em plena primeira campanha eleitoral para as legislativas tinha revelado fraquezas inesperadas, sempre pareceu ser um político resiliente como poucos, que consegue sobrepor o prazer e o à vontade no papel desempenhado face aos embates do imprevisto ou do achincalho em espaços públicos, posicionando-se acima do ruído envolvente, aparentemente sem grandes mossas.

Escreveu-se que no recato do gabinete conseguia ter acessos de acidez com os seus (a ser verdade numa interessante sintonia com Sócrates), mas foi a sua primeira chefe de gabinete que ficou conhecida cá fora, justa ou injustamente, por ser ela própria no desempenho dessas funções “um animal feroz”.

Este modo de estar e de exercer o poder teve um antecedente viral que veio (provavelmente), do primeiro governo de Sócrates (e que se acentuou no segundo governo), durante o qual tiveram lugar vários exercícios miméticos de autoritarismo e descontrolos vários a partir de segundas e terceiras figuras de gabinetes do poder, fazendo emergir notórias impreparações para as respetivas funções, com os efeitos decorrentes, como se verificou depois: de desenlace em desenlace até a desagregação final.

Com estes antecedentes ainda algo frescos, admite-se que tivesse sido difícil, no início da geringonça, tendo de formar à pressa um governo minoritário e unilateral, deixar totalmente de parte, alguns dos intérpretes menos recomendáveis da experiência anterior mas, com grande probabilidade, esse foi um primeiro passo em falso na constituição e funcionamento desse governo.

Quando se integra um qualquer governo as intenções e as expetativas dos titulares de funções são as melhores mas, agora que o tempo decorrido já o permite afirmar, até entre as caras novas que emergiram das escolhas feitas para o governo da geringonça é difícil, muito difícil, afirmar algo do género: ora aqui está quem no uso das suas funções governativas prestigiou a função  elevando a natureza do cargo.

Então, bem cedo, as fragilidades expostas nos grandes incêndios de Pedrogão Grande quase levaram à déblâcle precoce, mas seguiu-se uma notável intervenção durante a pandemia, onde se foi revelando progressivamente um primeiro-ministro a exercer uma liderança segura, mais maduro, gerador de ânimo onde pontuava a desconfiança, o descontrolo e armadilhas várias, um político  humanizado entre os demais, e confiável como qualquer sociedade aspira.

Apesar disso não conseguiu antever e/ou controlar devidamente, em toda a sua extensão, o que viria a seguir em vários domínios das políticas públicas, e apesar de ter passado entre “os pingos da chuva” da memória seletiva, não conseguiu intérpretes à altura para edificar e concluir bem um processo de Descentralização de Competências nas Autarquias Locais, sobretudo de modo a que o cidadão comum se aperceba de que algo mudou e para melhor, tantos esforços e dinheiro depois.

(Especulação associável: imaginar que seria possível replicar a rapidez e eficácia do processo de fusão das freguesias da cidade de Lisboa, numa reforma impactante como a da Descentralização de Competências à escala nacional, sem intérpretes nem estratégia, comprova, se assim se passou, como a ingenuidade contamina frequentemente os exercícios políticos)

Depois chegou a inesperada maioria absoluta e pareceu vislumbrar na expressão facial de vitória cantada do primeiro-ministro (que afirmava que os portugueses não gostavam de maiorias absolutas), alguns traços de amargura e desencanto.

De facto  tal como o sistema está estabelecido e funciona, o pior que pode acontecer a um político que queira governar o país é cair-lhe no colo uma maioria absoluta. Em rigor e nas atuais circunstâncias, para além de uma maioria absoluta representar (quase sempre) uma minoria de eleitores, representa ainda uma maior minoria de cidadãos identificados com ela.

Se a isso se adicionar que o sistema não privilegia alternativas mas sim oposições, então o caldo contém as condições ideais para rapidamente ser entornado.

