A verdade não precisa doer

Quando um gordinho aparece para fazer avaliação de saúde na academia deveria receber uma medalha ao invés de risinhos sarcásticos do avaliador sarado e a anotação de “atividade física para ontem” na caderneta.

Preconceito é o conceito formado antes de conhecer a verdade.  Sim, a maioria das pessoas obesas está com sobrepeso porque come demais e é sedentária, porém há exceções e se a pessoa se dispõe a entrar num programa de saúde já é um começo.  Piadinhas sobre o que ela já sabe e não gosta só atrapalham e desmotivam.

Segundo a Declaração Internacional dos Direitos Humanos: todos nascem livres e iguais.  Será que uma pessoa magra ouve algum tipo de gracinha pejorativa? Alguém pode dizer que não porque não precisa, mas quem somos nós para julgar quem precisa ou não ouvir julgamento?

Somos tão diversos que nem o branco dos olhos é igual de um indivíduo para o outro. Nossa cor, raça, estatura, peso, forma, cabelo, olhos, crenças, costumes, profissão, escolaridade, educação, gostos, história, família e outra infinidade de fatores nos tornam diferentes. Lidar com estas diferenças requer um bocado de trabalho e alguma sensibilidade.

Tratar todas as pessoas da mesma forma é igualdade, mesmice.

Tratar cada indivíduo diferente de forma diferente é equidade, justiça.

Com a facilidade das redes sociais percebo que além da exposição, aumentou também a quantidade de gente opinando sobre tudo que vê.  Somos um país livre, o problema é que as pessoas querem impor sua opinião, sem respeitar a opinião alheia.

Intolerância é um dos males do século.

Um professor de história quase foi agredido na fila do banco porque discordou de uma notícia que apareceu no telão.  Além de quase bater nele, o agressor foi até o trabalho da vítima para ameaçá-lo. As pessoas perderam o medo da exposição e querem estar certas no braço.

Travestis são assassinados,  mendigos são queimados,  gordos são humilhados.  Vivemos os horrores d e guerra porque pessoas simpatizam com a ideia de que é preciso eliminar os “diferentes”.

Toda discussão deveria ser uma troca de ideias.  Ninguém é dono da verdade absoluta, são opiniões, oportunidade para refletir e avaliar se procedem ou não. Quem precisa elevar a voz ou, pior, usar a força perde a razão.

A verdade dita com o intuito de ajudar o próximo,  não precisa doer.  Não é o que se fala, mas como se fala que faz a diferença.

Publicado originalmente em Gazeta do Iguaçu.