Viagem 173 - Uma semana mais fraca no salão, eu compenso no aplicativo
@ailtonten

Viagem 173 - Uma semana mais fraca no salão, eu compenso no aplicativo

Vinicius – 3528 viagens realizadas – Outubro de 2019


O carro se aproximou, conferi a placa, e quando ele parou, me surpreendeu o som do rádio: funk. Não que o rádio precisa estar sintonizado numa estação de música relaxante ou que toca as melhores músicas do século passado. Mas é de praxe perguntar ao passageiro se deseja uma estação específica ou ter uma música mais genérica tocando.

Mas nem o motorista era genérico. Me surpreendeu o visual Vinícius: braços tatuados, pequeno cavanhaque, cabelo curto e bem cortado, com riscos e detalhes. Imaginei que tivesse uns 30 anos e poucos anos, mas comecei a pensar como descobrir porque ele estava trabalhando de motorista de aplicativo.

Após alguns minutos de conversa, chegamos ao que interessa: ele exerce a profissão de barbeiro há mais de 12 anos, com seu próprio salão em Itaquera. E foi enfático em dizer que tem muita experiência, que já atuava na área quando surgiu essa moda de barbearia gourmet, com bebida ou bilhar junto.

Mas o que o levou a trabalhar como motorista de aplicativo? Será que o surgimento de várias barbearias atrapalhou seu negócio?

Logo as perguntas foram respondidas. Vinicius acredita até que a concorrência o ajudou, aumento o movimento, pois mais gente procurou o corte de cabelo ou barba, com desenho, estilo moderno.

Mas ainda ficava a dúvida do motivo de trabalhar na rua... A resposta não podia ser mais sincera: ele queria um carro novo e o trabalho de motorista o ajudou a conquistar seu sonho. Ele começa a trabalhar no período da tarde no seu salão, vai até umas 20 horas, quando acabava o movimento, e depois parte para a rua. Como tem um sócio no salão, que fica na parte da manhã atendendo os clientes, consegue adequar os dois trabalhos sem problemas.

“Consigo tirar uns 5 mil por mês aqui, o que ajuda num investimento no salão, caso preciso comprar algo”

“Às vezes, uma semana mais fraca no salão, eu compenso no aplicativo”, falou ele, com certeza de estar fazendo um bom negócio. “Consigo tirar uns 5 mil por mês aqui, o que ajuda num investimento no salão, caso preciso comprar algo”, completou, enquanto mexia no som do carro, para buscar um outro funk.

Percebi em seu depoimento informal a alegria de estar no seu carro novinho. “Já aluguei carro, mas preferi ter o meu próprio, para usar quando quiser”, finalizou ele, já aceitando outra corrida que piscou no celular.

Desejei bom trabalho na noite que só estava começando e sucesso nos cortes de cabelos em seu salão. Ele me agradeceu e partiu na rua escura com seu carro reluzente...



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