Você sabe o que é WeWOM? Os seus funcionários sabem.

Descobri o WeWOM com a Ana Lúcia do Nascimento durante as aulas no MBA RH da PUC. No processo de aprendizagem também valem as parcerias conversacionais. Professores também são aprendizes! Segue abaixo texto escrito por ela:

Você sabe o que é WeWOM? Os seus funcionários sabem.

(Por Ana Lúcia do Nascimento)

"Buscava na sabedoria das multidões mais informações para fazer sua escolha. Com alguns toques no celular, descobriu que o local era espaçoso, em endereço nobre, próximo a restaurantes e farto comércio. Ficou feliz em saber que o café da manhã era cortesia da casa, assim como o estacionamento. Equipe bilíngue e prestativa tornava o ambiente ainda mais acolhedor. O hotel perfeito para passar as próximas férias? Não. Eram atributos de uma boa empresa para se trabalhar, de acordo com avaliações de colaboradores que passaram por lá, compartilhadas em sites de empregos como Glassdoor e Love Mondays. No que se convencionou chamar de WeWOM (worker electronic word of mouth), cada vez mais profissionais têm buscado no boca a boca eletrônico um aliado estratégico na hora de avaliar uma proposta de emprego.

Não precisa ir longe para entender a comparação com sites de viagem como TripAdvisor, Booking e similares. Afinal, quando foi a última vez que você reservou uma hospedagem sem antes dar uma olhadinha nas avaliações postadas por outros viajantes? A reputação nestes ambientes é fruto de avaliações anônimas de usuários, propiciando uma informação mais realista e autêntica - ou como diriam nossos amigos millenials, #semfiltro.

É claro que o que se posta – e o que se busca – é muito mais do que informações superficiais sobre o local de trabalho. Todos os dias, milhares de pessoas visitam estes sites em busca de informações sobre práticas de RH, remuneração e benefícios, oportunidades de desenvolvimento, perfil da liderança e cultura organizacional, entre outros assuntos. Mais do que isso, eles procuram uma perspectiva mais transparente sobre a nova organização a que planejam se juntar para fazerem escolhas mais conscientes. Bom para eles, melhor para o RH, certo? Seria, se o RH já tivesse entrado nesse jogo.

Criado por veteranos do Expedia em 2008, o Glassdoor reúne hoje mais de 30 milhões de usuários cadastrados – o dobro da população da Bahia. Pelo menos 500 mil empresas já foram avaliadas lá. O curioso é que, apesar dos números impressionantes, ainda são poucas (menos de 15%) as organizações que mantém uma presença ativa no site, ou seja, administram seus próprios perfis e interagem proativamente com os visitantes. Com isso, perdem o que há de mais interessante neste tipo de ambiente, que é a oportunidade de estabelecer um canal aberto com candidatos para conversar com eles, conhecê-los melhor.

Ainda há bastante espaço a ser explorado neste tipo de ambiente, com potencial enorme para enriquecer a estratégia de marca empregadora das organizações. Engajar talentos no espaço onde eles procuram transparência para tomar decisões informadas pode ajudar a reduzir o gap entre promessa e realidade tão comum em processos de recrutamento, aproximando aqueles candidatos que realmente se identificam com a cultura da empresa. Seu indicador de turn over agradece.

Pronto para começar? Veja abaixo 6 dicas para administrar um perfil campeão no Glassdoor:

1.      Entre na conversa: Uma conta gratuita permite criar um perfil da empresa com informações, fotos e vídeos do ambiente de trabalho, depoimentos etc. Aproveite esta oportunidade para mostrar o DNA da empresa, revelar mais detalhes sobre sua cultura e interagir com talentos e candidatos em potencial. Pense que estão falando sobre você na rede, e esta é a sua oportunidade de entrar na conversa e estabelecer uma narrativa.

2.      Acolha os feedbacks: Ao responder a comentários sobre a empresa, sejam eles bons ou ruins, agradeça o interesse do profissional em compartilhar a opinião e, caso haja críticas, não se coloque na defensiva. Traga exemplos que ilustrem os seus comentários e mantenha um tom cordial.

3.      Demonstre abertura: A forma como uma organização lida com as críticas diz muito sobre ela. Se quiser ir ainda mais longe, mostre-se interessado, oferecendo até mesmo um convite ao funcionário para vir ao escritório tomar um café e discutir o feedback. Sua preocupação em promover um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado certamente chamará a atenção dos candidatos em potencial.

4.      Meça e avalie: através da sua conta, é possível acessar métricas e dados demográficos sobre candidatos e as empresas que eles buscam, saber quais são as vagas mais procuradas, etc. Aproveite estas informações valiosas para construir indicadores para sua estratégia de marca empregadora.

5.      Amplie o coro: estimule seus colaboradores a atuarem como embaixadores da marca e convide-os a compartilhar suas avaliações sobre a empresa. Muitos acreditam que sites como o Glassdoor são um muro das lamentações, mas pelo menos dois terços do que é compartilhado lá é neutro ou positivo. Trazer mais vozes para o coro apenas corroborará a mensagem transmitida no seu perfil.

6.      Vá mais fundo: Avaliações anônimas podem trazem informações valiosas sobre problemas reais da organização que às vezes não são capturados em pesquisas de clima ou entrevistas de desligamento. Este input poderá apoiar estratégias de recrutamento, direcionando ações de marca empregadora que enderecem alguma percepção negativa, ou mesmo preparando proativamente recrutadores para contornar perguntas críticas levantadas durante o processo seletivo."