Você já se estressou no trânsito?
E o que isso tem a ver com trabalho...
Ponto 1.
Outro dia, conversava com meu cunhado, que é motorista de ambulância. Ele reclamava, com razão, dos motoristas que dirigem o tempo todo na faixa da esquerda. “Faixa da esquerda não pra andar direto, pô”, dizia ele. “Não é faixa de rolamento. É faixa de ultrapassagem, e só. Aí a gente está com o paciente na ambulância e tem que ficar esperando o ‘bonito’ ter a bondade de te dar passagem”.
Ponto 2.
Li, após a conversa acima, uma matéria falando sobre trânsito. Segundo a matéria, faixa da esquerda não é faixa de rolamento (ponto pro cunhado), e também que você não tem o direito de controlar a velocidade dos outros. A lei estipula que é obrigatório seguir a velocidade máxima indicada, mas, é livre arbítrio do outro andar a mais que aquilo – e arcar com as multas depois. Se ele está mais rápido, dê a passagem. Ele pode até mesmo estar com uma urgência e você não sabe.
O que me aconteceu.
Na última sexta-feira precisei pegar estrada. BR-116, Rodovia Presidente Dutra. Quem conhece, sabe do intenso trânsito e do stress que é dirigir ali. A pessoa vem dirigindo pela Dom Pedro, ou Carvalho Pinto e tudo bem. Flui. Chega na Dutra e o Pateta (para quem lembra da referência 😊) aparece. Andava tranquilão até sair da alça de acesso e entrar na Dutra. Agora ele precisa ultrapassar todo mundo. Ele não pode mais esperar.
(Mea culpa: eu chego perto do mesmo tipo de comportamento. Fico ansioso se estou a 110 Km/h e o carro da frente vai a 105 Km/h…)
Mas, resolvi dirigir diferente dessa vez. Fiz um esforço consciente de andar pela faixa da direita e usar a esquerda só quando precisasse ultrapassar. Amigo, como diminuiu minha ansiedade. Até minha esposa notou. Os outros não mudaram nada, mas, meu resultado foi muito mais tranquilo. Gastei o mesmo tempo. Cheguei ao mesmo lugar.
O que isso tem a ver com a vida profissional?
Você provavelmente já viu a “disputa” entre dois profissionais, o constante discordar entre duas pessoas, simplesmente porque elas são e pensam (ainda bem) diferente. Às vezes, a coisa fica tão complicada que, por mais que a ideia de um seja excelente, o outro tem dificuldade de aceitar – não pela ideia em si, mas, por quem a deu.
“Ah, mas, Fulano isso…”, “Cara, aquela pessoa aquilo…”, “Tá vendo? Nunca aceita minhas ideias!”
Eu não posso controlar o outro, mas, posso controlar como reajo ao outro.
Exercite seu cérebro a entender que a pessoa não discorda “de você”, mas, da sua ideia. Ande um pouco pela faixa da direita e tente encarar a situação por outra perspectiva. Seu algoz pode ter um motivo plausível para discordar.
Pergunte-se: "Por que ele se comporta assim, ou pensa deste modo?", "Será que viu algo que eu não vi?", "O que EU posso fazer para influenciar o comportamento dele?"
Mude sua forma de falar: de impositivo a persuasivo. Ao invés de afirmar, coloque sua ideia com uma pergunta “e se a gente…?”. O Design Thinking tem uma técnica muito boa para criticar. Primeiro, você precisa dizer duas coisas que gostou da ideia; depois introduzir seu ponto dizendo "eu acho que...". Veja o esforço de encontrar dois pontos positivos antes de colocar o seu ponto de melhoria.
Não é fácil. Mas, já vi pessoas conseguirem muito progresso com este exercício. Já vi relações mudarem e bons profissionais voltarem a interagir bem, sem, necessariamente passarem a gostar um do outro.
Se no trânsito, mudar de faixa tirou o meu stress, imagina os benefícios que pode me trazer no trabalho! Não preciso manter sempre a minha posição; posso ser mais flexível e viver mais feliz assim.
Dirija com segurança!
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5 aCesar Augusto - Green Belt, CSM , belo artigo! A analogia entre a nossa postura no trânsito X a postura no ambiente de trabalho faz total sentido. Anos atrás por falta de maturidade profissional e talvez pela influência dos chefes, digo chefe pois não considero que uma pessoa com essa postura possa ser considerada um Líder não é mesmo? Eu era uma pessoa inflexível para determinadas mudanças ou para enxergar os pontos positivos de uma opinião contrária a minha. Pois bem, ao passar dos anos conheci pessoas incríveis, que, de uma forma suscinta me mostraram como mudar esse estilo inflexível e sou grato a elas por isto. Hoje sou uma pessoa melhor e consequentemente um marido melhor e um profissional melhor. A mudança do meu mindset meu trouxe inúmeros benefícios! Abraços