Você já foi impactado pela IA hoje?

Você já foi impactado pela IA hoje?

Que a Inteligência Artificial está reconfigurando alguns padrões organizacionais e ajudando a destravar a criatividade e a inovação nos indivíduos, isso parece que todos já temos certa ‘clareza’.

Mas, essa mesma tecnologia, que aprende de vastos conjuntos de dados e contribui substancialmente para avanços em áreas importantes da sociedade, como medicina, engenharia e robótica, também suscita questões éticas e sociais profundas. No texto abaixo procuro abordar os impactos emocionais que o uso excessivo e sem responsabilidade dessa tecnologia pode causar na sociedade e, a partir disso, quais os desafios éticos que temos pela frente.

Sem a pretensão de ser conclusivo e muito menos de estressar o assunto, trago apenas pequenos insights que chegam a partir da experiência diária com leituras e a participação em fóruns de discussão sobre o tema.

Permitam-me expressar um pouco minha criatividade na escrita, antes que a IA faça isso por mim 😊.

Impactos Emocionais: A interação com a IA pode ser uma fonte de inspiração como vimos acima, ampliando as possibilidades criativas para artistas e empreendedores, principalmente os nativos digitais, que tem na inovação, seu principal diferencial competitivo. A aposta na chamada geração Alpha (nascidos a partir de 2011), por exemplo, é de que tenham seus valores muito alicerçados em tecnologia, sustentabilidade e na inclusão, tudo muito natural, pois são, até agora, a geração mais tecnologicamente imersa na IA, realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e realidade mista (MR). No entanto, essa mesma tecnologia que está a serviço do bem, tem seu lado sobra, e pode gerar ansiedade e questionamentos sobre a relevância da contribuição humana em um futuro cada vez mais automatizado. Essa dualidade se reflete na saúde mental, onde a tecnologia pode exacerbar sentimentos de isolamento ou questionamentos sobre a autenticidade das interações sociais.

Especialistas como Sherry Turkle (Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other) alertam para o enfraquecimento de relações humanas autênticas, à medida que as pessoas e gerações inteiras, podem se tornar mais dependentes de interações virtuais. Isso pode levar a sentimentos de isolamento e solidão, apesar da aparente conexão constante. Além disso, a constante vigilância e análise de dados por sistemas de IA podem aumentar a ansiedade e o medo de perda de privacidade, como discutido por Yuval Noah Harari (21 lições para o século 21). A pressão para se manter constantemente atualizado com as novas tecnologias também pode resultar em estresse e exaustão digital. O psicólogo Adam Alter (Irresistível: Por que você é viciado em tecnologia e como lidar com ela) explora como a interação constante com dispositivos inteligentes afeta nossa capacidade de concentração e bem-estar emocional.

De forma resumida, a IA oferece e continuará oferecendo, cada vez mais e de forma exponencial, inúmeros benefícios à sociedade. No entanto, seu uso desmedido e sem responsabilidade pode ter consequências profundas no tecido emocional e social de toda uma geração que, um dia comandará os destinos da humanidade, como lidar com tudo isso? certamente o tempo nos mostrará os caminhos, mas, é preciso que fiquemos atentos, enfatizando a prática constante da reflexão e da atenção à conduta moral e ética que são os grandes desafios da vida.

Falando em desafios, discussões sobre as questões Sociais e Éticas, são estimuladas e travadas nos ambientes acadêmicos e empresariais, na mesma velocidade que a tecnologia de IA cresce.

Timnit Gebru, ex-pesquisadora da Google e especialista em ética da IA, ascende o debate ético, em particular, discutindo assuntos sobre a autenticidade e originalidade do conteúdo gerado pela IA. Segundo a autora é crucial estressar o tema sob todos os vieses (social, cultural, tecnológico, cognitivo) para entender as implicações dessas tecnologias.

Já vimos que, socialmente, a tecnologia de IA tem o potencial tanto de unir quanto de dividir, influenciando a dinâmica do trabalho, a educação e a comunicação. A propagação de desinformação e o potencial de uso indevido intensificam a necessidade de regulamentações claras e uma conscientização coletiva sobre o uso ético dessas ferramentas. Eli Pariser (The Filter Bubble: What the Internet Is Hiding from You), aborda, na sua obra, como os algoritmos de personalização na internet podem isolar indivíduos em bolhas de informação, limitando a exposição a pontos de vista divergentes e potencialmente exacerbando a divisão social. Experimentamos, na vida real, um pouco desse efeito nas eleições americanas de 2016 e 2020, com acalorados debates de especialistas do tema. Um pouco mais perto de casa, as eleições no Brasil, em 2022, já mostraram de como esse tema é sensível e carece de disciplina urgente.

Corroborando com Pariser, a autora Danah Boyd (It's Complicated: The Social Lives of Networked Teens) analisa como os jovens das gerações Z e Alfha, interagem com a tecnologia e as redes sociais, destacando tanto as oportunidades de conexão quanto os riscos de desinformação e mal-entendidos.

Ainda falando sobre questões éticas o Impacto na Educação e no Trabalho, a partir do crescimento da IA Generativa pode transformar o aprendizado e as relações de trabalho, como é possível ver na obra de Kai-Fu Lee e Chen Qiufan (2041: Como a inteligência artificial vai mudar sua vida nas próximas décadas), em seus ‘contos’ magníficos, ambientados em 2041, os autores mostram possibilidades de um mundo completamente diverso de tudo que já experimentamos, simulando situações do cotidiano e as questões éticas e morais envolvidas.

Para não me alongar 😊, estou convencido que a IA é, sem dúvidas, um campo promissor que desafia as fronteiras da inovação e da interação humana. No entanto, seu desenvolvimento e implementação devem ser acompanhados de um diálogo ético e regulatório ativo, garantindo que seu avanço beneficie a sociedade de forma equitativa. O futuro dessa tecnologia depende de como equilibraremos suas capacidades transformadoras com a preservação de valores humanos fundamentais, preparando o terreno para um legado positivo de progresso tecnológico e bem-estar social, ou corremos o risco de ser mais uma ‘bolha’ estourada por falta de gestão, como aconteceu nos anos 40, quando Warren McCulloch e Walter Pitts criaram o primeiro modelo computacional para redes neurais da história.

Luiz Antonio Pharol

Desenvolvendo Valores & Formando Vencedores.

9 m

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