Uma pausa para a fé
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Uma pausa para a fé

O Garimpo – Capítulo XI | Uma pausa para a fé
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Tema do capítulo anterior, a gestão, embora direcionada para os contratos, retrata uma das realidades mais presentes em nosso dia a dia: não importa o que façamos, estamos continuamente exercitando o nosso poder de gestão. Até mesmo quando ociosos, gerimos o nosso ócio (de preferência criativo, como bem ilustrado pelo meu conterrâneo, o pensador italiano Domenico de Masi).

Ao longo desta série de artigos, muito se falou dos atributos e experiências que constituem os pilares de uma gestão de resultados, mas resta ainda um elemento, impalpável, que potencializa nossos pensamentos e os materializa de forma irrefreável.

Este elemento, tão precioso, é a fé. Neste caso, o poder de acreditarmos em nossa própria capacidade de realização. A conquista de um estado de fé inabalável é árdua, talvez inapreensível. Afinal, humanos que somos, estamos todos sujeitos a instabilidades e oscilações que nos remetem à necessidade constante de renovação da fé, por meio da autoanálise, como ponto de partida para o autoconhecimento e para o autocontrole.

Por vezes, quando enfim cremos ter vislumbrado as fronteiras entre o humano e o intangível, um simples sopro de dúvida pode derrubar nosso castelo de certezas, remetendo-nos à estaca zero.

De certa feita (trata-se de um caso verídico), para pôr à prova a presença de uma suposta entidade superior, um homem pediu-lhe algumas palavras, de modo que expressassem um conceito revelador, que o ser humano não fosse capaz de conceber. Então, a dita entidade retrucou: “se o ser humano não é capaz de elaborar tal conceito, como seria  capaz compreendê-lo?”

Surpreso com o revide, o homem viu-se testado em sua própria fé: seria esta uma legítima revelação? Ou a resposta, tão desconcertante, seria produto do seu inconsciente?

Sobre a fé noutras vidas, paira a questão. O certo é que, em nossa vivência terrena, tanto pessoal, quanto profissional, não há objetivo que possa prescindir da fé, como força motriz para a sua concretização.

De modo figurado, pode-se dizer que o milagre, talvez, não seja obra do “santo”, mas da  nossa crença incondicional de que o santo poderá operá-lo. Seria exagero dizer que não voamos por sermos reféns da razão? Do mito de Ícaro à ousadia de Santos Dumont, felizmente, já fizemos bastante progresso. A verdade é que, dentre as minhas próprias experiências bem-sucedidas, não houve uma sequer que não tenha sido fruto da mais absoluta e obstinada convicção. Quem já não ouviu a tão famosa máxima “querer é poder”?

Na prática, nada acontece por acaso e, creio eu, tudo é impulsionado pela emanação da nossa vontade. O ser humano, dotado de inteligência e senhor do seu arbítrio, ainda é o único, dentre os seres vivos que conhecemos, capaz de sonhar, de traçar objetivos e de realizá-los, por meio da fé e de ações efetivas, movidas por esta crença superlativa, que nos impulsiona e fortalece.

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