Velcro ou Teflon?

Velcro ou Teflon?

A rotina da maioria dos adultos não é diferente, uma repetição diária que inclui trabalhar, resolver situações, levar filhos e buscar, para quem os tem, estudar, exercitar-se e obviamente, ler notícias nas redes sociais, arrastar o dedo e curtir fotos e eventos.

Mais ou menos assim, não é? Temos pontos em comum e quero chamar sua atenção para um deles, o que você curte e investe deu tempo.

Me identifico com a rotina citada acima e claro, com as leituras feitas nas redes sociais e estes dias, fazendo uma passagem rápida pelo LinkedIn, algo chama minha atenção, o envolvimento das pessoas em notícias dolorosas ou que representa a dificuldade de alguém. Lembro de uma notícia que a pessoa havia sido demitida e expôs essa notícia, fiquei impressionada com a quantidade de curtidas, comentários e compartilhamentos.

A pergunta é: quando alguém inicia uma carreira gera tanta sensibilidade? Me parece que não, e possivelmente tenha uma explicação para isso.

A primeira eu vou chamá-la de comportamental, é sobre nosso viés de generosidade, doamos algo em benefício do outro, neste caso, o nosso tempo e intenções de superação. Porém, uma outra possível explicação é fisiológica e neurocientífica, é sobre o que o pesquisador Rick Hanson chamou de Velcro e Teflon. Temos uma predisposição negativa voltada à sobrevivência imediata, o que nos torna mais propensos a dar atenção a questões negativas, atenção(velcro), que é contrária à qualidade de vida(Teflon). Ou seja, "valorizamos" mais as questões negativas, que "grudam" às positivas, que são como teflon, menos aderência.

Outro exemplo é a pesquisa do psicólogo Daniel Kahnemann que recebeu o Prêmio Nobel de Economia por demonstrar que a maioria de nós se empenha mais em evitar uma perda do que em conquistar um ganho equivalente.

A ideia dessa reflexão é que tenhamos mais consciência comportamental, menos automatismo e mais clareza do que fazemos, nossas escolhas, nossas leituras, nossas curtidas virtuais, nas quais muitas vezes, investimos tempo em questões que não fortalecem nossa saúde mental. Que continuemos generosos sim, porém, cada vez mais seletivos com a qualidade das informações que iremos alimentar nossos cérebros e dispender nossa atenção, menos velcro e mais Teflon. Pense nisso!

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