Dito de outra forma, é muito mais seguro governar em minoria, mas se acontece obter-se uma maioria, então a única coisa a fazer para tentar sustentá-la é criar uma coligação dinâmica de suporte o mais abrangente possível (dentro do espectro político e dentro do espectro social), para limitar o poder dos focos de contestação que se vão alimentar do progressivo isolamento da maioria.

(Uma vez mais não aconteceu assim, donde se conclui que a lição não está aprendida)

De algum modo, sobre ele, formou-se no tempo e subjaz a ideia de ter sido mais consistente no desempenho de funções ministeriais, progressiva e talvez excessivamente confiante enquanto presidente da edilidade lisboeta, e um primeiro ministro intermitente, isto é, com frequência não soube agarrar os momentos e transpô-los adequadamente para as perceções e expetativas dos destinatários e da sociedade em geral.

A FALÁCIA COMUNICACIONAL

Por diversas vezes aqui se tem referido que uma das melhores maneiras de se aferir se um governo está em ponto de rebuçado para cair, é verificar o impacto público de comportamentos e ações das suas Assessorias de Imprensa.

Em particular isso tem sido muito visível nos governos do Partido Socialista, desde António Guterres, o qual se rodeou, ele próprio e de início, de um jornalista qualificado da televisão portuguesa, mas a comunicação de um governo não se restringe à assessoria do primeiro-ministro, fator este que associado à usura do tempo e a epifanias de Assessorias de Imprensa associadas, pré-sinalizou no tempo a respetiva demissão do cargo.

Depois, Assessores de Imprensa dos governos de Sócrates, replicaram na relação com os media, a conhecida irascibilidade do líder bem pontuada no exercício do respetivo Assessor desse primeiro-ministro, formatado nos tempos e no gabinete ministerial de Manuel Maria Carrilho, também ele um governante com nervos à flor da pele...

(Os partidos políticos nas relações conspícuas que estabelecem com os media não aprendem a lição, e quando chegam ao governo não sabem como comunicar com os media e com a sociedade, e muito menos qual o perfil ou perfis de especialistas a recrutar para o efeito.

 Não é apenas um problema da governação é um problema endémico do sistema político: em determinado momento o anterior Grupo Parlamentar do Partido Socialista escolheu e mantém na atualidade como  seu Assessor de Imprensa o ex-Assessor de Propaganda e de diatribes comunicacionais de Bruno de Carvalho no Sporting Club de Portugal, um ex-jornalista que pode ser a melhor das pessoas mas que no desempenho de funções no clube desportivo fez tudo o que os Códigos Deontológicos das especialidades da Comunicação condenam.

Aliás, no desempenho das suas atuais funções não se exime a aparecer assiduamente à frente das câmeras de televisão - como se pede levar a sério quem toma e quem permite estas decisões?)

O agora ex-primeiro ministro, que se refere amiúde ao seu modo de encarar a vida de forma otimista, apresenta um aspeto curioso que une a generalidade dos políticos com este traço comportamental e de personalidade, que é o de acentuarem a subalternização do papel dos seus Assessores de Imprensa, constituindo por isso ao longo das respetivas carreiras, um variado portfólio de quem os acompanhou nessas funções.

Quando começou a liderar a geringonça, o primeiro-ministro já colecionava vários anteriores Assessores de Imprensa, tendo então, porventura com aconselhamento, escolhido um outro perfil de Assessor, cujo início de funções, apesar de alguma juventude e inexperiência latente parecia vir a ser prometedor, convocando, envolvendo, e tentado motivar os profissionais de comunicação das estruturas da Administração Pública – uma espécie de luz ao fundo do túnel, trémula é certo, para um conjunto de funcionários públicos mais ou menos qualificados, mas quase sempre desqualificados e limitados funcionalmente no interior dos respetivos serviços.

Não se conhecem as razões que desossaram precocemente essa experiência de Assessoria de Imprensa diferente, sem recurso à velha escola de recrutamento, o que é certo é que a situação foi resolvida a contento das partes e sem bruaás desnecessários como tantas vezes acontece.

