Aplicando Design Thinking na gestão de carreira

Aplicando Design Thinking na gestão de carreira

Três anos atrás, comecei uma mudança na minha carreira. Não foi um processo simples. Há muitas variáveis a serem consideradas e etapas a serem seguidas para decidir para onde ir e qual a melhor estratégia para se mover até lá. Nesse processo, conversei com muitas pessoas, usei muitas ferramentas, passei por processos de autoconhecimento e assim por diante. Afinal, funcionou! Eu fiz isso! Agora estou no lugar que quero estar e com uma trajetória de carreira clara na minha frente para seguir.

Alguns amigos pediram minha ajuda para fazer o mesmo, e eu encontrei no Design Thinking a mentalidade e as ferramentas que poderiam resumir o processo pelo qual passei. E é isso que vou compartilhar com você agora.

Desing Thinking

Design Thinking é uma abordagem de resolução de problemas e gerenciamento de projetos cujos três pilares são: Empatia, Colaboração e Experimentação. Design Thinking abre espaço uma gama de soluções inovadoras para o problema e, ao mesmo tempo, relevantes para o usuário.

O grande valor é que o Design Thinking é uma maneira de pensar! Uma mentalidade que permite que as soluções sejam inovadoras e significativas. Usar essa mentalidade para gerenciar sua carreira ajuda você a enxergar além do que vê agora, entender o contexto atual real e trazer soluções inovadoras para as barreiras que descobriu.

Príncípios e Ferramentas

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1. Imersão (Empathize)

No processo de Design Thinking, o primeiro passo é realizar uma imersão no assunto. E, como Design Thinking é sobre criar a partir do olhar do usuário, conhecer muito bem o produto ou serviço e quem vai usá-lo não é o suficiente. É necessário pensar como o usuário pensa, sentir como ele sente e falar como ele fala. Isso é empatia! E é a melhor forma de gerar soluções eficazes e revelar oportunidades escondidas para inovar.

Compreensão profunda

Em uma avaliação de carreira, essa etapa se trata de uma imersão em si, para que você consiga revelar quais oportunidades de inovar estão escondidas ou se existe algo te bloqueando ou incomodando. O Mapa de Empatia é uma ferramenta usada em Design Thinking que ajuda a se colocar no lugar do usuário e captar seu ponto de vista. Adaptei essa ferramenta para ajudar você a avaliar como está sua situação de carreira atual. Use essa ferramenta para se aprofundar em você, buscando observar aspectos profissionais que você ainda não percebeu e revelar informações importantes para os próximos passos.

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Outra ferramenta é a Jornada do Usuário. Use a olhando par um dia comum no seu trabalho de agora ou anterior, aquele que não te deixava contente ou satisfazia suas necessidades. E coloque em ordem temporal, quais era as suas ações/atividades e quais eram as emoçoes relacionadas a isso. O objetivo dessa jornada é te ajudar a entender quais são os seus pain points nessa jornada, para poder trabalhar em como melhorá-los.

Dica 1: Design Thinking é colaboração! Portanto, procure chamar algum amigo, parente ou colega de trabalho para te ajudar a construir esse mapa. Você pode fazer o mesmo em todos os passos seguintes. Engaje outras pessoas a realizarem o processo juntas, assim todos podem participar dessa gestão de carreira e colaborar uns com os outros. Pode ter certeza de que vai ser muito rico! ;)

Dica 2: Em relação a essa primeira fase, se você tiver a oportunidade, faça uma avaliação de autoconhecimento profissional para enriquecer seu mapa de empatia. Isso foi essencial pra mim, me trouxe muita informação sobre minha atuação profissional, meus pontos fortes e fracos. O teste que fiz é pago, creio que devem existir outros tipos que sejam gratuitos. Mas garanto que é um investimento e tanto para quem está nessa fase de repensar o futuro de sua carreira.

Dica 3: Confie no processo! Por mais que você obviamente saiba como é o seu dia-a-dia, quando você se coloca na posição de observador, consegue entender muitos incômodos que passam desapercebidos. E podem ser eles que você precisa ajustar.

2. Definição (Define)

Nessa etapa é feita a síntese do que foi levantado na imersão, tanto de informação relevante quanto de insights. E a partir daí se define a questão que será trabalhada.

O primeiro passo é interpretar e organizar as informações que saíram no mapa de empatia. Você pode começar fazendo um Affinity - agrupamento das informações a partir de pontos em comum entre elas. O objetivo é extrair dessas informações, algum padrão que revele a questão a ser trabalhada.

