Uma marca não é um logo

Quando se fala em construir uma marca, muitos imediatamente pensam no design do logo. Mas, acredite, essa é uma visão limitada e, infelizmente, bastante comum. Vamos mergulhar um pouco mais fundo nesse universo?

Em 2015, tive a oportunidade de fazer uma consultoria para uma conceituada empresa de restaurantes e eventos em Salvador/BA, amplamente reconhecida por seus atributos emocionais e funcionais. O que inicialmente me surpreendeu foi identificar que a empresa operava com 7 logos diferentes (você não leu errado. SETE!), cada um marcando presença em lugares distintos, desde a fachada até os aventais. Apesar dessa diversidade, percebi, em conversas desde a diretoria aos colaboradores, uma consistência notável na compreensão da essência e posicionamento da marca. Essa uniformidade de percepção revelava que, independentemente da variação visual, a identidade da marca estava enraizada na mente de todos os envolvidos.

A empresa nunca havia se submetido a um processo formal de consultoria de branding, confiando puramente na intuição. Porém, com o crescimento das mídias sociais e a necessidade de uma presença online coesa, se tornou essencial alinhar a experiência digital à offline, já estabelecida com sucesso. Foi então que entenderam a importância de uma gestão e consolidação estratégica da marca. E, claro, neste processo, o ajuste da identidade visual.

Essa experiência é um exemplo que frequentemente cito em minhas aulas de branding. Um negócio que, ainda que de forma intuitiva e "caseira", havia suas raízes bem estabelecidas, traduzindo os seus valores para todos os stakeholders envolvidos em sua operação. Uma marca muito bem desenvolvida que vagava entre 7 logos, traduzindo o título deste artigo: uma marca não é um logo.

Quando alguém procura a agência querendo apenas um logo, optando por não seguir um processo completo de branding, é mais um projeto que nasce sem uma base estratégica sólida.

Muitos empreendedores, ansiosos por "ter um logo" e lançar logo a sua nova empresa, pulam etapas essenciais como o Plano de Negócio e o desenvolvimento do Branding.

Embora o logo possa atender inicialmente, dependendo do nicho, inevitavelmente chega um momento em que algo parece faltar, a concorrência se intensifica, e a perda de participação no mercado se torna uma realidade.

O processo de branding é composto por 4 etapas fundamentais: Estratégia, Identidade Verbal, Identidade Visual e Experiência. Dentro da Identidade Visual, abordamos diversos elementos, como o logotipo, cores, tipografia, fotografia, composição visual e diagramação. Mas essas são apenas partes de um todo coeso que trabalha em harmonia para comunicar os valores, visão e a essência da marca.

Um logo bem concebido é importante, sim, mas não é o todo. Uma marca é muito mais do que um símbolo visual; é a soma de todas as experiências e percepções que ela evoca. É esse entendimento do branding e sua importância que transforma empresas em marcas memoráveis e duradouras.