Você já encontrou o seu Ikigai na advocacia?
Você já teve a estranha sensação de que, enquanto estava fazendo algo de que gosta muito, o tempo tenha parado?
E, enquanto você estava nesse momento, nenhum problema específico lhe veio à mente? Nenhuma lembrança, nem mesmo das pessoas que você mais ama?
Você simplesmente permaneceu no presente e vivenciou cada milésimo de segundo como se nada mais importasse?
Isso realmente pode acontecer com qualquer um e em momentos diversos.
Recentemente, assisti a um documentário que me tocou de uma forma especial e me fez pensar sobre esses momentos de total imersão.
O documentário em questão chama-se "The Lady in Number 6".
Trata-se de um curta-metragem dirigido por Malcolm Clarke e que venceu o Oscar em 2014.
Ele relata a história de Alice Herz-Sommer, uma pianista que passou pelo Holocausto graças à sua paixão pela música. Na realidade, o filme é quase uma entrevista com essa senhora.
Na época das filmagens, ela morava sozinha em seu apartamento e alegrava seus vizinhos tocando Bach, Beethoven, Mozart, entre outros, todos os dias.
A Senhora, já com idade bastante avançada, me passou a impressão de ser uma pessoa nitidamente iluminada.
Com um sorriso vigoroso no rosto, ela fazia questão de enfatizar que a coisa mais importante de sua vida era a música e que, por isso, ela tinha tudo o que precisava.
Até mesmo durante a guerra, quando foi levada para um campo de concentração, Alice Herz-Sommer conseguiu tocar para seus companheiros presos e até mesmo para os nazistas.
Assim, por causa de sua paixão pela música, de alguma forma, ela acabou sobrevivendo e passando por todas as dificuldades em sua vida, incluindo a perda do marido e do filho.
O filme, contudo, não fala sobre os nazistas e a perseguição aos Judeus, mas sim sobre como aquela senhora conseguia, mesmo estando com 109 anos, conduzir sua vida de forma tão alegre e vibrante.
E, em algum momento do filme, ela meio que responde a esse questionamento dizendo:
"Penso viver meus últimos dias, mas pouco importa, porque minha vida foi muito rica. E a vida é magnífica, a natureza e a música são magníficas. Tudo o que vivemos é um presente, um presente que devemos cultivar e dar àqueles que amamos."
Assistindo a um filme desses, é muito difícil não ficarmos admirados com tamanha sabedoria e não pararmos para refletir, ao menos um pouco, sobre a nossa vida.
Assim como a música foi a razão de viver da Senhora do Número 6, você já parou para pensar sobre qual seria o seu motivo para seguir em frente todos os dias?
No Japão, muito se utiliza do termo Ikigai justamente para expressar essa "razão de ser".
O Ikigai seria o motivo pelo qual você se sente motivado a levantar da cama todas as manhãs.
Todos nós temos sonhos, é claro, mas não é difícil nos esquecermos de nos perguntar o porquê de corrermos atrás desses sonhos.
Por que você quer ter um bem material específico? Por que você quer ser bem-sucedido? Por que você quer ter seu próprio escritório? Por que você quer ganhar os processos? Por que você quer ganhar dinheiro?
Penso que entender os motivos que te fazem levantar da cama todos os dias é fundamental para conhecermos nossas motivações internas duradouras.
O neurocientista Ken Mogi, em seu livro "IKIGAI: Os cinco passos para encontrar seu propósito de vida e ser mais feliz", explica que encontrar o seu Ikigai é encontrar seu motivo para viver.
Ken Mogi traz, de forma leve, diversos aspectos da cultura japonesa e vai tecendo os cinco passos para encontrarmos nosso Ikigai por meio de exemplos corriqueiros da vida dos moradores da terra do sol nascente.
Contudo, salienta o autor que tais exemplos podem ser aplicados na vida de qualquer pessoa e em qualquer país.
E, o mais interessante, esses cinco passos não são nenhum tipo de fórmula mágica, como as que encontramos em muitos manuais de autoajuda.
Na realidade, eles são mais parecidos com princípios ou preceitos que podemos cultivar em nosso dia a dia.
