Uma recomendação infalível para um presente nesse Dia Internacional da Mulher
O meu dia da mulher foi ontem. Recebi um presente incrível.
Sim, o dia é delas, mas quem ganhou o presente fui eu.
Permita-me dividi-lo com você.
Uma colega de trabalho me chamou pra uma conversa. Ela me contou que era comum que se sentisse diminuída com a forma como me dirigia a ela no ambiente de trabalho.
Ela foi cuidadosa e me apontou fatos concretos e situações recentes onde isso aconteceu. Indo além, ela me deu exemplos de como eu poderia me comportar de forma que não fizesse com que ela sentisse isso. Esse é o melhor tipo de feedback que existe, mas é super trabalhoso de estruturar.
Confesso que, na hora, senti muita vergonha e até raiva, mas me contive. Era tudo muito real e recente. Ela é uma pessoa com quem eu gosto muito de trabalhar, então também tive medo que nossa relação estivesse abalada de forma irreparável.
Então ela me deu espaço para falar.
Não me justifiquei.
Ela me ouviu enquanto eu pedi perdão por ter feito com que ela se sentisse assim. Eu não percebia que era assim que ela se sentia. Eu não notava que era dessa forma que eu era percebido. Infelizmente, não tive empatia para notar que isso estava acontecendo. Graças à ajuda dela, consegui perceber meus erros.
Anteriormente à essa conversa, imaginei o cuidado que ela teve conosco, com a nossa relação profissional. Há um evidente degrau de experiência entre nós sob o ponto de vista técnico. Tenho mais tempo de experiência que ela como profissional na nossa área, mas do ponto de vista interpessoal, ela certamente já tem muito mais competência que eu.
Depois da conversa de ontem, olhando para trás, vejo que errei muito, e nem imagino quantos devem ter sido os dias nos quais eu a fiz se sentir inferior, incompetente ou desprezada, tudo sem a menor necessidade.
Veja que ela não tinha nenhuma obrigação de assumir postura ativa e me puxar para essa conversa, muito pelo contrário. Ela foi generosa na sua crítica, me ajudou a crescer como profissional e como ser humano. Eu a agradeci e prometi que isso ia mudar. Não só com ela, mas com todas as pessoas com quem eu trabalhasse a partir de hoje.
Receba esse presente junto comigo.
O Dia Internacional da Mulher não é uma data só para elas terem cada vez mais coragem de se levantar contra esse tipo de pequenas e grandes opressões que acontecem cotidianamente. Essa data também é uma oportunidade para todos nós, agressores em maior ou menor grau, revermos nossa postura e exercitarmos nossa empatia.
Se você se sente pronto para isso, pense duas vezes. Se ainda se sentir assim, convide uma mulher que trabalha contigo para conversar sobre a relação de vocês. Não se justifique. Apenas ouça. Perceba como o machismo e o preconceito acontecem de forma invisível para quem é integrante de maiorias representativas, como nós, homens, brancos, héteros, cis em cargos mais estáveis. No final, só agradeça — e peça perdão, caso seja necessário.
Receba esse presente e viva o dia internacional da mulher junto com elas. Com honestidade e humildade.
O dia é delas, mas todos nós temos a ganhar com essa reflexão.
Recruiter | Headhunter I Talent Acquisition I Human Research I D&I I Consulting
3 aCobbi todos nós temos algo para aprender, e reavaliar, mas tratando pela data do texto, muito bacana essa abertura tanto para a escuta ativa (tão falada) e para a auto reflexão. Que muita gente possa aproveitar o texto para promover mais diálogos/escutas abertas, e reduzir essas diferenças que ainda permeiam a nossa sociedade. Tá de parabéns! E obrigada pela reflexão :)