Vende-se Felicidade(?!)
World Happiness Summit 2019
Estes 3 dias em Miami foram revolucionários.
Se por um lado me sinto orgulhosa pelo reforço do meu conhecimento na área e acima de tudo pela minha ética de trabalho, por outro venho inquieta com alguns temas - correcção - venho ainda mais inquieta, era algo que já tinha "desabafado" algumas vezes.
Creio que mais do que nunca a felicidade é importante para todos, enquanto seres humanos e enquanto comunidades (sejam as do bairro onde vivemos, como a comunidade que temos na nossa empresa), a importância da relação humana, da pertença, do propósito, da compaixão, da hospitalidade humana (entenda-se sorriso, abraço, aconchego) nunca foi tão importante porque nunca nos relatos da história emocional, andámos tão perdidos.
A felicidade tornou-se assim um negócio, percebo, também o é para mim, do ponto de vista que é do meu trabalho que recolho a possibilidade de viver experiências e de viver com dignidade, mas ao tornar-se negócio começou a tornar-se confuso e apetecível, começam a surgir tantas abordagens distintas, métodos, apps, tanta coisa. Não me interpretem mal, acho ótimo tudo isso, acho que tudo o que cada um de nós puder fazer para aumentar a felicidade do outro é altamente meritório, mas também acho que temos de ter cuidado como posicionamos este tema no mercado.
Estamos a vender felicidade em cima da produtividade, do lucro, do ganho económico, estamos mais uma vez a dizer que o dinheiro que o lucro e ganho são o mais importante e que a felicidade é um bónus que por lá deixámos.
Não, a felicidade é o importante, tudo o resto é o bónus.
Portanto, o primeiro ponto é percebermos de facto o que estamos a vender e se o que estamos a vender é outra coisa, então não lhe chamemos felicidade.
O segundo passo é a educação comunitária e do tecido empresarial para estes temas, é nossa responsabilidade, de todos claro, mas sobretudo dos que trabalham estas temáticas, informar conscientemente, formar, educar, transmitir conhecimento o mais válido possível e não apenas a nossa perspectiva, há vários caminhos para chegar a Roma, certo?
Sonho - e acredito que este sonho não seja só influenciado pela minha parte do cérebro onde de vez em quando vive um unicórnio - com um contexto em que não tenha de entrar numa empresa e tentar vender felicidade.
Em que ela faça parte da necessidade intrínseca de serem comunidade, em que seja levada tão a sério quanto os objectivos financeiros e os relatórios de contas. Quanto vendemos e quão felizes estão as nossas pessoas?
Considerem isto um desabafo. Uma carta aberta a quem a quiser ler e sobretudo a quem como eu, quiser procurar os motivos certos e espertos para fazer as coisas certas.
Cristina Nogueira da Fonseca
// live.out (‘Of The Box’);
5 aUau. Já vou no teu segundo artigo. Adoro ler. Enviei pedido de conexao.