São cinco orientações que, ao longo de nossa vida diária, nos ajudarão a encontrar o nosso Ikigai.
Vamos a eles:
OS CINCO PASSOS PARA ENCONTRAR O SEU PROPÓSITO
PASSO 01 – COMEÇAR PEQUENO
O primeiro passo diz que devemos nos livrar da mania de grandeza.
Queremos tantas coisas ao mesmo tempo e, no final, acabamos não tendo nada.
Sonhamos com coisas grandiosas, e nosso senso imediatista quer tudo para agora.
Contudo, essa fome exagerada por grandeza acaba fomentando nossa ansiedade, mal tão comum nos dias de hoje.
Então, foque no primeiro passo e depois no seguinte e assim sucessivamente. Cresça 1% todos os dias e de forma constante.
É melhor fazer pouco todos os dias do que fazer muito esporadicamente.
PASSO 2 – LIBERTE-SE
O segundo passo diz que devemos nos libertar de ideias antigas. Devemos nos libertar de conceitos que não estejam alinhados com aquilo que queremos.
Aquilo que foi certo para uma determinada geração ou um grupo de pessoas pode não ser mais correto para os dias atuais.
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Ademais, nem tudo o que é bom para os outros pode ser bom para você.
Quem disse que temos que ter tantas coisas?
Essa coisa que você almeja é realmente uma necessidade sua ou dos outros?
Busque se libertar de ideias preconcebidas para que você possa encontrar o que é bom para você e não para os outros.
PASSO 03 – BUSCAR HARMONIA E SUSTENTABILIDADE
De nada adianta você encontrar o seu Ikigai se ele não trouxer harmonia para a sua vida.
Pode parecer contraditório, mas se a própria razão de sua vida estiver lhe causando algum tipo de transtorno ou perturbação, ela deve ser abandonada.
O seu Ikigai precisa ser sustentável a longo prazo. E isso vale tanto para questões financeiras quanto para questões de saúde física e mental.
O Ikigai deve ser algo perene e estável.
Por isso, pergunte-se:
Será que isso que eu quero é sustentável a longo prazo?
Será que essa atividade vai poder se manter ao longo do tempo?
Vou conseguir tirar meu sustento disso?
Vou manter minha saúde física e mental?
PASSO 4 – TER ALEGRIA NAS PEQUENAS COISAS
O quarto passo é não limitar a sua felicidade ao cumprimento final de grandes objetivos.
Vejamos, por exemplo, os alpinistas.
Muitos deles dizem que, quando chegam ao topo de uma montanha, acabam permanecendo lá por poucos minutos, mesmo que tenham levado dias ou semanas para alcançá-lo.
O caminho precisa ser até mais gratificante do que o objetivo final. Se a sua rotina está ruim e você não sente prazer nela, algo precisa ser feito.
Se você faz um curso, por exemplo, e só sente prazer quando recebe o diploma, algo está errado. Você precisa ter alegria a cada dia que se sentar para estudar.
Se você se permite ter alegria somente ao realizar grandes feitos, na verdade está se condenando a ter uma vida de insatisfação por apenas alguns momentos de alegria.
PASSO 05 – ESTAR NO AQUI E NO AGORA
Por último, temos que aprender a viver o momento presente. Aprender a aproveitar toda a jornada.
O monge Genshô conta em seu livro "O Caminho Zen" uma pequena história sobre o tema, que diz:
“Certa vez, perguntaram a um mestre:
Ele respondeu:
E o discípulo disse:
E o Mestre respondeu:
Veja que, de fato, quando estamos comendo ou fazendo qualquer outra coisa, estamos, na verdade, envoltos em nossos problemas e pensando em tantas coisas que não prestamos atenção, por exemplo, no simples sabor dos alimentos.
Se nunca estamos satisfeitos com o agora, estamos sempre querendo alguma outra coisa, e essa é a principal causa do sofrimento.
Se estamos no presente, não existe querer, existe apenas o aqui e o agora.
Diante desses cinco passos, é possível nos perguntar:
Deixe um curtir se gostou do texto e escreva nos comentários se você já encontrou o seu Ikigai.
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