Você é um Chefe, um Gestor ou um Facilitador?
Aposto que você ainda não tinha parado para pensar nisso!!! Certo!? Eu também não, até alguns dias atrás...
Recentemente, me peguei pensando sobre o meu atual papel como gestor, em mais um cenário totalmente diferente de qualquer outro que eu já havia atuado (aliás, faz alguns anos que eu tenho atuado em cenários diferentes - e isto me move), e concluí que já não atuo mais como um gestor, mas sim como um facilitador... hoje minha função é facilitar o dia a dia das pessoas que trabalham comigo, ajudando a encontrarem soluções para os problemas que temos.
A partir desta conclusão, avaliei também a minha trajetória até aqui. Hoje, tenho 40 anos, trabalho desde os 14, mas no “mundo corporativo” posso considerar o meu ingresso a partir de 1999, ou seja, neste ano completo 20 anos de carreira em grandes empresas (confesso que é um pouco estranho pensar nisso). Neste ínterim eu vivi 3 grandes ciclos na carreira: a minha jornada dos “Chefes”, alguns bons anos como Gestor e agora como Facilitador.
Começando pelos “chefes”, com a conotação mais folclórica sobre o termo, tive alguns deles durante esta jornada. Aquele chefe que manda porque pode e você obedece porque tem juízo. Aquele chefe que grita, que soca a mesa, que xinga e que não tem a menor preocupação com os seus “recursos”. Aquele chefe que vê as pessoas como peças, substituíveis a qualquer momento... peças incansáveis que não possuem vida fora do ambiente de trabalho, que não tem amigos, família ou momentos de lazer. A “equipe” são os “peões” que devem fazer o que ele manda, sem contestar e sem reclamar, já que devemos ser gratos por ter um emprego e a honra de “responder” para ele. Em uma das empresas que trabalhei, era costume dizerem que “eu sempre fui prego e levei na cabeça, agora que virei martelo vou bater também”...e assim a cultura dos “chefes” se perpetuava naquele lugar. Por uma coincidência foi exatamente nesta organização que eu recebi a minha primeira oportunidade como “chefe”, mas.... eu não queria ser chefe, não queria ser martelo, queria ser gestor! Assumi uma equipe grande de Analistas e Consultores, logo construímos uma relação de muita confiança, transparência e um ambiente seguro, onde todos podiam expressar suas ideias, críticas, dificuldades sem o menor temor de qualquer retaliação. No entanto, éramos uma ilha em um oceano de “chefes” e infelizmente não resistimos. Acabei saindo e indo para outra organização.
Esta nova organização era uma empresa multinacional, com uma cultura mais humana, com grande foco na meritocracia, mas sem aquele ambiente nocivo de altíssima competitividade. Muito pelo contrário, as pessoas se ajudavam, a comunicação era aberta e a relação com os gestores era fluída. Eu tinha acesso aos meus gestores a qualquer momento, as portas estavam sempre abertas (por exemplo, não era necessário ser “amigo” das secretárias e/ou assistentes para ter acesso a agenda de um Diretor). Fui para esta organização como um especialista, como um Gerente de Projeto “raiz”, sem equipe, para entregar um grande projeto global. Como essa vida é cheia de surpresas, com apenas três meses de empresa eu fui promovido para Gerente, assumi a área de projetos e alguns dos meus pares passaram a se reportar para mim, enfim, voltei a ser gestor. Lá sim, fui gestor na sua essência, primeiro porque eu não era especialista no foco de atuação da área, já a minha equipe era formada por “ninjas” no assunto. Todos muito bons no que faziam e muito jovens (Ninguém tinha mais do que 25 anos, além de mim!) e eu não podia contribuir tecnicamente, somente em ajuda-los a realizarem suas tarefas da melhor forma possível. Vários novos desafios, mas novamente, conseguimos criar um ambiente de muita confiança e o time performava muito bem! Sempre deleguei autoridade as pessoas que trabalhavam comigo, e as desafiava a fazerem o seu melhor, assumindo riscos, realizando suas atividades da melhor forma como acreditavam que devia ser feito (e não como eu direcionava), sem centralizar nada em mim. Resultado: era um time de altíssima performance e hoje praticamente todos eles estão em outras empresas, em posições de liderança, desafiando e transformando o status quo.