Anos mais tarde, quando a bolha que sempre isola e aprisiona quem  está há demasiado tempo no poder sem ter os necessários contrapontos, surgiu  a improvável entrevista do primeiro-ministro adornada na respetiva e inacreditável capa publicada em edição da revista «Sábado», agitando os primeiros demónios em tempos de calmaria, depois quando se começou a perder o equilíbrio e a capacidade de ver mais longe,  “os apoios” fizeram o seu papel e o governo foi recrutar uma das Agências de Comunicação do regime para acolitar o governo, (com os resultados que se conhecem e que sempre acontecem), e foi o que se viu daí em diante.

O grand finale foi, sem dúvida, o novo logótipo do governo de maioria absoluta, que revelou uma vez mais à evidência que os governantes, à medida que cresce a sua autoconfiança planam sobre o que consideram ser a espuma dos dias, não se dando conta dos efeitos perversos que geram e que germinam de modo larvar, quando evidenciam o seu desconhecimento básico em matérias que são especializadas e têm os seus quês, apesar de, sobre elas com especial leveza e prosápia, toda a gente opinar.

É preciso estar ciente que estes logótipos são representações gráficas que configuram os respetivos governos e não especificamente o Estado ou o país.

A respetiva adjudicação, a execução, e a aprovação carecem de outro know how e menos leveza. Todavia a execução custa sempre montantes não desprezíveis, pelo que a simples e prioritária eliminação pelo atual governo do que existia, apenas por que representava algo do que os antecedeu, significa que, afinal, o bom ou o mau uso do dinheiro público é quase sempre o que nos convier em cada momento.

Mas a coisa não ficou por aqui. Recentemente foi notícia de que esse logótipo foi distinguido com um Prémio de Design. E daí? Infere-se o estatuto de aceitável ou de indiscutível?

Persistentemente, os governos do Partido Socialista, para além dos problemas estruturais de comunicação como um todo, têm tido acentuados problemas com logótipos, pelo menos e também eles desde os tempos de António Guterres.

Mais recentemente o próprio governo da geringonça teve problemas com o logótipo adotado – isso passou despercebido no espaço público, mas tem sido de tal forma recorrente que parece uma sina...

(Tudo isto evidencia uma grande mentira que se quer instalar por via da refrega política no espaço mediático, e que consiste no seguinte: que os governos do Partido Socialista são péssimos e só se têm mantido anos a fio no poder porque são excelentes propagandistas de si mesmos. Ora a questão deve ser posta da seguinte forma: se esses governos têm sido tão maus assim e a respetiva comunicação ainda é pior, então porque é que têm resistido tanto tempo no poder?

Ou, dito de outra forma, algo de bom devem conseguir fazer, ou a sua ação ser entendida como tal – como se passa com quase todos os governos – apesar da péssima comunicação que associam à sua atividade)

ENTRE O HOMEM E O POLÍTICO

De novo o fator humano: mesmo para um primeiro-ministro que reconheceu ser intrinsecamente um otimista, alguém que acredita que o tempo tudo resolve, deve ter sido penoso ao longo de anos e anos ter de escolher tantos e tantos colaboradores, porventura alguns a contragosto, sem a convicção plena e o conhecimento suficiente do “quem é quem”, da respetiva capacidade, e de que pelo menos um número significativo se viesse a revelar na postura e desempenho das respetivas funções públicas.

Mesmo para um homem com estas caraterísticas tem de ser penoso, mantendo a fleuma, não reagir “à letra” às palavras blasés do seu antigo professor e inquilino de Belém, que o considerou publicamente, entre outros mimos e para além de lento, enquanto seu aluno universitário, como uma espécie de um aluno cábula, mais atraído pela política, “mas que se safava bem nos exames”...

