Valores feitos de diferenças
Vivemos um momento de grande complexidade, que posiciona o planeta em um desconfortável ponto de inflexão, no qual se interceptam várias crises que desafiam as gestões. Dispensável dizer que crescentes e potenciais riscos gravitam em órbitas cada vez mais próximas das administrações, exigindo total atenção por parte de quem gere e lidera. Em contrapartida, as oportunidades parecem multiplicadas. E o caminho do sucesso para aproveitá-las passa por uma revolução de ideias que saiam do quadrado e vislumbrem produtos e serviços inimagináveis, o que requer um pensar coletivo, ousado e, sobretudo, diverso.
Desenhar novos mercados ao invés de atuar passivamente à espera de nichos, passou a ser regra, pois o que se conhecia de convencional nesse sentido deixou de existir. Inovar hoje é mandatório e um diferencial em todos os aspectos, diante da gagueira cotidiana e da globalização que transforma em commodity, rapidamente, a maioria das novidades que se volatilizam em ciclos de vida cada vez menores.
Um dos maiores desafios, contudo, tem sido identificar a direção para a qual aponta o novo paradigma, que ainda não se configurou com plena clareza. Inegavelmente, ações de criatividade individual têm menores chances de alcançar feitos dignos de moldura, pois duas cabeças sempre pensaram melhor do que uma. Imagine um processo criativo com várias cabeças! Melhor que isso: de diferentes etnias, gênero, credo, orientação sexual, idades, visões e estilos de inventividade.
Eis uma receita que parece um caminho certeiro para o êxito. Claro, uma palavra salta à mente quanto pensamos em equipes plurais: respeito. Integrar diferentes culturas e pessoas, identificando e respeitando as diferenças em prol de um processo de evolução contínua em ampla perspectiva, é profícuo caminho para a excelência.
Considerando as peculiaridades regionais e culturais onde uma empresa tenha pontos de presença, atinge-se um admirável grau de maturidade ao se integrar a variedade, graças à sensibilidade regional em que se deve inspirar o processo de criação de políticas, códigos, padrões e diretrizes, para que não sejam excludentes.
Tudo o que se cria deve ser capaz de harmonizar o que possa haver de mais heterogêneo, buscando equacioná-lo em uma homogeneidade corporativa que respeita as diferenças, sublimando, cuidadosamente, no escopo de uma cultura de integridade, o que possa haver de melhor em cada civilização.
Não poderia haver melhor exemplo cidadania e dignidade do que a sintonia fina com que esse processo deve ser conduzido, em âmbito de nossa transculturalidade, pois o resultado é uma rede de mentes em sinérgicas conexões, colaborativas e inovadoras, em prol da melhor fluência organizacional.
Considerar o ser humano, com respeito aos seus mais variados matizes e como o maior ativo da empresa, nos inspira a eleger a riqueza da vida, independente da forma pela qual se materializa, apresenta e expressa, como o propósito maior de uma instituição. Nesse momento em que experimentamos a temporalidade tecnológica do presente contínuo, que requer ações instantâneas, relações digitais e imediatas, desfrutar de cérebros comprometidos com a inovação diante da frequente necessidade de desafiar o futuro, é crucial.
A complementaridade cultural na forma dessa profícua integração de talentos e valores reveste-se de especial importância. Com ela a pluralidade, a diversidade e as diferenças encontram na gestão respeitosa e na integridade a fórmula ideal para se antecipar o amanhã. Afinal, valores universais são feitos de diferenças.
CFO / Diretor de Finanças da ArcelorMittal Aços Planos América Latina
5 aMuito bom Sid! Recomendo enviar para os alunos do MBA GRC como leitura prévia.