Você trabalha ou frequenta o ambiente de trabalho?
Gostaria de iniciar essa reflexão contemplando 02 relatos que presenciei durante os processos de consultoria. O primeiro deles é sobre uma recepcionista de uma empresa de médio porte. Ela evidenciou-me que no ambiente de trabalho, os superiores entendiam que ela ficava só por conta de atender telefone e clientes externos e que sempre sobrava tempo para desenvolver outras tarefas da empresa. Mediante este contexto os responsáveis pelos setores sempre passavam altas demandas para a recepcionista, tais como: preenchimento de planilhas, controle de indicadores, acompanhamento de produção, entre outros. Em uma das ocasiões a recepcionista relatou-me que a rotina de trabalho estava tão sobrecarregada que mal tinha tempo para ir no banheiro de tanto serviço. Num segundo relato evidenciei um gerente de produção comentando com um líder de setor que era proibido funcionário ficar “parado” e que se a empresa estava pagando salário, eles tinham que se movimentarem por 8 horas diárias sem parar.
A partir destes relatos torna-se evidente que no contexto organizacional todos os colaboradores são contratados pelas empresas para gerar resultados e que a ociosidade não combina com resultados. Por outro lado, vale ressaltar também que ocupação demais não é sinônimo de produtividade e resultado. Muitas vezes, o que vemos nas organizações são pessoas ocupadas de mais e produtivas de menos. É muito trabalho e pouco resultado. Cabe aqui alguns questionamentos: Estamos sendo produtivos no ambiente de trabalho? Qual a taxa de conversão entre ocupação e produtividade? Estamos conseguindo organizar as nossas atividades diárias? Em uma jornada de trabalho de 8h, durante quanto tempo estamos sendo produtivos? Você realmente está trabalhando ou simplesmente frequentando um ambiente de trabalho?
No mercado atual evidencia-se 02 variáveis que muitas vezes comprometem as rotinas de trabalho: custo e tempo. Na proposta de custo quantas vezes já evidenciamos demissões de funcionários e a empresa praticamente redistribuiu a tarefa com os demais em vez de contratar outro profissional? Na proposta do tempo são inúmeros os relatos dentro das organizações de que a jornada diária de trabalho não é suficiente para que o profissional desenvolva todas as atividades propostas para o dia, fazendo com que ele priorize as que geram maior impacto e nos quais são cobrados para isso. As tarefas são muitas e o tempo e o recurso são escassos. Eis o dinamismo das organizações! Eis a realidade mercadológica!
Gosto muito de uma frase que se diz: “Não queira ser tudo para todos ao mesmo tempo. Caso contrário você não conseguirá ser nada para ninguém”. Esta frase é muito atual dentro das empresas. A carga de trabalho é muito alta, a cobrança é excessiva e muitas vezes o funcionário precisa ser polivalente e atender a todas as demandas solicitadas. Este cenário favorece muito para a ocupação, mas por outro lado a produtividade fica comprometida. Com isso, o funcionário torna-se meramente um executor de tarefas no ambiente de trabalho e não um trabalhador produtivo. Ressalvo que produtividade não é exclusivamente produzir mais, mas sim produzir melhor.
Sabe-se que os processos internos muitas vezes são inúmeros e normatizados e que para garantir uma melhor eficácia na entrega é preciso cumprir tudo o que se contempla nos padrões operacionais e para isso o controle surge como fundamental parâmetro de mensuração entre o planejado e executado. Não estou aqui evidenciando que todos os processos operacionais precisam ser agilizados. Aliás quando se busca alta agilidade, normalmente perde-se o controle no planejamento ou mesmo na execução. Não é de forma apressada que os processos devem ser conduzidos. Os processos precisam caminhar na velocidade correta, porém é preciso que a execução seja mais produtiva. O ambiente e o contexto precisam favorecer para uma maior produtividade dos trabalhadores.
Finalizo com 02 questionamentos: Como está o seu ambiente de trabalho em termos de produtividade? Você trabalha ou simplesmente frequenta o ambiente de trabalho? Se você nunca parou para se atentar a isso, eis a oportunidade. Faça o tempo trabalhar para você e alcance resultados extraordinários. Defina uma meta diária e sempre que possível delegue. Para as empresas, se possível, revisem as responsabilidades e os recursos oferecidos. A sobrecarga da rotina é capaz de privar a produtividade, os resultados e a saúde.
Pense nisso!
Gerente Educacional | Diretor de Escola | Gerente de Operações | EAD | Educação Profissional e Corporativa | Gestão de Pessoas e Negócios
6 aMuito bom Marcelo! A produtividade está comprometida nesses casos, por um lado o presencialismo causa improdutividade pelo fato de ser apenas um corpo presente, por outro lado a sobrecarga também é improdutiva por esgotar a energia física e mental e ainda pode elevar o absenteísmo. Engajamento, disciplina e dedicação nas medidas certas podem ser a receita!