(O Processo de Bolonha deu origem à massificação dos doutoramentos e dos doutorados, sem que se saiba se o país beneficiou algo disso até ao momento, um assunto a revisitar proximamente. De todo o modo, a ideia laboriosamente construída durante décadas de que, no altar da nação, uma pretensa genialidade combinada com um doutoramento à moda antiga seria a solução para os nossos problemas, estilhaçou, até para os crentes, fragorosamente)

Apenas algo de transcendental justificará tanta capacidade de encaixe sem um “ai” de retorno, perante as sucessivas tiradas desprimorosas e despropositadas de Belém, dando-se o ex-inquilino de São Bento ao luxo (ou ao aviso a quem aprouver), de dizer e repetir que não escreverá sobre as suas memórias dessa relação e desses tempos. A ver vamos.

Depois, a menos que a respetiva demissão tenha sido mais do que um ato repentino e inesperado, viu-se de repente a braços com um "abraço de urso". Alguma vez saberemos o que se passou, de facto?

Diz-se que há muito que anseia e que trabalhou afincadamente nos bastidores para vir a ocupar um cargo europeu, veremos se será assim, uma coisa é certa apesar da democracia nos remeter para imaginários coletivos, não há nada de mais solitário do que um decisor político, no modo e no tempo.

Existindo essa vontade e venha ela ou não a ser materializada, adensa-se o estranho caso dos que não tendo conseguido, em plenitude, ser profetas nesta terra, ainda assim almejam atingir o éden do reconhecimento global: pelo menos Durão Barroso, António Guterres, e até Freitas do Amaral, não descansaram até ocuparem cargos internacionais. Pouco reconhecidos cá dentro e bons lá fora?

Certo é que, pelo menos até agora, todos os desempenhos associados decorreram (ou decorrem), sem especial brilho, e ao contrário do que às vezes nos pretendem fazer crer, talvez não signifiquem tanto quanto isso para o país, talvez até menos do que uma qualquer medalha olímpica, entretanto já esquecida... 

(Pois, e o que se poderá dizer dos desempenhos dos anteriores ocupantes (estrangeiros), desses cargos: melhores, piores, ou nem por isso?)

UMA SIGNIFICATIVA VIAGEM – O HOMEM PARA ALÉM DO POLÍTICO

Indo o texto longo, iniciado com o reporte de uma ocasional e singular de uma curta viagem de Metropolitano, é chegado o momento de refletir em que medida ambas as realidades, de ser humano e de político, coabitam, interagem e se desenvolvem (ou não), dentro de cada um de nós.

Do nosso ex-primeiro-ministro subjaz a sua aparente e quase constante bonomia facial, alguém de bem com a vida, vislumbra-se por ali qualquer coisa de Mário Soares (talvez até nalguma irrascibilidade com os colaboradores diretos), quem sabe se provém da sugerida costela oriental a sabedoria de saber esperar pelos tempos certos, e de que modo todos esses fatores envolvem e são determinantes nas ligações estabelecidas com o seu núcleo familiar de base.

Tantos anos depois, não se adivinha em que medida os longos anos na política ativa e a prova de fogo como primeiro governante, terão moldado ou não a sua personalidade e modos de vida.

O passar do tempo marca-nos a todos, mas ele, observado do exterior e à distância, terá sabido manter com discrição e equilíbrio os afetos da sua vida familiar, mesmo nos momentos mais delicados que sempre ocorrem, o que se sublinha e ao contrário do que se passa com outros mais tentados a puxar e a exibir mediaticamente nacos de superficialidade.

Não é tudo, mas não há que esperar por homens perfeitos tal como é uma ilusão almejar por políticos superlativos; apesar de tudo, no deve e haver, talvez seja preferível valorizar os políticos que não se descosem da sua faceta humana, ao contrário daqueles que tanto se esforçam, ora por ser populares ora por ser austeros, negligenciado a natureza intrínseca do que os define e suporta.

Não se sabe se o nosso ex. voltou ou voltará a andar descontraidamente no Metro lisboeta e se o fará de novo acompanhado da família próxima, agora que as vidas de cada um dos seus elementos constituintes vão seguindo caminhos próprios.  

A permanência e o destaque, resilientes, na memória desta fita do tempo como agora se diz, sublinham a convicção de se estar na presença destacada de «Um homem catita».

Perceções e sensibilidade quanto baste - por enquanto e até ver é assim.

 

 

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