Valor presente líquido: entendendo na prática e como usar no dia a dia
Uma das atividades mais importantes de um gestor financeiro dentro de uma empresa é saber como alocar da melhor forma o capital disponível, pois é uma boa alocação que permitirá a empresa crescer, desenvolver novas tecnologias, contratar novos talentos, etc. Nesse artigo, vamos explicar como usar o VPL (Valor presente líquido) na análise de investimentos.
Se você nunca ouviu falar do VPL ou não se lembra, em termos simples, o VPL calcula o valor de todos os fluxos de caixa futuros de um projeto, trazendo-os para o valor presente. O raciocínio é o seguinte: imagine que você tem 100 mil reais e alguém lhe ofereça uma oportunidade de investimento de 3 anos, que renderá anualmente 40 mil por ano. Com isso, após esses 3 anos, a soma total dos valores recebidos seria de 120 mil reais. O que o VPL faz é, nos ajudar decidir se é viável ou não investir 100 mil e ter um retorno de 40 mil por três anos, totalizando 120 mil.
Antes que ocorra qualquer confusão, vamos deixar algo bem esclarecido: Valor Presente Líquido NÃO É a mesma coisa que Valor Presente. Apesar de os nomes serem parecidos, eles são, conceitualmente bem diferentes. A principal diferença do VPL e do VP é que o Valor Presente (VP) é utilizado para calcular o valor presente de uma quantia específica. Já o VPL traz a valor a presente de todos os fluxos caixas de um projeto ou investimento.
Para calcular o VPL, nós temos 2 fórmulas: uma nós usamos para quando os fluxos de caixas ocorrem em períodos regulares (diário, semanal, mensalmente, trimestral, etc) e outra, usamos quando os fluxos de caixas são irregulares.
A formula básica do VPL, no Excel ou Google Sheets, quando os fluxos de caixas ocorrem de forma regular, é a seguinte:
= VPL (taxa;valor1;valor2;...)
Onde:
Taxa: aqui colocamos a Taxa Mínima de Atratividade. Essa taxa, geralmente, é definida pela pessoa que vai investir o dinheiro. Por exemplo, imagine que um investidor lhe fale: só invisto em projetos que tenham rendimentos acima de 10% ao ano. Nesse contexto, a Taxa Mínima de Atratividade utilizada no cálculo do VPL seria de 10%, para avaliar se um investimento é viável ou não,
Valor1,Valor2...: valores do fluxo de caixa em cada período
Exemplo prático:
Suponha um investimentocom os seguintes fluxos de caixa anuais e uma taxa de desconto de 10%:
Para avaliar se o investimento é viável, cálculamos o VPL dos fluxos de caixa utilizando a fórmula do excel e subtraímos o valor do investimento inicial. Se o resultado final for positivo, o projeto é viável. Se o resultado for negativo, o projeto é inviável. Nesse exemplo, o resultado do VPL seria de -21,04. Ou seja, nesse cenário, o projeto não seria viável, pois resultaria em uma perda de 21,04.
Quandos os fluxos de caixas são irregulares, a fórmula é a seguinte:
=XVPL (taxa;valores;datas)
Taxa: A taxa de desconto (TMA) aplicada aos fluxos de caixa.
Valores: Um intervalo de células que contém os valores dos fluxos de caixa.
Datas: Um intervalo de células que contém as datas correspondentes a cada fluxo de caixa.
Exemplo prático:
Suponha um projeto com os seguintes fluxos de caixa irregulares e uma taxa de desconto de 10%:
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Nesse exemplo, o resultado do VPL seria de -2,06. Ou seja, nesse cenário o projeto não seria viável, pois resultaria em uma perda de 2,06. Para que o projeto fosse viável, o resultado deveria ser positivo.
Agora que você já entendeu como montar a fórmula no excel e interpretar o resultado, vamos entender alguns outro pontos importantes a respeito do VPL.
Outros indicadores, além do VPL
Avaliar se um projeto é viável ou não apenas considerando o resultado positivo do VPL pode ser um erro. É necessário entender o contexto da empresa. Para isso, além do VPL gosto de avaliar também o Payback do investimento, isso é, o tempo que o investimento demora para se pagar. Se a empresa não possui disponibilidade de caixa, geralmente, é melhor optar por prjetos com paybacks menores, mesmo que o projeto traga um retorno menor. Isso porque, uma empresa sem caixa é praticamente uma empresa morta. Então, é necessário avaliar o contexto de cada empresa.
Já empresas que possuem disponibilidade de caixa, projetos com paybacks mais longos, mas que geram mais valor para a empresa e para os sócios, podem ser a melhor opção.
Outra métrica que gosto de avaliar é o Índice de Lucratividade. Esse índice traz uma informação interessante, mas ele é mais útil para explicar a viabilidade do projeto para partes interessadas (sócios, pares, investidores, etc) que não estão habituadas com o VPL. A fórmula desse índice é:
IL = (VPL+Investimento Inicial)/Investimento Inicial
Se o projeto necessita de capital de terceiros (empréstimos) também precisamos considerar os seguintes indicadores: Cobertura de Juros e a Cobertura do Serviço da Dívida.
A Cobertura de Juros avalia se o fluxo de caixa futuro gerado pelo projeto é o suficiente para pagar os juros da dívida contraída para realizá-lo. Já a Cobertura do Serviço da Dívida usamos para avaliar se o fluxo de caixa do projeto é capaz de pagar o principal da dívida mais os juros. Em outras as palavras, a Cobertura do Serviço da Dívida mede se o fluxo de caixa é capaz de pagar a parcela total do empréstimo contraído.
Atencão: nessas análises, como a dívida será paga no decorrer do tempo, utilizamos o fluxo de caixa futuro, isso é, sem desconto da taxa utilizada no VPL. No caso do primeiro exemplo, com fluxo regular, o fluxo de caixa futuro seria a soma dos 3 anos, totalizando R$ 1.200
Cobertura de Juros = (Fluxo de Caixa do projeto / Juros da dívida)
-> se o resultado for maior que 1, o projeto gera caixa suficiente para pagar os juros
Cobertura de Serviço da Dívida = (Fluxo de Caixa do projeto / Juros + principal)
->se o resultado for maior que 1, o projeto gera caixa suficiente para pagar o principal e o juros da dívida
Bom pessoal, com essas ferramentas, já conseguirão avançar bastante na avaliação de viabilidade de um investimento ou projeto com mais segurança. Mas lembre-se, TUDO DEPENDE DO CONTEXTO DA EMPRESA. Se a empresa possui pouca disponibilidade de caixa, além do VPL positivo, verifique se o Payback é compatível com o fluxo de caixa da empresa e dê preferência para projetos que com Paybacks mais curtos. Se for necessário contrair um empréstimo para viabilizar o projeto, dê preferência para uma parcela compatível com o fluxo de caixa gerado. É claro que é importante avaliar a taxa de juros, mas é melhor pagar um pouco mais de juros e alongar a dívida com uma parcela que cabe no caixa, do que estrangular o caixa da empresa.
Outro ponto importante é considerar que nem sempre um investimento irá gerar fluxos de caixas no curto prazo. Alguns investimentos podem demorar anos para gerar fluxos de caixas positivos na empresa, mas podem ser investimentos necessários para se manter na liderança de um segmento, ou assumir a liderança. Nesses casos, tenha sensibilidade para os negócios da empresa e considere o valor gerado a longo prazo.
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