Após essa passagem, houve um turbilhão de distintos modelos de atuação na minha carreira. Me aventurei a trabalhar como consultor, passei por diversos trabalhos em diferentes países. Interagi com diversas equipes virtuais, rodei o mundo, voltei ao Brasil, passei por mais uma grande empresa multinacional...saí, voltei a trabalhar em um ambiente virtual e global, passei por mais alguns países novamente e agora estou de volta ao Brasil, no Banco Original. Ufa!!!!
Aqui me dei conta que, apesar de ter uma posição de gestor, com um Time relativamente grande, o foco do meu trabalho é muito mais amplo, ser gestor não basta. Meu propósito aqui é ser um facilitador, ajudar a equipe a trabalhar da forma mais fácil, simples e fluída possível (Um desafio imenso, no qual infelizmente, preciso atuar como “chefe” em alguns momentos). Ajudá-los a retirar os impedimentos do dia a dia, a manterem sua motivação sempre elevada, a explorarem suas competências e habilidades... além disto, também exercer o meu papel como gestor, para avaliar o desempenho de cada um, entender o momento de vida e de carreira de cada um, tentar ajuda-los a construir seu plano de desenvolvimento e algo até mais simples, mas que muitas vezes eu não tive isto dos meus gestores e, muito menos, dos meus “chefes”: estar disponível para ouvi-los e, genuinamente, querer ajuda-los.
Facilitar não é apenas orientar, e de forma alguma não é "mandar" (mesmo que em algumas situações seja necessário), mas entender o que está acontecendo e ajudar a encontrar as soluções possíveis, preferencialmente, com bom senso. Tirar o "sangue" do Time porque uma entrega está atrasada não é algo que deveria ser feito (Apesar de também ser necessário em alguns momentos), deve ser a exceção da exceção, embora acabe ocorrendo. Dar o "sangue" para algo ser entregue já é completamente diferente!!! Isso é muito bacana e acontece quando você realmente facilita as coisas e o Time "abraça" a ideia de entregar porque entende as razões, porque faz sentido e porque todos se sentirão orgulhosos por mais uma entrega. Facilitar é ajudar as pessoas a enxergarem porque estão aqui, porque acordam todos os dias para vir ao trabalho, porque estamos fazendo isso hoje e para onde isso nos levará (Não pode ser apenas por causa do salário no final do mês para pagar nossas contas... isso é muito pouco!). Facilitar é, no mínimo, não atrapalhar... é motivar as pessoas a colocarem suas ideias em prática, é confiar no trabalho que realizam, é dar a segurança para elas que quando der uma merda você vai estar ali para apoiar, já que você delegou, incentivou e comprou o risco junto com ela. Facilitar é ficar "behind the scenes" e deixar os holofotes para quem faz o trabalho de verdade, o Time... você apenas facilita as coisas.
Mais que um gestor, espero continuar tendo a oportunidade de ser um facilitador.
Senior Project Manager
5 aQue bom que essa característica está cada vez mais valorizada! Durante algum tempo, pensei que eu teria que me tornar "chefe"!
Delivery Manager
5 aAdorei Acilio! Direto ao ponto, a gente tem que ser na essência facilitador mesmo, não por ser só “bonzinho” mas porque o objetivo é entregar o máximo de valor aos acionistas e clientes e o time, que é o especialista, tem que ter todas as condições pra entregar não é? Simples assim, mas não tão fácil de alguns enxergarem... só na prática mesmo!
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5 aAcilio Marinello, parabéns pelo excelente texto. Sucesso Sempre! Abraço
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5 aMuito bom texto Acilio. Lúcido como sempre! Parabéns!