Por exemplo, você pode perceber que foram recorrentes informações sobre a falta de desafios no seu ambiente de trabalho atual, ou o excesso de trabalho e pressão, ou a falta de interesse em executar tarefas, ou até mesmo a falta de compatibilidade com seus colegas de trabalho. Explore e combine as informações até que emerja essa questão mais ampla.


3. Ideação (Ideate)

Esta é a fase de idear soluções para a questão. Geralmente é quando se usa o já famoso Brainstorm. Mas é possível ir além disso. O aprofundamento nessa fase garante ideias mais inovadoras!

Agora você já tem uma questão a trabalhar. E para potencializar a geração de ideias que vão trazer respostas para sua questão, é necessário muita inspiração! A inspiração pode vir de uma segunda fase de imersão onde você pesquisa sobre o assunto da questão, conversa com pessoas que podem acrescentar pontos de vista interessantes, vê filmes relacionados, ou qualquer outra coisa que sirva para te inspirar na geração de ideias.

Com a inspiração alta, comece a gerar ideias para essa questão. Separe um momento só para isso. Fique livre para escrever o que vier a sua cabeça. Não formule demais, use frases simples mas completas. Tente gerar um grande volume de ideias nesse momento. Não se prenda a questões logísticas de como aplicar, ou o que pode dar errado. O intuito do brainstorm é te levar para lugar diferentes do que você enxerga no momento. Por isso é importante seguir o fluxo das ideias que surgirem, sem barrá-las.

Tenha sempre em mente que você terá que gerar ideias que solucionam sua questão.

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Quando sentir que o fluxo acabou, é hora de organizar essas ideias. Para isso você pode usar uma Matriz de Decisão - ferramenta que separa visualmente as ideias em questão de relevância e simplicidade de aplicação.

Ao final, selecione as ideias mais relevantes e com maior simplicidade de implementação e comece por aí a solucionar seu desafio.


4. Prototipação (Prototype)

Este é o momento pensar em colocar a ideia no mundo. A fase de prototipação ainda é um momento de captar novos insights, mas já colocando as possíveis soluções no contexto da realidade. É molhar o pé antes de mergulhar.

Independente de quais tenham sido as ideias principais que saíram da ideação, quando se trata de carreira, é importante estar atento para não colocar em risco tudo o que você conquistou até o momento. Portanto, fazer protótipos é a melhor maneira para visualizar e aprimorar as soluções que surgiram, garantindo que o processo será pensado passo a passo.

O mais importante é você ter em mente onde quer chegar com esse protótipo e não se perder no caminho.

Uma ferramenta que pode ser usada é o Storyboard. Ele é usado em produção de filmes e animações pois simula passo a passo antes de ser a feita a produção completa. Você usar desse recurso para tangibilizar o passo a passo das suas soluções, já prever possíveis erros e corrigi-los antes de testar.


5. Teste (Test)

A última fase do processo, requer aquela coragem de arregaçar as mangas e realmente colocar a solução no mundo. Será uma etapa de experimentação, erros, aprendizados e novas experimentações. O segredo dessa fase é ir com o que tem, sem medo de errar”, significa que você não deve se paralisar porque a ideia ainda está imatura, ou não é a ideia perfeita.

Mas sempre tenha uma estratégia para não prejudicar sua carreira.

Fake it till you make it

No início você pode não ter muita ideia de qual será o resultado final, mas pode mostrar que sabe. Claro, desde que não prejudique seu trabalho! Observe se o plano está saindo conforme o previsto no protótipo, se não está, procure analisar rapidamente quais ajustes devem ser feitos. Para otimizar essa captura de ajustes, você pode usar a ferramenta Que bom! Que tal? Que pena. - são três perguntas básicas que podem ser feitas sempre que necessário, ou em cada etapa de teste para te dar as informações do que está saindo bem, o que pode melhorar e o que precisa ser eliminado.

Nesta fase trabalhe sua confiança na execução de sua solução, você vai precisar dela. Para quem topa fazer esse movimento, é uma fase muito rica de aprendizados. E se o processo todo foi bem feito, as chances de aprimorar sua carreira serão muito grandes.


A gestão do processo

Para gerenciar todo o processo, ou pelo menos a fase de testes, você pode usar um Kanban com todos os detalhes dessa transição. Dessa forma, além de ser um lembrete dos passos a serem dados, você acompanha sua evolução. Essa é uma forma de dar dimensão ao que for sendo executado, além de ser um ótimo gerenciador de ansiedade.


Diego Paim

Leadership Development Manager at Nubank l Professor l Mentor l Researcher

6 a

Parabéns pelo artigo Michelle, sua associação entre design thinking e transição de carreira mostra quão versátil é este modo de pensar!

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