Você está na empresa CERTA ou só "empurrando com a barriga"?
“Eu não deixo de mostrar quem eu sou jamais, mas vou sendo aquela versão que as circunstâncias me permitem ser, sem passar por cima da minha verdade.”
A frase é de um vídeo sensacional da escritora e youtuber Jout Jout que inspirou a conversa que eu gostaria de ter com você neste artigo. E ela gira em torno de uma palavrinha-chave: adaptação.
Você, provavelmente, já percebeu que a vida é fluida demais para adotarmos posturas muito rígidas. Elas simplesmente não funcionam em um mundo onde tudo muda muito rápido e exige de nós flexibilidade para conseguirmos nos acomodar da melhor forma possível nas novas realidades que vão aparecendo.
O mesmo princípio vale para as empresas: quando trocamos um emprego por outro, a organização onde chegamos possui toda uma estrutura corporativa, com hierarquia e cultura definidas, que pede que os novatos se adaptem da melhor forma possível para que possam prosperar. O que não significa, conforme a Jout Jout tão bem pontuou, passar por cima dos nossos valores e de quem nós somos.
Percebe que estamos falando sobre a busca por um equilíbrio? Para isso, penso ser válido primeiro analisarmos os dois extremos de forma a encontrar o meio do caminho. Vejamos…
Quando você se adapta demais
Eu observo que existem nos dias de hoje alguns discursos perigosos em torno da resiliência, romantizando essa capacidade de conseguir superar as dificuldades independentemente de quantas delas apareçam no nosso caminho.
Claro que ser resiliente é importante para todos nós. Contudo, quando precisamos usar essa habilidade o tempo todo porque estamos convivendo em lugares que desrespeitam constantemente as nossas verdades e a nossa essência, isso pode ser extremamente prejudicial para a nossa saúde mental.
Vamos pensar que a adaptação é como se fosse um fio. É interessante que ele seja flexível para poder mudar de forma de acordo com o ambiente que estamos inseridos, mas, quando o forçamos para além do que ele aguenta, acaba se partindo. A partir desse momento, a gente se esquece completamente do que gostamos, das nossas prioridades e dos nossos objetivos de vida. Fomos tão além da nossa zona de conforto que nos perdemos.
Por isso que uma crise na carreira pode apontar algo muito mais profundo, até mesmo uma crise de identidade, que precisa ser tratada com ajuda de um profissional. Mas vou falar mais sobre isso em outro momento.
Por hora, o que eu quero ressaltar é o seguinte: na empresa onde você atua, mostre a sua versão que cabe para aquele contexto, mas sem deixar de ser quem é. Jamais perca de vista o seu borogodó, aquilo que faz você ser único e especial.
Quer ver um exemplo pessoal? Já me disseram uma vez em um lugar onde eu trabalhei que eu era “feliz demais”. E não, não foi um elogio, rs. Era um ambiente em que a extroversão e a empolgação não eram bem-vistas, e eu até tentei me adaptar, mas depois percebi que eu estava me ferindo e passando por cima de valores que me constituem como ser humano.
Não respeitar os seus limites é uma autoagressão. Forçar-se a ficar em organizações que desrespeitam a sua essência também. Muito cuidado, ok?
Quando você se adapta de menos
Existe um discurso que algumas pessoas usam que diz mais ou menos o seguinte: “Eu sou quem eu sou, quem não gostar que se afaste.” Chega a dar arrepios precisar conviver com alguém assim, né? Imagina, então, contratá-la para um cargo dentro da minha empresa… Nem pensar!
Como eu disse lá no começo do artigo, o mundo no qual vivemos pede que a gente se adapte aos diferentes contextos por onde transitamos. Talvez eles peçam uma versão nossa mais organizada, mais responsável, mais empolgada, mais contida, mais espontânea… E nós vamos dançando conforme a música que está tocando no momento, ainda que sem perder de vista a totalidade de quem somos, que só a gente conhece de fato.
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Assim, é importante estar sempre exercitando a nossa flexibilidade de ideias, de visões, de atitudes e de opiniões, pois as posturas muito rígidas podem evitar não só a evolução cada vez maior na nossa vida pessoal e profissional, mas também que a gente abrace oportunidades muito interessantes para a carreira.
O autoconhecimento como ferramenta para encontrar o equilíbrio
Agora que exploramos os dois extremos do tema da nossa conversa, quero trazer uma pergunta: como podemos, então, encontrar o limite entre se adaptar demais e de menos?
É claro que, para mim, a resposta só pode ser: alimentando cada vez mais o nosso autoconhecimento . Essa é a palavra que tem o poder de nos fazer entender quais são as bases que nos constituem como pessoa e das quais nunca devemos nos afastar demais para que a nossa essência jamais se perca.
Lembra que eu falei que muitas vezes uma crise de carreira pode ser, na verdade, uma crise de identidade? Isso acontece quando não sabemos, por exemplo, quais são nossos valores, o que não abrimos mão e o que é inegociável para nós. Sem essas definições, é difícil dar os próximos passos, inclusive no desenvolvimento profissional.
Além disso, é o autoconhecimento que nos permite entender as raízes das nossas angústias em relação ao trabalho onde estamos. Assim, quando estamos apáticos, sem energia para as tarefas cotidianas e com o humor extremamente variável, temos as ferramentas necessárias para nos questionar o que esses sintomas estão apontando — que pode ser, inclusive, um alerta de que ultrapassamos nossos limites para além do que seria recomendado.
Vejo muitos profissionais acusando as empresas de “doentias”. De fato, algumas organizações possuem ambientes tóxicos que prejudicam, e muito, o bem-estar dos seus funcionários. Mas será que também não está na hora de assumirmos a responsabilidade pela nossa saúde mental e nos questionar se não fomos nós que nos deixamos adoecer por nos forçar demais dentro de ambientes que sabemos que não são bons para nós?
Precisamos ter a coragem de olhar para as nossas questões de forma muito mais profunda e, com isso, conseguir encontrar o equilíbrio entre nos adaptar aos diferentes contextos e seguir sendo fiéis a quem nós somos. E eu estou aqui para ajudar você com isso!
Com método e ciência, conduzo os meus clientes no desenvolvimento de suas carreiras para que possam ter uma vida de sucesso. A partir de um olhar especializado para as fundações que nos constituem, conseguimos, juntos, promover mudanças sustentáveis e conquistar os seus grandes objetivos.
Vamos que Vamos!
Renata Cox