Vamos falar sobre relacionamento... em 2015
Segue e-mail que recebi na última sexta-feira, dia 20/11/2015:
De: Assessoria de Imprensa XPTO
Assunto: MARCA Y lança nova coleção com festa super badalada
"Oi Hilário
Enviamos as fotos pós evento do início das comemorações da MARCA Y por XXXXXX, no ESPAÇO DE EVENTOS Z.
Confira as fotos abaixo e muitas outras no link: XXXXXX
Para mais informações é só falar comigo.
Beijo,"
Eu até conheço a MARCA Y. Eu realmente poderia ser usuário e indicaria ela para várias pessoas. O problema é que eu não fui convidado para o tal evento (e não sei se poderia ir também)... só recebi um monte de fotos, sem nomes das pessoas ou qualquer outra informação a respeito da tal festa.
Não bastasse isso, recebi outros quatro e-mails e duas mensagens de whatsapp perguntando se eu tinha recebido os e-mails e se a pauta rolaria!?
Eu me sinto extremamente ridículo por escrever um texto desse em pleno 2015, até porque não podemos generalizar... para cada empresa que faz um relacionamento ruim com influenciadores, blogueiros e jornalistas em 2015, existem pelo menos duas que fazem o trabalho bem feito.
Mas como estamos na internet e as coisas ruins é que reverberam, lá vamos nós conversar sobre essa prática que nos assola.
Além de trabalhar em agência de propaganda e atender vários outros clientes como freela, eu possuo um espaço no Brasil Post. Espaço esse que foi descoberto pelas assessorias de comunicação Brasil a fora e, segundo sites "especializados em precificar custos de espaços em veículos para assessorias", custa 10 mil reais o post. (Adoraria que fosse esse o valor e que principalmente eu recebesse para tal...)
Graças a este valor fictício, recebo uma média de 30 releases por dia falando sobre tudo que você imaginar: De evento de moda super concorrido, passando a lançamento de produto que eu não me interesso e terminando em sugestões de entrevistas e pautas que eu não faço a mínima ideia do que sejam. Ok, sendo justo, dos 30, uns três ou quatro se salvam e poderiam, de fato, virar pauta. Não viram por:
1 - O veículo não aprova o texto criado ir para o ar (sim, existe um editor no BrasilPost escolhendo o que vai ao ar)
2 - Até começo a escrever o texto, porém fico pensando em quem iria ler aquilo e, bem, não rola.
Mas esses releases que "viram pauta", só o viram porque quem envia faz o mínimo de dever de casa que é:
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- Conversar comigo além do envio desordenado de pautas por e-mail;
- Leu o meu espaço e entende que tipo de pauta vai me interessar, interessar meus leitores e por conseguinte, será aprovado pelo editor do veículo onde o meu espaço está.
- Sabe que o meu espaço, enquanto blog, não é um depósito de releases muito menos coluna social. Eu falo sobre variedades, mas isso não quer dizer que eu sou um ótimo espaço pra "anunciar" seu creme de depilação.
Outro dia surgiu um post da Ana De Cesaro, no Jobs & Jabás, justamente falando sobre isso. Em como o envio indiscriminado de "mimos e releases" e o follow up sem nenhum critério das assessorias e agências era nocivo para as marcas...
Uma das pessoas que participou da discussão, inclusive, falou o seguinte:
"Pensa q tem um cliente enchendo o saco da pessoa da agência, falando um monte, q pagou pelo envio, pela ação, etc. Acho que dar um retorno positivo ou negativo para agência vale a pena. Para vc pode ser mais um brinde chato, mas para agência foi uma ação planejada, reuniões, mailing, troca de email com cliente, prazos, etc."
Discordo. Quem disse que somos obrigados a saber e pensar como o cliente, a agência e a assessoria? Muito pelo contrário, quem tem que se adaptar e pensar como o criador de conteúdo/influenciador são as empresas, nunca o contrário. E se você tá propondo uma ação dessa como salvador da lavoura, em pleno 2015, você tem que ter total domínio e entendimento do que tá enviando, para quem está enviando e principalmente pensar: "Eu tenho um relacionamento legal com essa pessoa a ponto de garantir esse post?"
TRÊS COISAS PARA TERMOS EM MENTE:
1 - Se o seu produto não tem um "Q" de inovação; Não tem a ver com o veículo em questão; Não passa de uma propaganda descarada e velada... nem entre em contato com a pessoa.
Não existe isso de "vamos te divulgar". Na maioria esmagadora dos casos, você e a empresa que você representa é quem precisam daquele influenciador e não o contrário. Não existe isso... Seja claro e não tente enganar as pessoas. Elas não são burras. Não subestime a inteligência alheia e nem tire as coisas por você. Não é porque você "divulgaria esse serviço/produto", que as outras vão divulgar. Nem sempre as pessoas estão interessadas no que você tem a oferecer.
2 - Relacionamento é o segredo. Relacionamento não é criado com envio de release, nem muito menos forçada de barra pra você "virar melhor amigo da pessoa". Relacionamento é você deixar claro que está começando uma conversa e se aproximando da pessoa, deixar claro o seu interesse e gerar uma troca que seja boa tanto pra você, quanto pra pessoa.
Se você tem muita gente pra fazer follow up e conversar durante o dia, defina prioridades e exclua a galera do "se colar, colou". Esse tipo de prática além de medieval, te deixa com má fama entre os influenciadores e uma péssima impressão sobre a empresa para a qual você trabalha.
3 - Não envie e-mails de pós evento ou cobertura e lançamento de produtos para as pessoas, se você não convidou as mesmas para estar lá. Ainda mais se outras pessoas do mesmo segmento foram convidadas (e algumas até pagas) a estar lá.
Tudo muito básico, mas depois dos e-mails que recebi achei que era necessário como nunca falar e conversar sobre isso.
E vocês, o que acham?
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9 aNão envie e-mails de pós evento ou cobertura e lançamento de produtos para as pessoas, se você não convidou as mesmas para estar lá. ->>> THIS!!!!!! Como aquele conteúdo vai virar nota se você nem esteve presente?
Illustration / Ilustração. Editorial, books, interfaces and visual notetaking.
9 aExcelente, Hilário. Tem tudo a ver com vendas também. Às vezes a gente cai na armadilha do fazer a quantidade para obter a qualidade (ou seja, projeto fechado, rs) e acaba falando com muita gente sem ter o tempo de criar um relacionamento mais bacana. Obrigada pelo texto!
Atendimento e vendas no varejo bancário.
9 aSimplesmente excelente seu texto, Hilário! Essa assessoria sem foco, direcionamento e, principalmente, sem relacionamento, é mesmo uma prática comum no nosso meio. Particularmente, tenho uma clara impressão de que isso está prestes a mudar e que, dentro de alguns anos, não haverá mais espaço para isso no mercado. Um abraço!
Doutoranda em Relações Internacionais - Pesquisadora
9 aPara bom entendedor meia palavra basta. Direto, curto e educado. Esse desespero por posts sem estratégia está cada dia mais comum e só aumenta. Começo a questionar não só os profissionais que se propõem a isso como também as empresas que aprovam esse método.
Atendimento Senior - MassMedia
9 aO envio desordenado de releases causa isso mesmo. Mas discordo quanto a dar um retorno pra agência: não é uma questão de você saber o trabalho deles, mas sim, uma forma de sair do mailing (se for o caso) ou agradecer o envio. Eu adoraria ter feedback de alguma ação, pra saber se foi adequado, apesar de todo cuidado na preparação. E não estou falando de enviar presente ou release a torto e a direito...